Herbário

Funcho

Originária da região do Mediterrâneo, norte da África e oeste da Ásia. Também conhecido como anis-doce ou maratro, foi introduzida no Brasil pelos primeiros colonos europeus, tamanha a importância medicinal que lhe atribuíam. De caule ereto, ramoso, dá pequenas flores amarelas e pode chegar a 2m de altura. Existem várias espécies e variedades de funcho, cujas sementes variam muito de sabor. É muito confundido com o anis, porque ambos recebem, em diferentes regiões, o nome de erva doce.

Foeniculum vulgare

Foeniculum vulgare

Nome Popular: Erva – doce, fiolho de florema, fiolho doce, erva – doce – de – cabeça, finochio, funcho – doce.

Família: Umbelliferae.

Indicações e Usos: Suas folhas são muito ricas em fibras (material importante para o bom funcionamento intestinal) e podem ser consumidas como verdura, em saladas cruas; contém boa quantidade de vitamina C, cálcio, fósforo e ferro, e doses menores de vitamina B. As folhas do funcho têm uma ação especial sobre as secreções das glândulas, notadamente sobre a formação de leite. Estimula a digestão impedindo a formação de gases intestinais. Considerada uma verdura “leve”, é indicada em todos os processos inflamatórios do estômago e intestinos. Também tem uma ação diurética. Suas sementes – que chamamos equivocadamente de “anis” – têm sabor doce, quase picante, e são muito usadas em bolos, doces, pães e licores. O chá das sementes tem um suave efeito expectorante (elimina catarros e secreções), combate cólicas e gases e ativa a formação do leite materno. No período da amamentação, esta erva estimula a produção de leite.

Mastigar sementes de funcho perfuma o hálito.

Aspectos Agronômicos: O funcho se propaga pela semente, a qual normalmente é plantada no local definitivo da cultura. Ele não deve ser cultivado perto de Coentro pois estas duas plantas se cruzam com facilidade e resultam em sementes de péssimas características aromáticas e sem as qualidades medicinais necessárias.

Em certos países o funcho se multiplica pela divisão de raízes, ou dos falsos – bulbos. A planta vegeta bem em climas temperados, frios e tropicais. Na verdade pode produzir bem em climas de boa radiação solar e relativamente quentes. O ideal seria climas amenos. O funcho prefere solos férteis, bem ensolarados, soltos, leves, capazes de serem convenientemente drenados, areno-argilosos, ou menos arenosos. Ele não se desenvolve em solos argilosos duros.
Não se deve colher com os frutos secos, pois, em razão da queda destes, há muita perda.

Parte Utilizada: Fruto, folha e raiz.

Constituintes Químicos:

– Frutos: 10 a 18% de óleo graxo: ácidos oléico, linoléico, palmítico e petroselínico.
– Óleo essencial 1,5 a 6%: Funchona (20%), anetol (50 a 87%), limoneno, ? – pineno, foeniculina.
– Açúcares: 4 a 5%.
– Mucilagens, pectinas, taninos.
– Ácidos clorogênicos e cafeico.
– Flavonoides, sais minerais, matérias proteicas.
– Folhas: flavonoides derivados da quercetina.
– Raízes: óleo essencial (0,12%).
– Ácidos orgânicos: málico, cítrico, cumário, cinâmico, ferrúlico, quínico.
– Sais minerais, compostos fenólicos, cumarinas, hidrocarbonetos terpênicos.

Origem: Regiões próximas ao Mediterrâneo.

Aspectos Históricos: O funcho é uma das ervas cultivadas mais antigas, e era muito apreciada pelos Romanos. Por isso, os gladiadores ferozes e rudes misturavam-no na sua ração diária, e aqueles que eram vencedores levavam uma coroa de funcho.
Quando participavam em muitos banquetes, os guerreiros romanos comiam funcho para se manterem de boa saúde, enquanto as damas romanas o ingeriam para combater a obesidade. Toda planta da semente a raiz é comestível.
Era uma das nove ervas sagradas para os Anglo – Saxões, devido aos seus poderes contra o mal. Além disso, tem propriedades curativas. Em 812 d.C., Carlos Magno declarou que o funcho era essencial em qualquer jardim imperial.

Uso:

* Fitoterápico:
Tem ação: carminativo, antiespasmódico, tônico, galactogogo, expectorante, emenagogo, estomáquico, estimulante, purificante, anti-inflamatório, rubefasciente, aromático.

Indicado em:

  • dismenorreia;
  • dores musculares e reumáticas;
  • anorexia;
  • bronquite e tosses;
  • distúrbios urinários;
  • problemas oculares: conjuntivite, inflamações;
  • distúrbios digestivos: dispepsias, flatulências, cólicas, diarréias, azia, vômitos.
  • estimulante de secreção láctea.
  • males dos rins.

* Farmacologia:
Devido aos óleos voláteis que contém, atua no aparelho digestivo, relaxando a musculatura estomáquica, aumentando o peristaltismo intestinal e reduzindo a produção de gases.
Favorece a secreção brônquica, removendo o excesso de muco do aparelho respiratório. Age prevenindo espasmos e cólicas do organismo. Estimula as funções biológicas. Seu teor em sais de potássio conferem-lhe propriedades diuréticas.
Favorece a secreção láctea, sendo muito útil na amamentação.
Estimula a dilatação dos capilares, aumentando a circulação cutânea. Em altas doses estimula o fluxo menstrual.

Uso Interno:
Frutos secos: 0,3 a 0,6g, três vezes ao dia por infusão.
Extrato fluido em 70% de álcool: 0,8 a 2mL três vezes ao dia.
Sementes: infuso: 10g em 1 litro de água fervente. Tomar 3 a 5 xícaras ao dia.
Pó: 0,5 a 1,0g, três vezes ao dia.
Tintura: 1 a 5mL por dose.
Essência: 1 a 10 gotas em solução alcoólica, 2 vezes por dia.
Raiz: decocto: 25g em 1 litro de água. Tomar 3 xícaras ao dia, no tratamento oligúria e gota.
Folhas: infuso: 30g por litro de água. Tomar 1 copo antes das refeições.
Vinho medicinal (tônico): macerar por dez dias 30g de sementes em 1 litro de vinho. Coar e tomar 1 cálice antes dormir.

Uso Externo:

Folhas: cataplasma
Óleo essencial: dentifrícios: como fortificante das gengivas.
Linimento: para dores musculares e reumáticas.
Sementes: banhos e vaporizações faciais.
Compressas do infuso nas inflamações oculares.

Bibliografia:
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– Bremness,L. Plantas Aromáticas. São Paulo: Civilização, 1993, p. 43.
– Corrêa,A.D.; Batista,R.S.; Quintas,L.E.M. Do Cultivo à Terapêutica. Plantas Medicinais. Petrópolis: Vozes, 1998, p.133-134.
– Francisco,I.; Hertwig,V. Plantas Aromáticas e Medicinais. São Paulo: Ícone, 1986, p. 266-273.
– Júnior,C.C.; Ming,L.C.; Scheffer,M.C. Cultivo de Plantas Medicinais, Condimentares e Aromáticas. Jaboticabal: Funep/Unesp, 2ªedição, 1994, p. 97.
– Martins,R.E.; Castro,D.M.; Castellani,D.C.; Dias,J.E. Plantas Medicinais. Viçosa: UFV, 2000, p. 129-130.
– Panizza,S. Cheiro de Mato. Plantas Que Curam. São Paulo: Ibrasa, 1998, p.109-110.
– Sanguinetti,E.E. Plantas Que Curam. Porto Alegre: Rígel, 2ªedição, 1989, p.122-123.
– Teske,M.; Trenttini,A.M.M. Compêndio de Fitoterapia. Paraná: Herbarium, 3ªedição, 1997, p. 136-138.

Gideon dos Lakotas

Fundador e idealizador da obra Céu Nossa Senhora da Conceição, materializou esta maravilhosa obra que trouxe tantos benefícios para a humanidade.
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