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Coiote – O TRAPACEIRO

Você me enganou novamente!
Preciso parar um pouco
Para pensar
Por que você fez isto comigo…

Existem milhares de mitos e histórias a respeito do Coiote, o grande trapaceiro. Em muitas culturas nativas norte-americanas, o Coiote é chamado de Cachorro que Cura. Se você tirou esta carta, isto significa que algum tipo de lição está vindo ao seu encontro, e pode ser inclusive o tipo de lição que não será de seu agrado. Qualquer que seja o tipo de lição em questão, quer boa ou má, pode estar certo de que ela o fará sorrir, ainda que seja um riso amarelo e amargo. Pode estar certo igualmente de que o Coiote lhe ensinará uma boa lição a seu próprio respeito.

O Coiote possui muitos poderes de cura, mas nem sempre eles funcionam em seu próprio benefício, pois seu espírito trapaceiro às vezes acaba iludindo a si mesmo. Ninguém fica mais surpreso com o resultado de seus próprios truques do que o Coiote, que se torna então capaz de cair na armadilha que ele mesmo criou. Entretanto, de um jeito ou de outro, ele sempre sobrevive, muito embora seja incapaz de aprender com os próprios erros e logo esteja se encaminhando para um erro ainda maior. Ele pode perder uma batalha, mas nunca se considera derrotado.

O Coiote é um animal sagrado e, na insensatez de seus atos, vemos o reflexo de nossa própria insensatez. Ao caminhar de um desastre para outro, o Coiote vai aprimorando seus recursos de autossabotagem até chegar às raias da perfeição neste campo. Ninguém pode cegar os outros ou a si mesmo para a realidade com mais graça e facilidade do que este trapaceiro sagrado. Às vezes o Coiote se leva tão a sério que se toma incapaz de ver o óbvio: a locomotiva que está prestes a atropelá-lo. E por isso que ele não acredita quando o desastre ocorre, e nem mesmo depois… Ele é capaz de se perguntar – Foi mesmo uma locomotiva que me atropelou? Acho melhor dar mais uma olhada… -e lá vai ele de novo, rumo a um novo desastre!

A figura do Coiote simboliza o humor de todos os tempos, de todos os povos e de todas as eras. O grande humor cósmico não se aplica apenas a nós, mas a todos os demais seres humanos, caso eles pertençam ao totem do Coiote ou estejam sendo ludibriados por um membro deste totem. Uma pessoa do totem do Coiote será capaz de convencer a todos de que um Gambá tem odor de rosas. Porém, a verdade é que um Gambá cheira mal e continuará assim, apesar das afirmativas em contrário do Coiote.

Se você tirou a carta do Coiote, é sinal de que a época de descanso e despreocupação acabou. Preste atenção, pois seu castelo de areia pode ser destruído pelas ondas! Sua autoimagem pode ficar muito abalada. O divino trapaceiro está lhe preparando uma armadilha na qual você poderá cair, apesar de se achar esperto demais para ser enrolado pelos outros. O Coiote executa uma dança louca, incendeia o próprio rabo ao brincar com o fogo, atira-se num lago para não morrer queimado e com isso quase morre afogado. O Coiote é capaz de seduzir uma estátua de bronze, mas está sempre se metendo numa enrascada. Ele pensa que achou um osso, festeja ruidosamente, mas, quando vai verificar, descobre que se trata de uma serpente do deserto e que está fazendo papel de bobo diante de todos. Na verdade o Coiote é você, sou eu, somos todos nós, pulando de trapalhada em trapalhada, de bobeira em bobeira, de enrascada em enrascada em nossas vidas. O show ainda não acabou. Prepare-se para mais gargalhadas – muitas mais…

Tente penetrar imediatamente no âmago de suas experiências e indague a si mesmo por que razão está fazendo as coisas que tem feito. Você está sendo vítima da energia do Coiote e iludindo a si mesmo? Está tentando enganar um adversário? Alguém está tentando lhe passar a perna? Tem feito brincadeiras de mau gosto com seus amigos ou colegas de trabalho? Tem agido irracionalmente só pelo prazer de cometer desatinos e ridicularizar os outros? É capaz de prejudicar os outros só para se divertir?

Por outro lado, pode ser que você ainda não esteja totalmente consciente de que anda se iludindo, nem do papel que está fazendo. Você pode ter se incompatibilizado com sua família, seus amigos, seus colegas de trabalho ou com as pessoas de um modo geral e, ainda assim, continuar achando que sabe o que esta fazendo. Mas veja bem, Coiote, a verdade é que você já caiu em sua própria armadilha. Você criou uma maquinação inebriante, desconcertante e perturbadora que acabou confundindo até você mesmo.

Retire os óculos de prestidigitador e veja a verdade emergir com clareza novamente por trás da cortina de autossabotagem que você estendeu diante de seu rosto. Tenha então senso de humor suficiente para rir de seus próprios erros, truques e desacertos. Ria, pois o riso tem um efeito regenerador.

Caso não seja capaz de rir de você mesmo e de seus desatinos, você perdeu o jogo. O Coiote sempre surge em nossas vidas quando as coisas estão sérias demais. A eficácia da cura do Coiote reside justamente no riso e na brincadeira, capazes de abrir caminho para novos pontos de vista.

Se você é membro do totem do Coiote, pode usar seus talentos histriônicos para fazer rir seus bons amigos estressados, animar uma reunião social ou para quebrar o gelo numa conversa, com a maior facilidade. Seja capaz de ver o lado positivo das sabotagens que você mesmo perpetrou contra si próprio, pois elas podem ter servido para descartar aspectos indesejáveis de sua vida. Divirta-se, contando a alguém pedante e mentiroso que você acaba de retornar de St. Tropez em seu jatinho particular! Saiba rir e, sobretudo, saiba rir de si mesmo!

Gideon dos Lakotas

Fundador e idealizador da obra Céu Nossa Senhora da Conceição, materializou esta maravilhosa obra que trouxe tantos benefícios para a humanidade.
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