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Livro Má-Conha

Sumário

Dedicatória
Prefácio
I – Você daria maconha aos seus filhos? – 1ª Parte
– Imagens do cérebro de usuários e não usuários.
– Descriminalização da maconha
– Marchas suicidas
II – Apresentação
III – Por que a política de Redução de Danos não vai funcionar?
IV – Vamos para a Ciência e deixar de Ilusão? – 1ª Parte
Maconha e Saúde – I
Introdução
Maconha e Nutrição
Maconha e Imunidade
Maconha e Hormônios
Maconha e Gestação
Maconha e Mente
Maconha e Cérebro
Maconha e Imagens
Pesquisas Recentes
Anexo I – Outras Imagens

V – Você daria maconha aos seus filhos? – 2ª Parte
A rainha da escuridão em um caminho sem volta
(Relato do Psicoterapeuta e Jornalista Dr.José Joacir dos Santos)
Experiência (Revista Época)

VI – Vamos para a Ciência e deixar de Ilusão? – 2ª Parte

Maconha e Saúde – II
Introdução
Composição
Maconha e Sistema Cardiovascular
Maconha e Imunidade
Maconha e Hormônios
Maconha e Gestação
Maconha e Mente
Maconha e Cérebro
Maconha e Imagens
Maconha e Associações
Relatos
Anexo I – Figuras
Referências
VII – A opinião do mestre Osho.
Um aluno fala sobre a maconha e Osho responde
VIII – Você daria maconha aos seus filhos? – 3ª Parte
Uso de drogas nos rituais de santo daime.
(Carta de um de seus membros)
Carta de uma patricinha.
(Aos jovens e pais do Brasil)
IX – Um pouco da minha história.
Estudei pouco, mas sou formado e versado na escola da vida…
X – Minha primeira experiência com ayahuasca.
Depois um cristal de luz começou a se formar à minha frente. Era nítido, brilhante e me…
XI – O que gravei do Gideon Lakota naquela noite.
Só assim se entra no mundo de outro homem. Poder dialogar com ele dentro do mundo dele, é o melhor caminho para ajudá-lo…
Apêndice.

Dedicatória

Dedico este livro a todos os políticos sérios e conscienciosos que fazem o que é correto simplesmente por ser correto e sau-dável ao povo de seu país, recusando aquilo que embora pudesse lhe render mais votos, seria prejudicial ao desenvolvimento mental e espiritual dos que compõem uma nação.
Dedico este livro a todos os pais e mães frustados por terem o sonho da autorealização roubado pelas drogas na dependência quimica de seus filhos.
Dedico este livro a todos os pais e mães felizes que tiveram o sonho da autorealização concretizado pela lucidez de seus filhos que se tornaram melhores e mais prósperos do que seus pais foram.
Dedico este livro a Gideon Lakota e sua esposa Genecilda que faleceu, por terem sonhado com um mundo bem melhor e tornado muito melhor a vida de milhares de pais, mães e filhos, através da obra que fundaram.
Dedico este livro a todos aqueles que enxergarem através deste livro que qualquer homem, embora que simples, é capaz de encontrar meios, disposição e coragem de fazer a diferença e ter uma encarnação útil.

Prefácio

De braços cruzados não posso ficar, por isto resolvi escrever este livro. Tenho comigo um excelente compêndio sobre a maconha do ponto de vista científico e também filosófico que recolhi na internet por anos. Pedi ajuda aos amigos para poder escrever este livro, sei que tenho pouco estudo, conheço minhas limitações, mas tenho amigos. Pedi ao Juninho, ao Leonardo, a Angela e a Roseli, que ajudassem a na confecção deste livro. Todos se prontificaram e este livro foi escrito! Eu falei e eles digitaram, eu disse como enxergo e eles me ajudaram a por minha visão em palavras. Esta é a minha contribuição e estou muito feliz por ter encontrado uma forma de poder contribuir.
Me perguntaram uma vez se pitar Maconha Relaxa?
Respondi: Claro que relaxa! Pode ver que em via de regra o usuário de maconha é relaxado no serviço, relaxado nos estudos, relaxado em se ter um objetivo na vida, relaxado com a familia, e principalmente tem uma concentração e memória bem relaxada também. De fato o maconheiro é um ser muito relaxado!
Se observar a vida vai perceber que usuários de maconha são as pessoas de pouca visão e os desesperados.
Acha que estou exagerando? Me diga:
– Conhece alguém que melhorou seus estudos por pitar maconha?
– Conhece alguém que melhorou de vida por pitar maconha?
– Sabia que geralmente o traficante não se droga?
– Conhece algum dependente químico que é razão de orgulho para seus pais?
E sobre esta tal política de Redução de Danos, isto não vai funcionar, a vida mostra isto a qualquer um que observar com atenção. Toda esta história ao meu ver, não passa de alegações de quem tem algum interesse na liberação das drogas no Brasil. Acha que estou exagerando? Me diga:
– Conhece um só dependente químico ao menos que largou o craque ou a cocaína para se drogar só com a maconha?
– Já observou que os dependentes químicos em via de regra começaram com a maconha para só depois irem para drogas mais potentes?

Na vida conheci muitas pessoas que diziam que não eram usuários mas reconheciam que maconha não era mais prejudicial do que café, do que o tabaco e do que o choppe. Que respeita todo mundo e por isto nada tinha contrário a liberação da maconha. Que embora não fosse usuário, acreditava no poder divino da maconha se consagrada. O camarada em questão é frequentador de Rave e do santo daime do Sebastião Mota de Melo e me diz que não é usuário e coisa e tal, balela!
Acha que estou exagerando, que maconha não prejudica e ou é divina? Me diga:
– Você ofereceria maconha ao seu filho?

Otacílio Balbino

I – Você daria maconha aos seus filhos
ou só aos filhos dos outros?
1ª Parte

A seguir, algumas imagens realizadas através do método SPECT (AMEN, 2000; AMEN 2004).

Imagem de um Cérebro Normal (vista superior)

Vista da superfície inferior em usuários de maconha (severa redução das atividades em todas as localizações)
Paciente de 16 anos com histórico de 2 anos de uso de maconha – vista da superfície inferior

Paciente masculino de 16 anos com histórico de 2 anos de uso diário da maconha (observe as múltiplas áreas de acentuada diminuição da perfusão especialmente nos lobos temporais) – vista da superfície inferior

Paciente masculino de 44 anos com histórico de 12 anos de uso diário da maconha (observe a perfusão acentuadamente diminuída) – vista da superfície inferior

Paciente feminino de 32 anos com histórico de 12 anos de uso semanal da maconha (observe as áreas de perfusão diminuída nos lobos temporais mediais)

Paciente de 18 anos – histórico de 1 ano de uso, 4 vezes por semana (reduzida atividade do lobo periférico e temporal) – vista inferior

Paciente de 16 anos – histórico de 2 anos de uso diário da maconha (reduzida atividade do lobo periférico e temporal) – vista inferior

Paciente de 38 anos – histórico de 12 anos de uso diário da maconha (reduzida atividade do lobo periférico e temporal) – vista inferior

Paciente de 28 anos – histórico de 10 anos de uso nos finais de semana (reduzida atividade do lobo periférico e temporal) – vista inferior

Vista superior e inferior em usuários de maconha

Vista superior e inferior após 1 ano de abstenção (caso anterior)

Paciente de 16 anos com histórico de 3 anos de maconha – vista da superfície inferior

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Material extraído na internet, de autoria e montagem do Dr. Roberto Céar Leite (médico) e Dra. Renata Toedter Pospissil (nutricionista).?
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FHC defende descriminalização do uso da maconha
publicado em 22/08/2009 – 7:05 por Egídio Serpa
Da Folha de S. Paulo: O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, 78, afirmou sexta-feira, 21, que existir um “mundo sem drogas” é tão difícil quanto um “mundo sem sexo”. Presente à reunião de criação da Comissão Brasileira sobre Drogas e Democracia, no Rio, ele voltou a defender a descriminalização do uso da maconha, a adoção de política de redução de danos e o atendimento a usuário de drogas na rede pública de saúde. “Imaginar um mundo sem drogas é um objetivo difícil de alcançar. A humanidade sempre usou algum tipo de droga. Então, é como imaginar um mundo sem sexo. Nem o [ex-presidente norte-americano George W.] Bush.” FHC defendeu campanhas para desestimular o uso de drogas e sugeriu como modelo o bem avaliado programa de combate à Aids do Brasil. “Nossa luta foi, em vez de sem sexo, com sexo seguro. Mudou o paradigma. Foi-se para a TV ensinar como se usava camisinha em um país católico. […] Na época, nos EUA a ideia era não sexo. Aqui era sexo seguro”, disse, lembrando que o programa também adotou a distribuição de seringas como forma de redução de risco para usuários de drogas. O grupo criado ontem tem como inspiração a Comissão Latino-Americana sobre Drogas e Democracia, presidida por FHC e outros dois ex-presidentes: César Gaviria (Colômbia) e Ernesto Zedillo (México). O fórum reuniu na Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) representantes de diferentes setores, como a ministra do Supremo Tribunal Federal Ellen Gracie, o economista Edmar Bacha, a atriz Lilia Cabral e a presidente do Instituto Ayrton Senna, Viviane Senna. O presidente da fundação, Paulo Gadelha, presidirá a comissão. Gracie afirmou que seu papel no debate é “dizer o que é o direito posto e quais as possibilidades de sua alteração”. “Qualquer atitude deverá transcender nossas fronteiras porque temos compromissos firmados por tratados e convenções”. Na mesma linha de especialistas, FHC criticou a lei atual sobre drogas, de 2006, que não tem critérios objetivos para distinguir traficante de usuário. Não define, por exemplo, que quantidade de droga caracteriza alguém preso em flagrante, o que é crucial, pois o usuário não será preso -terá direito a penas alternativas. Durante seus dois mandatos (1995-2002), FHC não avançou no tema das drogas. A lei aprovada no Congresso em 2002 -e parcialmente vetada por ele- praticamente não distinguia o usuário do traficante. O tucano criou a Senad (Secretaria Nacional Antidrogas, atualmente de Políticas sobre Drogas), à época com caráter mais repressivo, sob o chefia de um militar, o general Alberto Cardoso -receita repetida pelo governo Lula e hoje criticada por entidades internacionais.
Matéria publicada por Egídio Serpa e extraída da internet
http://blogs.diariodonordeste.com.br/egidio/fhc-defende-discriminalizacao-do-uso-da-maconha/

Marchas suicidas: um “não” à marcha da maconha!
Elaborado em 04.2009.

Denílson Cardoso de Araújo
serventuário de Justiça do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro
Está programada para o início do mês de maio a versão 2009 da “Marcha da Maconha”. No ano passado, das 10 capitais brasileiras que acompanhariam o movimento internacional, apenas uma a realizou. Nas demais foi proibida por liminares obtidas na Justiça pelo Ministério Público. Muitas cidades, entretanto, viram atos públicos “pela liberdade de expressão”. Importantes lideranças (OAB, ABI, Juizes pela Democracia) se manifestaram contra a posição do Judiciário.
Cansado de observar mães desesperadas, famílias destroçadas e jovens sem futuro, presentes na memória muitas militâncias (miúdas, mas militâncias!) por direitos e liberdades, vi-me na obrigação de tentar entender a questão da liberação da maconha sob a ótica dos direitos e garantias. E para quem trabalha cotidianamente com as mazelas decorrentes da drogadição cada vez mais precoce, parece uma irresponsabilidade que se pretenda realizar um evento com os moldes da Marcha da Maconha.
Não há, absolutamente, nada de progressista no discurso mais radical pró-liberação ou descriminalização de drogas. Qualquer visão que assim defenda, é necessariamente parcial e redutora das mazelas conseqüentes. Os economistas imaginam poupanças ao Erário. Especialistas em segurança pública supõem a redução da criminalidade. O pessoal da área médica pretende impedir a subnotificação dos problemas causados pelo abuso de drogas. Piedosos pretendem trato mais humanitário ao dependente químico.
Entretanto, por mais que se tente provar o contrário, a experiência da liberação das drogas não deu certo nos países em que foi tentada. Não reduziu a criminalidade, incrementou o consumo e ampliou o mercado para drogas mais pesadas. No caso da Holanda, fomentou o narcoturismo que trouxe grandes problemas à população. As cidades que fazem fronteira com outros países da Europa, no ano passado, começaram a pressionar para revisão da política de liberação. Cansaram-se das invasões de finais de semana e dos tumultos provocados pelos muito peculiares narcoturistas.
Aliás, na Holanda, caminha-se para muitos revisionismos da tradição liberal que, após legalizar a prostituição, viu subir a decadência de áreas nobres de Amsterdã, bem como elevar-se o tráfico de escravas brancas; que após ser tolerante com sexo, viu crescer a força de partidos políticos pedófilos, que defendem o absurdo “direito de escolha da criança”; que, extremando as lutas pelos direitos de minorias, viu, na mesma praça, ser proibido caminhar com o cachorro sem coleira, mas ser possível praticar, sem repressão, sexo noturno ao ar livre; que, no afã de manter-se coerente com a liberalidade já desgastada, e ao mesmo tempo, cooperar com os esforços pela erradicação do tabaco, criou o mundo surreal em que é possível fumar maconha em seus cafés, mas ser expulso pelo consumo de cigarros comuns!
É bom que seja ressalvado que não defendo a punição do usuário, nos moldes antigos, em que ele recebia prisão precedida de extorsão policial ilegal e humilhante. Acho um avanço que
o usuário receba medidas educativas, mas corroboro a manutenção do porte na esfera criminal. O fato de ser questão também de saúde pública, não autoriza o abrandamento completo das formas de combate a um mal efetivo cada vez maior.
Pesquisas realizadas na Europa dão conta de que a esmagadora maioria dos europeus é contra a repetição da experiência holandesa. Plebiscito recente, na Suíça, deu vitória à política repressiva. Após um período breve de maior brandura, a Inglaterra reclassificou a maconha como droga pesada. A última reunião da ONU sobre o tema do combate às drogas, em março último, embora com muita polêmica e protestos, não só rejeitou a política de redução de danos, como manteve a recomendação de repressão ao tráfico e ao consumo das drogas.
A liberação para fins medicinais, no Canadá e nos Estados Unidos, como provaram reportagens esclarecedoras do jornalista Gilberto Dimenstein, resultou apenas em aumento do mercado de receitas e laudos médicos, que passaram a substituir determinados armamentos no bolso dos traficantes. A experiência portuguesa de liberar drogas para consumo próprio, estabelecendo uma cota diária de porte autorizado, apenas aumentou o mercado varejista, com os traficantes sendo muito zelosos de portar apenas a quantidade permitida. Em Portugal, as casas legislativas da Ilha da Madeira e de Açores, movimentaram-se para aprovar leis próprias, retomando a criminalização abandonada por lei federal, o que, certamente, terminará em discussão sobre constitucionalidade.
Fala-se muito no exemplo americano, onde a política repressiva não teria alcançado êxito em reprimir o consumo, já que lá se observa a maior população de usuários. Mas nunca se faz avaliação do quanto ocorreria de aumento nos níveis de drogadição americanos caso viesse a liberação. O EQUÍVOCO É IMAGINAR QUE A PROIBIÇÃO É QUE PROMOVE O CONSUMO. NÃO É!
Como diz o Professor Içami Tiba: “quem é feliz não usa drogas”! Patologias à parte, a busca pela droga é incrementada pela profunda insatisfação que aflige a humanidade, e a população dos Estados Unidos, em particular! A incerteza de um mundo sem empregos e oprimido pela ameaça das catástrofes ambientais; à deriva pela falência dos esquemas familiares tradicionais, pela falta de referências religiosas, pela quebra das utopias políticas, pelo excesso de informação trazido pela massificação midiática, pelo condicionamento de mentes e hábitos imposto pelo mercado publicitário; a prevalência do ‘ter’ sobre o ‘ser’ e a incessante busca de prazer imediato e vazio; são alguns dos fatores que impulsionam ao desconforto de si e à infelicidade, esta ampla ante-sala da busca por compensadores químicos.
Nossas crianças e adolescentes sofrem, cada vez mais abandonados à própria sorte, para serem criados pela mídia robotizante. Tudo porque, seguem as famílias, sem noção de seu papel de referência e autoridade, com casais derrotados pelo egoísmo do conforto pessoal de cada parceiro e pela indisposição ao sacrifício em prol da harmonia relacional, além da ditadura da busca incessante do prazer individual e supremo. Assim remetemos os casamentos à duração média, verificada pelo IBGE no Brasil, de apenas 10 anos. Por isso, as escolas tornaram-se barris de pólvora, recebendo a ingrata missão de, sem recursos, desentortar gente cuidadosamente entortada em casa. Neste quadro, é uma temeridade que, em um terreno assim fértil para desgraças, se permita a semeadura da cannabis.
Ao contrário do que se pretende, maconha mata sim. Se não pela overdose, apenas tecnicamente possível, morre-se pelo efeito “porta de entrada”, que leva às drogas mais pesadas; morre-se pela diminuição do senso crítico e da disposição para os virtuosos bons combates da vida; morre-se pelos efeitos diretos na saúde, dentre os quais, diversos tipos de câncer, inclusive, de bexiga e de pulmão; morre-se pelos danosos efeitos cerebrais que, além da destruição de neurônios, provocam diminuição da atenção e a possibilidade de graves acidentes de trânsito e de trabalho. Mas, acima de tudo, morre-se como humanidade, porque a maconha, lembremos, distrai das lutas e inabilita às reflexões necessárias a atitudes de combate à injustiça. Não esqueçamos que Gilberto Freire registrou que os senhores das senzalas brasileiras eram coniventes com o consumo de maconha pelos escravos, porque, assim, estes ficavam mais tranqüilos e inaptos a rebeliões.
Logo, não pode ser progressista uma proposta que esteriliza combatentes do progresso e da liberdade. Não pode ser progressista uma proposta defendida reiteradamente pelo mega-especulador George Soros e pelo jornal neo-liberal inglês The Economist. Chega ser feio ver militantes egressos dos anos 60 não perceberem o envelhecimento – maior do que uma ruga de Mick Jagger – do discurso que dava charme ao terceiro elemento do discutível paraíso de sexo e rock’n roll, que hoje se tornou martírio.
Muitos dos defensores da liberação da maconha se sustentam em argumentos de filósofos e pensadores como Stuart Mill, John Locke e Milton, por exemplo. Mas se as suas obras forem lidas com atenção, se verificará que nenhum deles defende liberdades absolutas. Liberdade absoluta não existe. Assim tem decidido o Supremo Tribunal Federal, quando afirma a relatividade dos direitos. Liberdade absoluta se torna ditadura, já que apenas alguns a possuirão ou se torna o caos, já que liberdades absolutas para todos redundarão em conflitos aniquiladores.
Aqueles autores, inclusive, ao contrário do que muitos pensam, jamais admitiram a liberdade de expressão completa, outra ilusão dos falsos progressistas. Montesquieu, por exemplo, admitia que se dissesse tudo em praça pública, exceto que se pregasse a destituição do governo legitimamente constituído. Stuart Mill, embora admitindo a possibilidade da embriaguez, desejava que se impedisse a propaganda dos produtos que a tanto pudessem levar. John Locke não admitia a propaganda do ateísmo. John Milton não queria que se desse voz pública aos católicos. Cada pensador, em sua época, condicionou o exercício das liberdades a uma fronteira em que não fossem atacados elementos estruturantes daquela sociedade à qual se dirigiam.
Por isso, numa sociedade oriunda do Iluminismo, Mill não queria o aumento do número de pessoas incapazes de reflexão racional. Locke, numa sociedade baseada em preceitos religiosos, não dispensava a fé como pilar do convívio humano. Aliás, mesmo pensamento de Tocqueville, que ao analisar as virtudes da democracia americana, viu como indispensável ao funcionamento do sistema, o freio moral oferecido pelo puritanismo, como elemento regulador das liberdades a serem praticadas. Milton, num país que se estruturou em torno do combate ao catolicismo, via como retrocesso a permissão de voz ao sistema religioso papista, que tanta opressão provocara.
Nos tempos contemporâneos, um exemplo desse cerceamento ao que possa ferir elementos fundantes da sociedade, é a vedação à propaganda do nazismo. A experiência do Holocausto e os milhões de mortos civis e militares na sangrenta guerra provocada por Hitler e sua megalomania histérica, deixaram a humanidade ressabiada. No Brasil mesmo, a lei contra crimes raciais proíbe a propaganda do nazismo e há julgados célebres do nosso Tribunal Maior em que foi cerceado o direito de expressão, impedindo-se a publicação de livros que divulgavam as propostas nazistas.
A liberdade de expressão é limitada também quando se impede que produtos para adultos sejam divulgados a menores de 18 anos, vedação absoluta, que não pode ser vencida nem mesmo pelo poder familiar. É que a proteção à infância e à juventude é esteio constitucional do Estado Democrático de Direito Brasileiro, que reconhece as peculiaridades da criança e do adolescente como seres em formação, merecedores de cuidados e para quem se exige não serem expostos a influências nocivas ao seu desenvolvimento.
Logo, se a maconha provoca graves danos à saúde, se não é uma proposta progressista, se temos uma sociedade que estimula irresponsavelmente a procura por compensadores químicos, se não é com anestésicos que resolveremos os cancros morais da humanidade, se a dignidade da pessoa humana, esteio da civilização, é atacada pela drogadição, se a liberdade de expressão não é absoluta, a “Marcha da Maconha” deve ser proibida.
Acresço, finalmente, o argumento mais simples e, sem dúvida, o mais importante. A lei proíbe a propaganda ou divulgação de substâncias que possam causar dependência química, a menores de dezoito anos. Os Juízes da Infância e da Juventude, quando concedem alvarás para eventos, devem zelar pelo cumprimento dessa ordem. Propagandas televisivas de cerveja, por exemplo, só podem ser exibidas a partir de determinado horário, visando impedir a assistência de crianças.
Logo, ainda que a pretexto de, meramente, abrir debates sobre a liberação das drogas, não é razoável que se permita a caminhada de pessoas que, como ocorreu na marcha de 2007, no Rio de Janeiro, poderão, não só estar defendendo a maconha, como, ainda, afirmando em cantos de guerra “Eu sou maconheiro com muito orgulho, com muito amor”!
E, ainda por cima – como, parece, voltará a ocorrer este ano – utilizando máscaras de personalidades que usam, usaram ou defenderam o uso ou a descriminalização do uso de maconha. Máscaras de FHC, Sérgio Cabral, Michael Phelps, Marcelo D2, dentre outros, já se encontram disponíveis para download na página do Coletivo Marcha da Maconha. Quem sabe criamos também uma página onde possamos colocar as máscaras das mães desesperadas, dos pais aflitos, dos garotos desdentados, dos jovens de cabeças estouradas, com aqueles olhos embaçados dos desesperançados, ou com a pequena face de tragédia cruel dos meninos e meninas que se prostituem na Cracolândia! E daí, uma inusitada caminhada em sentido contrário, com essas esfarrapadas máscaras de sofrimento, se encontraria com a saudável pequena burguesia mascarada que afirma estar pedindo o fim da “guerra aos pobres”! E isso quando se sabe que os mais altos índices de aprovação às políticas de descriminalização ou liberação de drogas não se encontram nas classes menos favorecidas – que esmagadoramente rejeitam tais propostas – mas sim nas classes abastadas. E, neste embate, fico com os rappers Gog, Rappin Hood e MV Bill, que já se manifestaram pela prioridade de liberar-se antes o feijão e a escola, para só então tratar-se da questão da maconha.
Que os debates se travem no âmbito universitário, nos auditórios do Congresso Nacional, nos Tribunais, em teses e debates nas publicações – e sempre sem a presença de menores de idade! Mas que não se permita a propaganda – ainda que indireta, sob a forma de defesa da rediscussão da lei – de produtos que levam desgraça aos lares brasileiros, na rua, à beira das praias e praças onde as famílias se reúnem.
Enquanto escrevo este artigo, estamos encaminhando à internação socioeducativa um garoto de 13 anos, viciado em crack. A mãe desempregada, grávida precoce, de família desfeita, miserável, chora, com o seu outro filho ao colo. O menino que desce para a crueldade de um presídio juvenil, porque o Estado não fornece outra ferramenta para solução de seu caso, começou usando maconha misturada com crack, o famoso “mesclado”, que já assombra as periferias brasileiras. O abismo está próximo. A partir de certo ponto, certas marchas de uns, viram o suicídio de todos.
Extraído da Internet
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=12650

II – Apresentação

Sou um homem comum, um homem do povo. Nasci em Mi- nas Gerais em sete de Março de 1953. Não tive formação acadêmica, sou um homem simples e um excelente mestre de obras. Ouvi dizer que o ex presidente da república Fernando Henrique Cardoso irá promover a liberação da maconha a partir de 2.011 através de uma bandeira politica nomeada “Redução de Danos”. Procurei me informar sobre o assunto e encontrei diversas reportagens que confirmam que Fernando Henrique defende a descriminalização desta droga, fiquei muito indignado!
Depopis me informando melhor sobre pitar maconha para redução de danos, soube o que é: Uma alegação de que o usuário de drogas faz um tratamento para largar as outras drogas e ficar só na maconha. Meu Deus, nem precisa ser estudado para saber que isto não vai funcionar! A maconha e o alcool são as portas de entradas para drogas mais pesadas, em geral o dependente quimico começou ou com o alcool ou com a maconha.Estudei pouco como já disse, mas sou formado e versado na escola da vida. Trabalahei como mestre de obras por toda uma vida, isto me fez lidar com todo tipo de gente. Trabalhei com gente muito boa e gente muito ruim. Sabiam que cadeeiros e foragidos da lei quase sempre buscam serviço de servente de pedreiro ou taxista? Mesmo dentre estes haviam boas pessoas que por um capricho da vida ou um momento de fraqueza ou ódio transgrediram a constituição e pagaram por isto. Mas uma coisa comum havia em todos aqueles serventes que eram problemas: Álcool e maconha. Mas geralmente era a maconha, só um ou outro é que ficava na pinga e quase sempre os de mais idade.
Numa certa fase de minha vida conheci o santo daime. Foi nesta fase que pude ver com maior clareza o que faz a maconha com os que caem nas suas garras. Ela afunda ainda mais as pessoas. Como já disse, ao longo da vida foi fácil de perceber que os usuários de drogas mais potentes começaram com a maconha. Ninguém parou nela, ninguém ficou só nela. Pitavam a princípio uma ou duas vezes por semana e diziam que não estavam viciados. Depois uma vez ao dia, todos os dias e dizendo que não estavam viciados. Depois divesas vezes ao dia e, no caso específico do cefluris falso santo daime, ainda dizendo que é apenas para estudo da santa maria, que não se trata de vício. E olha que ainda há um punhado deles que pitam suas maconhas com pasta base de cocaina, seguindo o exemplo deixado pelo seu fundador Sebastião Mota de Mello e ainda mantido pelo filho Alfredo Gregório e discipulo Alex Polari de Alverga.
Dr. Fernando Henrique, ex presidente da República, o que o senhor está pensando em fazer, tão certo como a noite vem após o dia, vai enegrecer o futuro desta nação, vai estragar de vez o que ainda resta de saudável em nossa sociedade e juventude. Esta história de redução de danos é tolice, simplesmente não funciona. Nem precisa ser estudado pra saber disto. A Holanda não liberou as drogas e a Espanha não liberou também?
Ambas hoje não reconhecem que erraram e que só pioraram ainda mais a situação precária tinham antes?
Então porque errar também como elas se os resultados mostraram não ser este o caminho?
O senhor já procurou saber em que ponto chegou o índice de suicídios nestes países após a liberação das drogas?
Dr. Fernando Henrique Cardoso eu posso lhe assegurar que o nome desta erva é Ma_conha, não é Boa_conha!

III – Por que a Política de Redução de Danos não vai funcionar?

A explicação é muito simples Dr.Fernando Henrique. Até eu que sou um homem simples sei explanar esta questão:
Doses de narcóticos cada vez mais altas se tornam necessárias hoje ao usuário que desejar a mesma sensação intensa que tinha semanas antes.
Alcool e maconha são as portas de entradas para drogas mais potentes. Ninguém nasceu alcoolatra ou maconheiro. Todos tiveram uma primeira vez. Todos começaram experimentando um pouco por vez. Contudo nosso corpo reage a corpos invasores e a substâncias estranhas que penetram nele. Nossos corpos tem a capacidade de reagir e criar resistência à corpos e substância estranhas, no caso o alcool ou a canabis.
A primeira vez que se usa maconha, acontece mesmo a expansão da consciência e grande relaxamento, mas seu corpo começa imediatametne a combater e criar resistência com o thc que compõe a maconha. Com poucas semanas a mesma quantidade de baseado que usava antes, não faz mais um efeito tão intenso. As mesmas gramas de canabis de antes agora não funionam mais. Se deseja manter a expansão da consciência e a sensação de relaxamento de antes, terá de aumentar o consumo das gramas da canabis. Isto explica claramente porque os usuários da maconha diminuem cada vez mais o intervalo entre um pito e outro, e inclusive chegando ao ponto de ascender um baseado com a bita do baseado anterior. Chega a um ponto que mesmo pitando direto, a maconha não resolve mais e o usuário naquela fissura, opta por alguma droga nova mais potente, em geral acrescenta pasta de coca ou pó de craque na confecção do baseado.
No caso do alcoolatra ele começa a diminuir o consumo do álcool gradativamente quando o corpo está tão afetado que não suporta mais a ingestão do álcool como antes. São aqueles casos onde o alcoolatra ao ingerir apenas meio copo de pinga já fica literalmente bêbado e caído. O alcoolatra a esta altura está a um passo de uma sirrose ou já a tem e não sabe.
No caso da maconha esta mesma história acontece só que de forma bem mais lenta e geralmente o usuário progride rapidamente para drogas mais potentes antes deste quadro se formar.
Conheço um jovem que tem como vizinho um fardado do santo daime cefluris, que dizia que lá ninguém usava drogas. Contudo ao viajar de Iguape à São Sebastião no mesmo carro com o jovem, o tal fardado, na fissura que ficou, consumiu quatro baseados durante as três horas da viagem. E ainda tentou justificar: é só para estudo do hinário do padrinho Sebastião.
Pois é gente, maconha faz isto mesmo com os que caem nela.

IV – Vamos para a Ciência e deixar de Ilusão?
1ª Parte
– Maconha e Saúde I

INTRODUÇÃO

A maconha é única do ponto de vista farmacológico. Não se assemelha a nenhuma outra droga conhecida. Suas ações clínicas são únicas, assim como as substâncias químicas que contém em sua estrutura molecular (WEIL, 1986).
A Cannabis sativa é a maconha cultivada no Hemisfério Ocidental, enquanto que a Cannabis indica é a maconha cultivada no hemisfério Oriental (SEYMOUR e SMITH, 1987).
Ao contrário do que se pensa, a planta não é brasileira. Na realidade, foi trazida pelos escravos africanos da África Ocidental, que era lá usada para fins intoxicantes. Porém, a África já havia recebido a planta da Ásia, onde nasce espontaneamente ao pé das montanhas além do lago Baikal (DÓRIA, 1986). Um imperador chinês de 2.200 a.C. já descreveu o uso da maconha (LEAVITT, 1995).
Os chineses reconheceram as propriedades psicoativas potentes da maconha há 4000 anos atrás, mas a sociedade Ocidental reconheceu suas propriedades intoxicantes apenas no século XIX, quando as tropas de Napoleão III retornaram à França com haxixe Egípcio. Um membro da Comissão de Ciências e Artes reportou em 1810 que a maconha cultivada no Egito era realmente intoxicante e narcótica (BEAR et al., 2007).
A planta da maconha sintetiza pelo menos 400 substâncias químicas. Destas, mais de 60, incluindo o delta-9-tetrahidrocanabinol são canabinóides (LEAVITT, 1995).
A maconha foi descrita por vários pesquisadores como a droga que é a “porta de entrada”; um estudo relata que 98% dos usuários da cocaína começaram com a maconha. Mas, apesar disso, existem lugares onde a maconha é permitida como medicamento o que faz com que a percepção de que a maconha é perigosa deixe de existir. À medida que a percepção do perigo da droga cai, seu uso sobe (AMEN, 2000).

A maior diferença de qualquer discussão das “propriedades” da intoxicação aguda da maconha é que os efeitos da erva são extremamente variáveis – de uma ocasião para a próxima do mesmo indivíduo e, mais intensamente, de uma pessoa para a outra (GRINSPOON, 1996).
As reações adversas causadas pela maconha tem levado à descrições curiosas das características de uma intoxicação aguda, como por exemplo “seus efeitos psicológicos são similares aos causados pelo grupo de drogas do tipo atropina e os efeitos físicos parecidos aos do álcool” (GRINSPOON, 1996).
Quando formos analisar os efeitos da maconha, devemos levar em consideração (GRINSPOON, 1996):
* a potência relativa: a maconha fumada nos Estados Unidos é menos potente do que o haxixe. Apesar de serem essencialmente a mesma coisa, possuem diferente potência. A maconha é uma preparação barata e bastante crua da erva, enquanto que o haxixe é uma preparação refinada. Além disso, a maconha cultivada no México (mais freqüentemente usada nos Estados Unidos) é 1/5 a 1/8 menos potente que o haxixe. Também pode se encontrar a maconha adulterada (misturada com orégano e outras ervas), que acaba sendo mais fraca que a maconha em si;
* a dose: apesar de alguns efeitos físicos e psicológicos da maconha independerem da dose, a maioria dos efeitos psicológicos e mentais associados ao uso da maconha são aumentados de acordo com o aumento da quantidade ou da potência da droga. Assim, apesar de muitas vezes a reação usual a doses relativamente pequenas e de menor potência são experiência subjetivamente maiores, com doses maiores da droga, sentimentos como ansiedade e, em alguns casos, estresse físico, como náusea, sobrepõem as sensações prazerosas;
* administração: o THC é 3 vezes mais potente quando fumado que quando ingerido. Três explicações possíveis tem sido sugeridas para isto: 1) a absorção é mais efetiva e rápida nos pulmões; 2) mais lenta detoxificação da droga (não passa pelo fígado); 3) conversão em uma substância menos ativa (?6 THC em ?1THC) quando aquecido. Além disso, são possíveis variações individuais;
* tempo de armazenamento: muitas pesquisas concluem que os constituintes ativos da maconha são instáveis. Quando envelhece o ácido canabidiólico (inativo) é gradualmente convertido em canabidiol (inativo), depois para tetrahidrocanabinol (ativo) e finalmente para canabinol (inativo). Esta conversão biológica ocorre mais rapidamente em clima tropical que em clima temperado. Como resultado, exemplares com diferentes idades de crescimento vão ter efeitos biológicos diferentes nos humanos;
* se já houve uso anterior e em qual freqüência: as primeiras experiências (e em doses menores) são freqüentemente mais fracas. Assim, normalmente as primeiras experiência são relacionadas com euforia, risadas altas, aumento de apetite e sede, enquanto que experiências de indivíduos que usam a maconha há aproximadamente 2 anos, está relacionada com um riso mais contido e atitudes mais reprimidas.

Os sintomas apresentados pela maconha dependem da dose fumada, da proveniência da planta, que pode conter maior quantidade de princípios ativos, das sugestões e, principalmente, do temperamento individual (DÓRIA, 1986).
Os efeitos agudos da maconha são uma moderada elevação na pulsação, olhos avermelhados, boca e olhos secos, sendo que a secura nos olhos só é observada naqueles que suam lente de contato. A elevação da pulsação geralmente passa desapercebida, porém em pessoas mais velhas, que experimentam a droga pela primeira vez, pode levar a uma reação de pânico normalmente interpretada como um ataque cardíaco (WEIL, 1986). Também são relatados risos incontroláveis, explosivos, sem razão aparente (GRINSPOON, 1996).
Uma das primeiras sensações experimentadas é uma sensação de fantasia, de não realidade, passividade em relação ao mundo, com sensação de parestesia, de formigamento no corpo (GRINSPOON, 1996).
Quando é fumada, os sintomas são quase instantâneos. Os primeiros efeitos observados são resultado de um humor eufórico oscilantes, normalmente manifestado com volubilidade, um estado sonhador. E, com menor freqüência, agitação e hiperatividade. A ansiedade que se aproxima ao pânico, normalmente associado ao medo de morrer e sentimento de opressão não é incomum, mas normalmente após alguns minutos o indivíduo se acalma. A reação também pode ser diferente quando a pessoa está sozinha – que é raro (deverá ficar mais quieta, alienada do mundo, com um olhar vazio), ou em grupo (pessoa se torna mais comunicativa, com risadas altas, aumento de energia para dançar) (GRINSPOON, 1996).
GRINSPOON e BAKALAR (1998) também afirmam que a maconha tem efeitos psicológicos agudos entre eles: atenção e memória imediata são afetadas, o sentido de orientação e coordenação podem ficar debilitados sob sua influência. Um estudo realizado com 1023 pessoas, vítimas de diversos acidentes (não só automobilístico), descobriu que 35% de todas as vítimas teriam THC no sangue e 34% teriam álcool (e em 17% dos casos, encontraram-se ambas as substâncias).
Quando usada em baixas doses, os efeitos da maconha podem ser euforia, sentimento de calma e relaxamento, sensação alterada, redução da dor, aumento da risada, a pessoa fica desinibida, conversa mais, ocorre aumento da fome e a cabeça parece um pouco aérea. Além disso, reduz a habilidade de solucionar problemas, a memória recente e a performance psicomotor (ex. habilidades necessárias para a direção) ficam prejudicadas. Pode ocorrer uma diminuição da força muscular e da firmeza das mãos. Indivíduos pesquisados rotineiramente relatam que se sentem incapazes de dirigir sob o efeito da maconha. Altas doses de maconha podem causar profundas mudanças de personalidade e até mesmo alucinações (BONTEMPO, 1980; BEAR et al., 2007).
Parece que um adulto intoxicado pela maconha percebe o mundo com o espanto e curiosidade de uma criança; detalhes normalmente ordinários prendem a atenção, as cores parecem mais fortes e brilhantes e pode-se perceber novos sentidos em obras de arte que antes não tinham nenhum significado (GRINSPOON e BAKALAR, 1998).
Em muitas declarações de usuários da maconha são descritas experiência similares ao de uma “onda”, com sensações agradáveis (bem-estar, excitamento), seguidas por sensações desagradáveis (fraqueza, exaustão) (GRINSPOON, 1996).
Quando qualquer preparado da maconha é fumado ou injetado, os efeitos alcançam um máximo rapidamente, porém são pouco duráveis, pois, apesar da substância permanecer no organismo por um período longo, seus efeitos passam rapidamente da excitação para um efeito sedativo menor. Na sua eficácia máxima, o THC (tetra-hidrocanabinol) pode ser absorvido até 50%. Assim, um cigarro de 500mg contendo 1% de THC poderia liberar no máximo 2,5mg de THC para os pulmões. A distribuição do THC, lipossolúvel, ocorre de maneira rápida. Os efeitos farmacológicos ocorrem em minutos após a ingestão, sendo que as concentrações no plasma alcançam seu máximo em 10 a 15 minutos, permanecendo cerca de 3 horas. Em caso de administração oral, os efeitos surgem após 30 minutos a 1 hora, sendo que os efeitos máximos podem não ocorrer até a segunda ou terceira hora, correlacionados com as concentrações do plasma. Neste caso, os efeitos podem persistir por 3 a 5 horas. O THC quando fumado é 3 vezes mais potente do que quando ingerido pela boca, apesar da absorção gastrointestinal ser realizada de maneira satisfatória (BONTEMPO, 1980).
No final da década de 80, descobriu-se que o THC pode se ligar a receptores de proteína G específicos para canabinóides no cérebro, principalmente em áreas de controle motor, no córtex cerebral e caminhos da dor. São conhecidos hoje dois tipos de receptores canabinóides: os receptores CB1 são encontrados no cérebro e os receptores CB2 são principalmente encontrados nos sistemas imunológicos do corpo. No cérebro a maior quantidade de receptores de proteína G são do tipo CB1. Parece que estes receptores de canabinóides também se ligam a moléculas naturalmente produzidas pelo cérebro, os neurotransmissores “THC like” chamados de endocanabinóides. `Pesquisas recentes tem identificado diversas moléculas que são possivelmente endocanabinóides, inclusive a anandamida e araquidonilglicerol, 2 moléculas pequenas de lipídeos, diferentes que outros neurotransmissores conhecidos (BEAR et al., 2007).
No sangue, o THC é convertido rapidamente em 11-hidroxi-THC, metabólito mais ativo, sendo posteriormente convertido em 8,11-diidroxi-THC, metabólito inativo que é excretado pela urina e pelas fezes. Os metabólitos excretados pela bile, podem ser reabsorvidos nos intestinos (BONTEMPO, 1980).
Apesar da interrupção abrupta da maconha não resultar em uma síndrome de abstinência acentuada, ela permanece no organismo por um longo período. Sua meia-vida é bastante longa, podendo ser encontrada no sangue até 3 dias depois de um único uso da maconha. Além disso, seu principal metabólico psiquicamente ativo, o 11-hidroxidelta-9-THC continua sendo detectado na urina e nas fezes até 8 dias após o consumo da maconha. Assim, a interrupção repentina do uso da maconha provoca uma síndrome de abstinência discreta (RONCA, 1987). Alguns metabólicos lipossolúveis da maconha podem permanecer no corpo por um longo período (SEYMOUR e SMITH, 1987).
A ação mais marcante do THC é no sistema cardiovascular, produzindo taquicardia proporcional à dose, ocorrendo de maneira uniforme, provavelmente uma resposta à ação vagolítica da maconha. Há sempre uma discreta vasodilatação (BONTEMPO, 1980). LEAVITT (1995) cita, além da taquicardia, uma contração enfraquecida temporária do músculo cardíaco e uma redução da chegada do Oxigênio ao coração. Ele sugere que pessoas com doenças cardiovasculares deveriam por estes motivos evitar o seu uso.

Haxixe é a resina altamente potente da maconha A substância varia de coloração do amarelo até o marrom chocolate e verde ou verde escuro (SEYMOUR e SMITH, 1987).
Infelizmente não apenas os usuários são acometidos com o mal da maconha. São citados fenômenos de atordoamento e vertigens causados pelas emanações das culturas da maconha (DÓRIA, 1986).

MACONHA E NUTRIÇÃO

A maioria dos relatos dos efeitos da maconha refere aumento da fome, apetite, sede e com muita freqüência bulimia ou alimentação excessiva (GRINSPOON, 1996).
É observado o aumento de apetite, que faz o usuário empregar a planta como aperitivo, exceto em iniciantes, que às vezes têm náuseas e vômitos (estes sintomas também aparecem com o uso de doses altas). Porém, o apetite se perde nas intoxicações intensas e na forma crônica (DÓRIA, 1986).
BONTEMPO (1980) sugere que o aumento da fome possa ocorrer pela ação hipoglicemiante da maconha. A ingestão de açúcar durante o efeito da maconha provoca redução e muitas vezes interrupção relativamente brusca dos sintomas.
Hoje em dia, porém, já foi descartada a hipótese de o paciente ter um aumento de apetite por um estado de hipoglicemia. Estudos referem que a maconha aumenta a habilidade da pessoa de gostar da comida, provavelmente por uma redução da inibição ou possivelmente algumas mudanças psicológicas centrais e não à hipoglicemia (GRINSPOON, 1996).
A sede é geralmente acompanhada por uma sensação de boca e/ou garganta seca. Alguns referem inflamação nas membranas mucosas da boca. Um dos efeitos do desejo por comida, especialmente doces e líquidos era para prevenir que o indivíduo se tornasse dopado. Alguns pesquisadores observaram que o álcool é raramente usado com ou após a maconha, a não ser que a pessoa se sinta muito dopada e precise “se acalmar”, casos onde vinhos leves e cervejas são geralmente preferidos à qualquer licor mais forte. Porém, outros indivíduos se tornam enjoados a ponto de vomitar, o que pode indicar que estes efeitos são secundários ou até diretamente mediados por mudanças no Sistema Nervoso Central. A sensação de fome e de aumento de apetite podem ser considerados resultados de excitação do Sistema Nervoso, produzindo efeitos periféricos através do Sistema Nervoso Autônomo (GRINSPOON, 1996).
Os inveterados e os insaciáveis no vício podem entrar em um estado de caquexia, que não permite viver muito tempo. Emagrecem rapidamente, adquirem cor térrea amarela, dispepsia gastrointestinal, fisionomia triste e abatida, depressão de todas as funções, bronquites (DÓRIA, 1986).
Um antagonista de receptor canabinóide está sendo testado como um supressor do apetite em estudos clínicos com humanos (BERA et al., 2007).

O efeito associado entre o uso da maconha e o álcool pode provocar doença psicológica. A super-prorrogação no uso da maconha pode causar náusea, tontura, uma sensação desagradável de ”estar drogado”, similar ao de estar bêbado e alcoólatra (SEYMOUR e SMITH, 1987).
A maconha, assim como a cocaína, aceleram o batimento cardíaco em homens. Quando usadas em conjunto, porém, a taxa de aceleração cardíaca é comparável àquela que segue ao uso de maconha isolada (LEAVITT, 1995).

MACONHA E IMUNIDADE

A função geral biológica do sistema imunológico inclui resistência a doenças (inclusive Câncer), prevenção de transplante de tecidos realizados de um indivíduo para o outro e capacidade de causar doenças por lesões ao tecido normal. Quando o sistema imune se torna hiperativo, hipersensível (alérgico), desordens incluindo doenças autoimunes podem ocorrer; e, com um sistema imune reduzido podem ocorrer doenças por imunodeficiência ou crescimento de células malignas (MAYKUT, 1984).
Examinando o sangue de usuários de maconha, pesquisadores observaram na faixa branca dos leucócitos, que estes glóbulos brancos não possuem os 46 cromossomos normais de toda célula, possuindo 42, 38 ou 36. Assim, o usuário de maconha por um longo período não possui defesas imunitárias (RONCA, 1987).
Um estudo duplo-cego retroativo avaliou o surgimento de aberrações cromossômicas em culturas de leucócitos de 56 pacientes de drogas psicoativas (divididos em 5 grupos: 15 usuários leves de maconha – 1-2 vezes por mês; 11 pacientes psiquiátricos tratados com fenotiazina e 3 grupos de usuários pesados de várias combinações entre maconha, heroína e anfetamina, com ou sem LSD, sendo que 10 usuários usavam principalmente anfetaminas, 11 eram viciados em heroína e 11 usuários de diversas drogas, com o uso pesado de maconha – 10 vezes por dia ou mês – sendo comum a todos) e 16 indivíduos controle, dos quais 12 nunca usaram drogas e 4 haviam usado anfetaminas ou maconha levemente no ano anterior à pesquisa. 7 pessoas com histórico de irradiação também foram acompanhadas. O estudo verificou múltiplas aberrações cromossômicas em 12 indivíduos que incluíram: 3 do grupo fenotiazina, 3 do grupo anfetamina, 4 viciados em heroína e 2 usuários de maconha (MAYKUT, 1984).
Outro estudo sugere que a maconha seja mutagênica (capaz de modificar o material genético), sugerindo que a maconha possa causar quebra cromossômica em linfócitos de usuários independente da freqüência de uso. As implicações clínicas de quebra cromossômica incluem neoplasma e teratogênese (MAYKUT, 1984).
Em um grupo de 15 homens usuários pesados de haxixe (uso diário ou 10-30 vezes por mês) foram observadas mitoses irregulares com aberrações cromossômicas, cromossomos descentralizados, quebras e aberrações numéricas. Se este tipo de dano persiste, pode ocorrer neoplasia e teratogênese (MAYKUT, 1984).
Núcleos hipoplóides (com menos de 30 cromossomos, sendo o número normal igual a 46) também foram encontrados em estudos com usuários pesados de maconha. Além disso, o THC foi considerado veneno para as mitoses que ocorrem no corpo (MAYKUT, 1984).
O THC tem afinidade com as membranas celulares através da sua interação com as frações lipídicas. Análises nos fosfolipídeos revelaram mudanças nos compostos fosfatidil ocorrendo um aumento de colina e inositol e uma redução de serina e etanolamina. Estas mudanças na concentração de fosfolipídeos pode estar relacionada com as flutuações na habilidade imune dos linfócitos, afetando os mecanismos enzimáticos da membrana dos linfócitos (MAYKUT, 1984).
Um estudo avaliou a transformação de linfócitos humanos (células T) de usuários e não usuários de maconha com a exposição de conhecidos ativadores imunológicos. O pesquisador achava que fosse encontrar uma resposta imunológica aumentada, provando que o corpo humano estaria trabalhando para eliminar a presença da maconha. Porém, foi observada uma resposta imunológica diminuída em células de usuários da maconha, o que fez com que o pesquisador considerasse a maconha perigosa por enfraquecer o sistema imunológico, tornando usuários da maconha mais susceptíveis a doenças infecciosas (ZIMMER e MORGAN, 1997).
Quando os linfócitos eram expostos ao THC ou fumaça da maconha em placas de petri, eles tiveram uma resposta diminuída contra químicos ativadores do sistema imunológico. Outras drogas como Valium, cafeína, aspirina e álcool, em altas doses, também diminuíam a transformação linfocitária em experimentos de laboratório (ZIMMER e MORGAN, 1997).
A exposição de 3 diferentes doses de THC (dose alta: 22,4mg de THC por cigarro com 3 cigarros por dia, 5 dias na semana; dose média: 22,4mg por cigarro com 1 cigarros por dia, 2 dias na semana; dose baixa: 4,4mg de THC por cigarro com 1 cigarro por dia, 5 vezes na semana) em fumaça da maconha por 6 meses em macacos rhesus resultou em redução dos níveis de IgG e IgM plasmáticos nas doses altas e médicas, sem modificação dos níveis de proteínas totais do plasma e ausência de hipoproteinemia. Doses reduzidas na resposta linfocítica blastogênica in vitro foram observadas em todos os níveis (MAYKUT, 1984).
Quando administradas altas doses de THC (50 a 100 vezes a dose humana) em porcos da guinea e ratos, foi observado um aumento das taxas de infecção por herpes, quando este vírus era diretamente aplicado na vagina (ZIMMER e MORGAN, 1997).
Após a exposição de macrófagos humanos à fumaça da maconha em culturas de laboratório, pesquisadores encontraram alterações na estrutura e função dos macrófagos. Outros pesquisadores encontraram anormalidades em macrófagos de macacos que inalaram fumaça da maconha. Anormalidades nos macrófagos também foram encontradas em fumantes à longo tempo de maconha. Porém, o efeito do fumo sobre os macrófagos é dose-dependente (ZIMMER e MORGAN, 1997).
BEAR et al. (2007) também refere que existem receptores para canabinóides do tipo CB2 principalmente nos tecidos imunológicos espalhados pelo corpo, o que pode comprometer a imunidade do indivíduo.
Outro estudo com animais jovens e mais idosos verificou que os mais jovens responderam ao THC com redução no peso corporal e esplênico e redução no número de células esplênicas com maior concentração de THC durante o pequeno período de exposição; redução da imunidade celular (linfócitos esplênicos); maior redução na resposta humoral (síntese de anticorpos circulantes, produção de anticorpos IgG); e redução da diferenciação de linfócitos T e B. Assim, parece que a idade do animal influencia a resposta ao THC. Algumas hipóteses para este fenômeno são (MAYKUT, 1984):
– desenvolvimento celular afeta mais as células maduras;
– a interação do THC com os lipídeos de membrana responsáveis pelas propriedades imunossupressoras pode ser alterada com a idade pelas modificações de membrana que podem modificar a capacidade ligante da droga;
– o sistema mais jovem seria menos capaz de desenvolver um mecanismo compensatório para restabelecer a resposta imunológica normal;
– alterações na produção celular e alterações de certas células T ocorrem em ratos mais velhos;
Um estudo encontrou mais casos de infecções pulmonares entre indivíduos HIV positivos que fumavam maconha, cocaína ou crack (a maior parte deles fumava as 3 drogas, muitas vezes acrescida ainda de tabaco) (ZIMMER e MORGAN, 1997).
Outros estudos encontraram relação entre o uso da maconha e o surgimento ou intensidade dos sintomas da AIDS. Pacientes portadores de HIV que usam maconha tem um risco aumentado de contrair aspergilose, doença pulmonar causada por esporos de fungos, que muitas vezes contaminam a maconha armazenada (ZIMMER e MORGAN, 1997).

Os inveterados e os insaciáveis no vício adquirem fisionomia triste e abatida, depressão de todas as funções, bronquites (DÓRIA, 1986).
A inalação pesada da fumaça da maconha, que contém alcatrão e outras substâncias similares às encontradas no tabaco, pode produzir irritação brônquica, podendo levar a um dano pulmonar (SEYMOUR e SMITH, 1987). O fumo da maconha carrega os pulmões com uma quantidade de alcatrão e monóxido de carbono 3 a 5 vezes superior, respectivamente, ao fumo do tabaco. Além disso, o sistema respiratório retém mais alcatrões, porque o fumo da maconha é inalado mais profundamente e se mantém nos pulmões por mais tempo (GRINSPOON e BAKARA, 1998).
LEAVITT (1995) sugere que fumar cronicamente traz danos ao sistema pulmonar.

A maconha parece induzir ao aumento da síntese de catecolaminas via um mecanismo de reflexo adrenérgico, a maconha parece desorganiza o mecanismo de homeostase da glicemia levando a um estado de pseudo-diabetes com todas as suas complicações. A hiperglicemia continuada pode levar a um excesso de trabalho das células ? do pâncreas podendo resultar em diabetes permanente (MAYKUT, 1984).

MACONHA E HORMÔNIOS

As má-formações gonadais e reprodutivas parecem ser resultado de um desequilíbrio hormonal. A função reprodutiva ou fertilidade pode ser afetada pelo uso crônico da maconha pela inibição que o THC exerce sobre as gonadotrofinas (LH e FSH) via hipotálamo, reduzindo a secreção de hormônios sexuais (testosterona em homens e estrogênio e progesterona em mulheres) ou via competição do THC com o precursor de colesterol, redução da maturação das células sexuais (óvulos e espermatozóides) e efeitos adrenais estimulatórios (MAYKUT, 1984).
O New England Journal of Medicine em 1972 descreveu ginecomastia em 3 usuários de maconha, o que iniciou a pesquisa dos efeitos da maconha em hormônios que controlam o desenvolvimento sexual e reprodução (ZIMMER e MORGAN, 1997).
LEAVITT (1995) refere efeitos da maconha na formação de espermatozóides, no ciclo menstrual e outras funções reprodutivas.
Farmacólogos da Universidade de Columbia, Haward e Oxford constataram que os princípios ativos da maconha provocam, no homem, a partir da quarta semana de consumo intenso, queda de 30% no nível de testosterona circulante. Esta queda percentual vai se acentuando com o consumo até chegar a 0 (o que pode durante um ou vários anos), onde o homem fica sexualmente impotente. Porém, parece acabar a potência, mas não a libido, fazendo com que alguns se tornem homossexuais. Apesar disso, a impotência parece não ser irreversível: o homem, se pára de fumar, se recupera, mas no mesmo tempo que ele levou para perdê-la (RONCA, 1987).
Em 1974 foi descoberto que usuários freqüentes de maconha tinham menores níveis de testosterona do que usuários ocasionais. Após, pesquisadores descobriram que havia redução da testosterona temporária imediatamente após o uso da maconha (ZIMMER e MORGAN, 1997).
Além disso, no viciado em maconha ocorre a diminuição dos hormônios folículo-estimulante e luteinizant. São responsáveis, no homem, pela produção de esperma e, na mulher, pela ovulação. Por conta disso, ambos correm risco de esterilidade (RONCA, 1987).
Menos estudos foram conduzidos em mulheres, Um estudo em 1970 reportou mais anormalidades no ciclo menstrual entre usuárias da maconha do que não usuárias (ZIMMER e MORGAN, 1997).
O THC parece retardar o início da puberdade em ambos os sexos (ZIMMER e MORGAN, 1997).
A maconha possui mais um efeito virilizante em mulheres do que um efeito feminilizantes em homens. A maconha pode aumentar os níveis de testosterona em algumas mulheres (ZIMMER e MORGAN, 1997).

MACONHA E GESTAÇÃO

Está provado que o THC atravessa a barreira placentária, chegando à criança em formação ou em fase de crescimento intrauterino (BONTEMPO, 1980). LEAVITT, 1995) refere que a passagem da maconha através da placenta é mais lenta que a passagem de outras drogas como cocaína, opióides e álcool. Além disso, pode mimetizar uma síndrome alcoólica fetal (LAEVITT, 1995).
O THC parece produzir aborto espontâneo, baixo peso ao nascer e deformidades físicas quando dado em períodos específicos da gestação (ZIMMER e MORGAN, 1997).
Alguns estudos revelaram que filhos de mães que fumavam maconha durante a gestação eram menores, ou tinham menor peso (ZIMMER e MORGAN, 1997).
Entre crianças negras cujas mães fumaram maconha durante a gestação, houve uma leve redução de Q.I. em 2 crianças estudadas (1 cuja mãe fumou durante o 1º trimestre e outra cuja mãe fumou durante o 2º trimestre) (ZIMMER e MORGAN, 1997).
Há indícios que o uso da maconha durante a gestação possa estar relacionada com formas raras de câncer em crianças (leucemia não-linfoblástica ou rabdomiosarcoma) (ZIMMER e MORGAN, 1997).

MACONHA E MENTE

Um estado de bem-estar, de satisfação, de felicidade, de alegria ruidosa são os efeitos nervosos predominantes. As idéias se tornam mais claras e passam com rapidez diante do espírito. Estas pessoas falam demais, dão gargalhadas altas; agitam-se, pulam, caminham; mostram-se amáveis, com expansões fraternais; vêem objetos fantásticos. A este estado segue-se à vezes sono calmo, visitado por sonhos. Um fato interesse no uso da maconha é que, após a dissipação dos fenômenos, o paciente se lembra de tudo que passou durante a fase do delírio (DÓRIA, 1986).
Na primeira noite após o uso da maconha normalmente ocorre um aumento do sono profundo e uma redução do sono REM. Com o uso crônico, os níveis retornam ao normal (LEAVITT, 1995).
As idéias se sucedem com rapidez, se contradizem, se entrechocam, as palavras se tornam incoerentes.
Alguns pacientes relatam vivências oníricas, delirantes, alucinatórias. Um dos pacientes pesquisados encontrou na rua pessoas falecidas. Objetos seus desaparecem e reaparecem. Acha que as outras pessoas estão escutando e gravando seus pensamentos. Acha que se transformou em outra pessoa. A sensação de perseguição, de desconfiança nos outros é bastante comum entre as pessoas que fumam maconha (SONENREICH, 1982).
O quadro sintomático pode ser diverso. São conhecidos: o delírio, a loucura transitória e mesmo definitiva, e com fisionomia perigosa. As pessoas se tornam rixosas, agressivas e vão até a prática de violências e crimes (DÓRIA, 1986).
Um estudo em ratos na Escola Paulista de Medicina concluiu que, depois de serem postos em jejum, ao receber uma dose forte de extrato de maconha, ficavam extremamente agressivos. O mesmo sucede com o homem sob a ação deste alucinógeno. Em outro estudo, foi observado que doses relativamente pequenas alteram de maneira marcante o comportamento de animas de laboratório. Quando a maconha era administrada cronicamente a ratos, em um primeiro período notou-se que a sua atividade geral e sua movimentação diminuíram, seguindo-se um estado de grande irritabilidade e reação exagerada aos estímulos externos. Quando a administração crônica era associada a fatores ambientais, como frio crônico, a irritabilidade se tornava ainda mais evidente (RONCA, 1987).
SONENREICH (1982) refere a realização de crimes incrivelmente selvagens cometidos sob a influência do kif – nome dado no norte da África, a produtos da maconha. No México, o haxixe é dado aos touros e galos de briga, evidentemente para aumentar a sua agressividade.
Certos pacientes contam que “ficam muito loucos”, mas não somente sob o efeito do fumo, podendo ocorrer alucinações sem uso da maconha. As relações com os familiares se alteram, ocorrendo brigas e agressões freqüentes (SONENREICH, 1982).
Um aspecto do uso continuado da maconha é a chamada síndrome amotivacional. Pode-se dizer que é difícil de saber se ela é causa ou conseqüência do uso da maconha. Independente disso, existe uma clara associação entra a pouca motivação para perseguir os objetivos considerados desejáveis pela sociedade moderna, como sucesso profissional e estudos (RONCA, 1987). Ocorre passividade, carência de objetivos, indolência, apatia, pouca atitude comunicativa e carência de ambição. Algumas das explicações propostas são mudanças hormonais, danos cerebrais, sedação ou depressão induzida pela maconha (GRINSPOON e BAKALAR, 1998).
Uma reação suave de carência é observada em animais e em alguns seres humanos que fumaram altas doses durante um tempo prolongado. Os sintomas são ansiedade, insônia, tremores e calafrios que duram de 1 a 2 dias (GRINSPOON e BAKALAR, 1998).
O abuso da substância deprime todas as funções nervosas (DÓRIA, 1986).
Mesmo em doses menores a 2 ou 3 baseados, ocorre profunda alteração na capacidade de percepção dos indivíduos, principalmente em relação ao tempo e às distâncias. Trabalhos controlados em máquinas simuladoras de laboratório mostram que os usuários da droga podem cometer erros enormes nas medidas do tempo e do espaço. Por exemplo: calculam em 1 hora o tempo cronometrado em 5 ou 10 minutos, ou calculam a distância entre duas paredes do laboratório em 3 ou 4 metros, quando, na verdade, são 12 ou mais metros (RONCA, 1987).
Antes de fumar, 9 sujeitos estimaram 5 minutos como sendo 5 ± 2 minutos. Após placebo, nenhum sujeito mudou sua idéia. Após uma pequena dose, 3 suijeitos aumentaram sua estimativa para 10 ± 2 minutos e após uma dose maior, ou 4 indivíduos restantes aumentaram suas estimativas. Para as pessoas que fumam “as coisas parecem passar mais lentamente” (GRINSPOON, 1996).
Com uma dose pequena, comumente, ocorre aumento de euforia acompanhada de sensações de relaxamento e sonolência principalmente em indivíduos sozinhos; quando em grupo, geralmente ocorre hilariedade espontânea temporária, seguida normalmente de uma fase de introspecção e, mais raramente, depressão. Em doses maiores, equivalente a vários cigarros, ocorre deterioração da capacidade de realizar tarefas que requerem etapas mentais para atingir a meta, além da diminuição da memória para fatos recentes. Doses maciças, acima de 20mg de THC produzem, além do descrito, alucinações vívidas, ilusões e idéia paranóicas; a ansiedade pode atingir estados de pânico substituindo a euforia (BONTEMPO, 1980).
DÓRIA (1986) também cita a perda do sentimento da extensão: um minuto representa um século e um ambiente estreito por ser estendido até a eternidade. SEYMOUR e SMITH (1987) concordam que uma intoxicação aguda possa causar náusea, ansiedade, paranóia, desorientação, perda de memória recente, além de alterações de humor e de conceito. As reações de ansiedade e psicose tóxica paranóica podem ser sérias suficientes para levar ao usuário procurar auxílio médico. Segundo GRINSPOON e BAKALAR (1998), a psicose só é instalada após um abuso prolongado da maconha.
Usuários da maconha referem que o efeito sedativo que ela traz é maior do que o efeito ocasionado pelo álcool. Porém, WEIL (1998) refere que um mecanismo melhor de sedação seria a meditação. Se uma pessoa consome maconha ou haxixe ela pode experimentar uma reação de psicose tóxica que não ocorre quando a maconha é fumada. Isto nos leva a crer que as drogas deste tipo têm efeitos farmacológicos diferentes qualitativamente quando ingeridos oralmente, provavelmente por alguns constituintes da resina serem destruídos através da combustão pelo calor. Assim, evidências químicas suportam a idéia que a maconha se torna mais nociva quando ingerida.
Usuários de maconha tiveram Q.I. (Coeficiente de Inteligência) menor que não usuários (GRINSPOON, 1996).
Quando o Distúrbio de Déficit de Atenção não é tratado, 40% das pessoas vão ter problemas com o álcool ou drogas. Estas pessoas tendem a usar o álcool e a maconha para reduzir o estado de agitação que sentem. Porém, a maconha pode se tornar um problema ainda maior para as pessoas com este distúrbio porque (AMEN et al, 1996):
* também suprime as atividades cerebrais, trazendo maior dificuldade para pensar;
* reduz a memória para fatos recentes;
* reduz a motivação, sendo que muitas pessoas com o Distúrbio de Déficit de Atenção já tem problemas motivacionais; quando o uso da droga é acrescentada ao distúrbio é muito difícil a pessoa ficar entusiasmada com o colégio ou trabalho;
* piora problemas de aprendizado. As pessoas que já tem problemas com relação a problemas de leitura, por exemplo, fumar maconha pode ser muito pior por causar problemas no processamento cerebral;
* a maconha também faz com que as pessoas se sintam paranóicas e reduz o desejo de interação social da pessoa – muitas pessoas com déficit de atenção já tem problemas sociais, fazendo com que a maconha piore ainda mais o seu estado;
* a maconha pode distorcer o senso de tempo e espaço – pode ser que velocidades de 140km/h pareçam 30km/h;
* normalmente aumenta o apetite, levando a um aumento de peso – muitas pessoas com déficit de atenção já tem problemas com comportamento compulsivo; a maconha freqüentemente leva a um comportamento alimentar fora de controle.

O efeito básico da maconha é a fragmentação temporária do Ego. Uma vez fragmentado o Ego, o Id começa um processo de influência sobre o estado de vigília. Assim, o indivíduo fica à mercê do instinto ou então das forças relativamente violentas do Id (BONTEMPO, 1980).
A desagregação do pensamento, a diminuição da intelectualidade e a despersonalização são características evidentes dessa fragmentação. O Ego sofre uma divisão, fazendo com que a pessoa acredite que está em um estado estranho e irreal em que surgem pensamentos aparentemente desconexos, que são as forças do Id. O indivíduo menos experimentado pode acreditar estar em estado de loucura (BONTEMPO, 1980).
Apesar disso, o Superego não é atingido. Forças incontroláveis instintuais, geralmente desconhecidas, bombardeiam a atenção e impulsionam o indivíduo a um comportamento moldado por estas forças. O Superego, censor e julgador, tenta reprimir este comportamento. Ocorre, então, o conflito, que é maior ou menor, dependendo do indivíduo. Qualquer estado conflitante constante produz ansiedade. O desencadeamento de uma doença psicomental dependerá de uma série de fatores como genética, ambiente, estado mental, etc (BONTEMPO, 1980).
Observa-se que quanto mais tenra a idade, menor será este conflito, porque o Ego ainda está em formação. Porém, as cicatrizes nesse Ego serão diretamente proporcionais às doses e à freqüência de uso. Quando o Ego ainda está em formação, o indivíduo é dotado de maior sensibilidade e receptor de energias psíquicas mais facilmente identificáveis. Por este realce da sensibilidade em indivíduos mais jovens, podemos entender porque a maconha é mais utilizada entre adolescentes, sendo abandonada em idades mais avançadas (BONTEMPO, 1980).

MACONHA E CÉREBRO

A maconha é primeiramente uma droga psicoativa. O primeiro sítio de ação da maconha é o cérebro, principalmente os centros cerebrais mais altos que afetam a consciência. Receptores para a maconha estão concentrados especialmente no hipocampo, que afeta as funções dos sentidos, memória e ação (ROSENTHAL et al, 1997).

Em 1971 uma equipe britânica comunicou que dez jovens usuários (entre 3 a 11 anos de uso) de maconha do sexo masculino exibiam atrofia cerebral semelhante à ocorrida por idade avançada. Os pacientes se queixavam de cefaléia, amnésia em relação a fatos recentes, mudanças na personalidade e no temperamento, diminuição da clareza, na rapidez dos pensamentos e no desejo de trabalha. Um outro cientista usou eletrodos profundamente implantados em cérebros de macacos, aos quais administrou a maconha por um longo período. Neste estudo, foram observadas mudanças sutis na anatomia ou função do cérebro (RONCA, 1987).

MACONHA E IMAGENS

SPECT é uma abreviação de Single Emission Computerized Tomography (Tomografia Computadorizada de Fotoemissão simples). É uma medicina sofisticada do estudo do fluxo cerebral e, indiretamente, da atividade cerebral (metabolismo) (AMEN, 2004).
Uma pequena quantidade de contraste é injetada na veia do paciente e percorre a circulação sangüínea, sendo recebida em todo mesencéfalo. O paciente se encontra deitado em uma mesa por 14 a 16 minutos enquanto uma câmera “gama” do SPECT gira ao redor da cabeça. A câmera possui cristais especiais que detecta onde o componente (sinalizado por um radioisótopo) foi. Um supercomputador reconstrói imagens tridimensionais dos níveis de circulação cerebral. O resultado é um belo mapa da circulação/metabolismo cerebral. Com este mapa, os médicos podem identificar certos padrões da atividade cerebral que estão correlacionados com suas doenças psiquiátricas e neurológicas (AMEN, 2004).
Tradicionalmente, o cérebro é examinado em 3 planos diferentes: horizontal (corte do topo para baixo), coronário (corte da frente para trás) e sagitário (corte de lado a lado). Os médicos examinam a simetria e os níveis de atividade indicados através da modificação de core e comparam com um cérebro normal. Uma imagem SPECT normal revela uma massa homogênea e uniforme no córtex cerebral, sendo o cerebelo a área de mais intensa perfusão. Chiron estudou a progressão da perfusão cerebral em crianças e verificou que na idade de 2 ou 3 anos, os padrões de perfusão já são similares ao dos adultos (AMEN, 2004).
Estudos de SPECT têm sido usados tanto nos efeitos a curto prazo como nos efeitos a longo prazo da maconha no cérebro. Estes estudos revelam uma redução generalizada das atividades cerebrais em fumantes inexperientes da maconha, quando comparados com um grupo de não-usuários (AMEN, 2000).
Alem disso, foi observada uma redução da atividade do lobo temporal, sendo que descobertas mais novas mostram que problemas de memória e motivação muitas vezes estão associados ao uso da maconha (AMEN, 2000).
Quando comparados pacientes com Distúrbio de Déficit de Atenção (DDA) e uso crônico da maconha com pacientes apenas com DDA, as imagens funcionais do grupo apenas do DDA não mostraram anomalias no lobo temporal. A única anomalia vista no grupo DDA foi um decréscimo na atividade do córtex pré-frontal em 8 dos 10 pacientes. Um número semelhante de sujeitos viciados em maconha e com DDA tinha uma atividade diminuída do córtex pré-frontal (25 em 30 pacientes), porém este decréscimo de atividade era, de maneira geral, mais grave. Além disso, 24 usuários de maconha com DDA mostraram um decréscimo da atividade nos lobos temporais (21% classificados como graves, 29% como moderados e 50% como suaves – os índices graves e moderados eram dos usuários mais freqüentes, ou seja, maior que 4 vezes na semana, mas não necessariamente dos usuários de mais longo tempo) (AMEN, 2000).
A atividade anormal nos lobos temporais tem sido relacionada com problemas de memória, aprendizado e motivação, queixa comum dos adolescentes e adultos que abusam cronicamente da maconha (AMEN, 2000).
No final do estudo, foi observado que 52% das pessoas com DDA tinham problemas com abuso de drogas e álcool, um número alto delas sendo de abuso de maconha (AMEN, 2000).
A seguir, algumas imagens realizadas através do método SPECT (AMEN, 2000; AMEN 2004).

Imagem de um Cérebro Normal (vista superior)

Imagem de um cérebro Normal (vista superior e inferior)

Vista da superfície inferior em usuários de maconha (severa redução das atividades em todas as localizações)

Paciente de 16 anos com histórico de 2 anos de uso de maconha – vista da superfície inferior

Paciente masculino de 16 anos com histórico de 2 anos de uso diário da maconha (observe as múltiplas áreas de acentuada diminuição da perfusão especialmente nos lobos temporais) – vista da superfície inferior

Paciente masculino de 44 anos com histórico de 12 anos de uso diário da maconha (observe a perfusão acentuadamente diminuída) – vista da superfície inferior

Paciente feminino de 32 anos com histórico de 12 anos de uso semanal da maconha (observe as áreas de perfusão diminuída nos lobos temporais mediais)

Paciente de 18 anos – histórico de 1 ano de uso, 4 vezes por semana (reduzida atividade do lobo periférico e temporal) – vista inferior

Paciente de 16 anos – histórico de 2 anos de uso diário da maconha (reduzida atividade do lobo periférico e temporal) – vista inferior

Paciente de 38 anos – histórico de 12 anos de uso diário da maconha (reduzida atividade do lobo periférico e temporal) – vista inferior

Paciente de 28 anos – histórico de 10 anos de uso nos finais de semana (reduzida atividade do lobo periférico e temporal) – vista inferior

Paciente de 39 anos – histórico de 25 anos de uso freqüente de heroína (marcante atividade reduzida em todas as localizações) – vista superior

Paciente de 39 anos – histórico de 25 anos de uso freqüente de heroína (marcante atividade reduzida em todas as localizações) – vista superior

Paciente de 40 anos – 7 anos de metadona após 10 anos de uso de heroína (marcante atividade reduzida em todas as localizações) – vista superior

Paciente de 52 anos – histórico de 28 anos de uso freqüente de metilanfetamina (múltiplos buracos na superfície cortical) – vista superior

Paciente de 24 anos – histórico de 2 anos de uso freqüente de cocaína (múltiplos buracos na superfície cortical) – vista superior

Paciente de 28 anos – histórico de 8 anos de uso abusivo de metilanfetamina (marcante atividade reduzida em todas as localizações) – vista superior

Paciente de 36 anos – histórico de uso freqüente de metilanfetamina (múltiplos buracos na superfície cortical) – vista superior

Vista superior e inferior em usuários de maconha

Vista superior e inferior após 1 ano de abstenção (caso anterior)

Paciente de 22 anos com histórico de 3 anos de uso de crack – vista da superfície superior

Paciente de 21 anos com histórico de 4 anos de uso de álcool – vista da superfície superior

Paciente de 22 anos com histórico de 3 anos de uso de cocaína – vista da superfície superior

Paciente de 24 anos com histórico de 6 anos de uso de inalantes – vista da superfície inferior

Paciente de 16 anos com histórico de 3 anos de maconha – vista da superfície inferior

BIOELETROGRAFIAS DE NÃO-USUÁRIOS

Paciente 1

Paciente 2

Paciente 3

Paciente 4

Paciente 5

BIOELETROGRAFIAS DE USUÁRIOS

Paciente 1

Paciente 2

Paciente 3

Paciente 4

Paciente 5

PESQUISAS RECENTES

Está sendo pesquisado o ácido graxo anandamida, que atua nos receptores de tetrahidrocanabinol, ajudando a mediar os tipos de mudanças psicológicas produzidas pela maconha (PANKSEEP, 1998).
Estão sendo pesquisados outros subtipos de receptores CB, além de componentes mais seletivos que estariam se ligando a eles.

ANEXO I – OUTRAS IMAGENS

Córtex Cerebral

Corte sagital de cérebro humano

Teia Normal

Teia de uma aranha pra qual foi administrada cafeína

Teia de uma aranha para qual foi administrada anfetamina

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Material extraido na internet, de autoria e montagem do Dr. Roberto Céar Leite (médico) e Dra. Renata Toedter Pospissil (nutricionista).

V – Você daria maconha aos seus filhos?
2ª Parte

A rainha da escuridão em um caminho sem volta.
*Por José Joacir dos Santos*, Terapeuta e Jornalista.

Uma das grandes dificuldades do ser humano é acreditar nele mesmo. A maioria carrega uma parcela grande de autodesprezo, de falta de crédito, de ódio e rancor contra si mesma e acaba trabalhando a vida inteira, enquanto durar, para se destruir, se boicotar, puxar todos os tapetes, aniquilar com todas as chances de crescer, de evoluir e de buscar a luz. Essas emoções destrutivas são poderosas, cruéis, capazes de varrer a integridade de um indivíduo e de todos que o cercam e de passar geneticamente essa infelicidade para aqueles que gerar. Para esse trabalho tão árduo e ao mesmo tempo fácil e perfeito é preciso ter ferramentas e dedicação e a maioria das vezes essa ferramenta é o próprio corpo. Alguns escolhem comer sem parar e engordar, para humilhar a si mesmos e aos que cercam, lentamente; outros escolhem se matar mais rápido, com eficácia, levando consigo o coração de quem estiver por perto e deixando para a eternidade a marca escura de seus atos, a qual recairá sobre os seus filhos e assim sucessivamente até que alguém dê um basta. Não questiono o motivo pelo qual a espiritualidade tem encaminhado para mim clientes envolvidos com a autodestruição e a maioria usa uma energia muito poderosa, capaz de levar qualquer um ao buraco mais profundo e com eles todos os que o cercam, quer seja a família ou amigos, a chamada maconha.
Talvez eu já tenha a experiência de outras vidas e tenha com elas aprendido a lição porque amo a vida e gostaria de não ter que dormir para poder fazer muito mais, vivenciar muito mais, aproveitar, sentir o ar entrar e sair dos meus pulmões sadios como uma canção infantil. Nunca fumei, jamais fiz uso de drogas ilegais e faz muito tempo que sequer uso vitaminas artificiais e legais porque fiz opção pela saúde física, mental, espiritual, holística, que recolho das flores, dos frutos, do ar e do Sol. Ainda não tenho as asinhas de anjo, mas Ramatis repete constantemente que a nossa vocação é ser anjo e eu também repito isso porque adorarei o dia em que puder voar para ver lá de cima a beleza do mundo e da vida, para percorrer todas as partes da terra, ver todas as formas e cores dos olhos humanos e aprender ainda mais.
A verdade nua e crua é que a maconha é realmente poderosa. Ela faz dos seus usuários uma espécie de soldado que enfrenta a tudo e a todos para defender a sua energia nem que para isso tenha que quebrar os laços com a família e a sociedade. Há profissionais de todas as áreas, até de segurança, utilizando a maconha como válvula de escape na inocência de que ela os deixará em paz com sua própria força e energia. E a válvula um dia explodirá. A maconha consome a energia de que a utiliza. Ela se apodera da vibração espiritual e cobre todo o ser da energia sem cor, que é a cor do seu veneno enganador.
É da mesma forma que as flores dos sistemas florais chegam para os sintonizadores sérios, comprometidos com a espiritualidade, já que floral é indicado para os corpos sutis e assim sendo necessariamente passa pela sintonia enérgica entre a flor, o objetivo dela e o sintonizador. O sintonizador sente no corpo e na alma a energia da planta. A maconha é relaxante? Não, é consumidora, suga a energia vital dos chacras e centros de força, abre buracos na aura e muda a rotação vibracional e sonora dos neurônios, deixando no sistema celular lento, rodando o código de uma nova programação, capaz de domar, humilhar, arrancar do usuário todas as suas forças racionais e luminosas. Por que será que a maconha diminui a quantidade de esperma e a potência sexual? Porque tirando a força sexual à energia sem cor se apodera facilmente do espírito do usuário. De onde vem a criatividade e a vida senão do sexo? É a energia sexual quem explode levantando o bailarino no palco. Com certeza a ciência demorará séculos para verificar essas afirmações.
Felizmente já existem aparelhos que fotografam a energia vital. Os russos estão avançados nisso, mas as minhas informações vêm de outras fontes, bem aqui e agora, e não tenho dúvida alguma de que o que vejo nos usuários de maconha é um desastre. Todo vício é um suicídio lento, inclusive o álcool.
E tem gente que acredita que maconha não vicia! Todos nós terapeutas temos o direito de rejeitar um cliente, de parar um tratamento quando o cliente não quer produzir, não quer se trabalhar ou quebra de alguma forma a transferência, a confiança mútua. Meu cliente, que chamarei de Rudi, veio pelas mãos de seu irmão querido, atormentado e prejudicado pela conduta viciada e degenerativa do irmão mais novo. Aos 14 anos Rudi deixou-se influenciar pelos “amigos” que cultuavam os programas culturais autodestrutivos dos concertos de rock, das bandas da cidade, todos regados a muita maconha e outras drogas. Levado pelo “amigo”, Rudi entrou no clube dos soldados da escuridão e das sombras. Adotou farda preta, a roupa preta, os trejeitos, piercing, cabelo longo, roupas largas sem estética, sujas, e tatuagens. Passou a roubar a família, a mentir, a fugir da escola, a ter dificuldades de se concentrar, estudar, raciocinar e a deixar rodar a fita da programação autodestrutiva que culmina com a celebração de um grosso cigarro de maconha. É só olhar para o altar dos heróis mortos, autodestruídos, e iremos encontrar Elis Regina, meu colega de faculdade Renato Russo, e todos os norte-americanos maravilhosos e suicidas como
Jimmy Hendrix. De que vale o herói morto e covarde consigo mesmo? Estes e muitos
outros são valores de cabeça para baixo, os quais os adolescentes mal-amados adotam sem saber que protestam por uma causa perdida.
Rudi enveredou pela homossexualidade não pela vontade própria, mas porque depois de uma série de “baseados” ou “bagues” ele simplesmente perdia o controle e se deixava violentar sexualmente para “pagar” os favores dos amigos, companheiros e traficantes, que lhe davam o fumo em troca da sua juventude e inocência ultrajada. O que será que Rudi procurava nessa gente
fora de casa? Chegou a dormir profundamente e ao acordar apenas notar que havia sido usado sexualmente, sem saber por quem. Ao chegar em casa, certa madrugada, bateu com o carro na garagem porque não viu o portão fechado.
Feriu-se profundamente no rosto e quase morreu sem socorro. No hospital, o seu ânus sangrava porque havia sito violentado, sabe-se lá como e por quem.
Rudi é um rapaz bonito, de olhos claros, alto, e quando pega um Sol sua pele fica da cor de jambo. Aos 21 anos de idade já tem herpes, sífilis, já contraiu gonorréia, sofre de uma espécie de rinite sem fim, teve o nariz operado porque teve as paredes internas destruídas por cocaína e ácido. Rudi é um trapo de gente, fedido, em processo acelerado de autodestruição. Aqueles que o acompanham espiritualmente riem de todas as minhas palavras e tentativas de trazê-lo de volta para a vida e para a luz. A família já não tem condições de reinterná-lo em clínicas alopatas caríssimas e inúteis porque a qualquer momento ele será traído pela memória de suas próprias células e a medicina ainda não está preparada para trabalhar com o DNA sutil. É interessante ver como ele não houve a ninguém que quer ajudá-lo e nem a seus instintos mais naturais.
Não adianta procurar os culpados porque em nada traria Rudi de volta. É uma decisão pessoal de perder a vida sem platéia porque todos aqueles que abusaram sexualmente pela comunhão da maconha e das drogas já estão longe, bem longe, porque Rudi não tem mais dinheiro para manter o vício e nem o seu corpo tem saúde. A juventude da sua vida foi ultrajada, vilipendiada, traída. Encarei alguns de seus obsessores e companheiros de infortúnio voluntário e tive muitos problemas. Fui seguido e perturbado no sossego da minha casa. Desisti dele porque ele há muito desistiu de si mesmo.
Enquanto isso, a rainha da escuridão está solta nas ruas cantando pneus, de sorriso aberto, de abraços amigáveis, aliciando e recrutando outros Rudis, que poderá ser meu filho. Por falar nisso, em que segundo da vida Rudi tomou o trem diferente de sua família ou foi a sua família que o esqueceu em algum momento da vida? Onde foi rompido para sempre o laço do amor? Nos poucos momentos de lucidez no consultório Rudi chorava e queria ser abraçado. Seu corpo se curvava completamente na cadeira e as lágrimas eram como rios quentes, intermináveis. Tive vontade de abraçá-lo e mimá-lo como um bebê, mas tive que me chamar de volta para a cadeira de terapeuta, de onde não se pode sair.
Há uma teoria segundo a qual o mal nunca vence. Eu duvido muito. O universo não faz julgamentos. Os anjos do mal ficarão eternamente nessa condição até que um dia aceitem a misericórdia divina e decidam veredar pelo bem. A escolha é sempre nossa, da felicidade ou da infelicidade. Rudi permitiu entrar nesse ciclo assim como jamais permitiu ajuda para que dele saísse.
Como tudo é assim na terra como no céu, em algum lugar do umbral Rudi estará por muito tempo. Deve ser interessante para ele conviver com os sem-memória, sem lembranças, sem-referências, sem-esperança, sem as partes de si mesmos, onde o cheio do enxofre é forte e permanente, e onde ele daria tudo por um “bague”. Como vivemos neste momento no processo depurador espiritual dos tempos, a caminho do feixe de luz do Terceiro Milênio, muitos Rudis serão deixados para trás como o nosso rei da covardia se deixou nesta vida. Eu trabalho com os florais de Bach e Saint Germain e vejo todo dia “milagres” acontecerem com os meus clientes e com todos as pessoas que decidem colocar a energia das flores do bem em suas vidas. Vejo a luz surgir como os raios de um novo dia na vida de cada pessoa porque os florais são feitos de flores medicinais não venenosas. Isso tudo é o oposto do que vi surgir na vida de Rudi. Mais uma vez, que só existem dois estados que se aplicam a todos os aspectos da vida humana: a luz ou a escuridão. Talvez um dia o lado angelical do bem da maconha seja descoberto. Com certeza, no formato de fumo e chá não o é. O espírito de Rudi, morto aos 22 anos de idade, que o diga. Fala Rudi! E fale alto se for capaz, já que você agora é um soldado quase-eterno da rainha da escuridão da noite.

*Texto extraído da Internet e de autoria do Dr. José Joacir dos Santos, Psicoterapeuta e Jornalista.*

EXPERIÊNCIA

Os ex-presidentes Ernesto Zedillo, César Gaviria e Fernando Henrique (da esq. para a dir.), em encontro no Rio, na semana passada. Eles defenderam a revisão das leis contra as drogas e a descriminalização da posse de pequenas quantidades de maconha

O que pode parecer a conservadores uma tremenda ousadia não passa, na verdade, de um gesto simbólico do continente produtor de drogas, a América Latina. Um gesto com os olhos voltados para o Norte, o hemisfério consumidor por excelência. Nos Estados Unidos, ainda se encarceram usuários na maioria dos Estados, e a Europa faz vista grossa ao consumo, mas não muda sua legislação. A comissão latino-americana acha “imperativo retificar a estratégia de guerra às drogas dos últimos 30 anos”. Nosso continente continua sendo o maior exportador mundial de cocaína e maconha, mas produz cada vez mais ópio e heroína e debuta na produção de drogas sintéticas. Um maior realismo no combate às drogas, sem preconceito ou visões ideológicas, ajudaria a reduzir danos às pessoas, sociedades e instituições.
Há quem discorde dessa visão, com base em argumentos também poderosos. Com a liberação do consumo da maconha, mais gente experimentaria a droga. Isso aumentaria o número de dependentes e mais gente sofreria de psicoses, esquizofrenia e dos males associados a ela. Mais gente morreria vítima desses males. “Como a maconha faz mal para os pulmões, acarreta problemas de memória e, em alguns casos, leva à dependência, não deve ser legalizada”, afirma Elisaldo Carlini, médico psicofarmacologista que trabalha no Centro Brasileiro de Informação sobre Drogas (Cebrid). “Legalizá-la significaria torná-la disponível e sujeita a campanhas de publicidade que estimulariam seu consumo”.
Matéria publicada na revista Época e extraída na Internet http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI26753-15228,00-MACONHA+E+HORA+DE+LEGALIZAR.html

VI – Vamos para a Ciência e deixar de Ilusão?
2ª Parte

Maconha e Saúde II

Introdução

Em um levantamento feito entre estudantes do ensino fundamental e do ensino médio das 10 maiores cidades do país, em 1997, 7,6% declararam que já haviam experimentado maconha e 1,7% declararam fazer uso dela pelo menos 6 vezes por mês (BRASIL, CEBRID).
A probabilidade que um americano de hoje tenha um abuso de drogas ou desordem de dependência é de 36% para nicotina, 14% para o álcool e 4% para a maconha. Um estudo de 1996 observou que 11,7 milhões de americanos usaram uma droga ilícita no mês anterior à pesquisa, sendo que os usuários regulares de maconha (uso semanal ou de maior freqüência) totalizaram 5 milhões (JULIEN, 1998).
KALINA (1997) refere que o mundo médico continua ignorando os dados que a maconha, droga psico-neuro-tóxica, causa ao ser humano.

Hoje em dia, estudos referem que a maconha desempenhou um papel social na escravidão, além de ser usada em rituais religiosos (GABEIRA, 2000).

Para produzir um estado eufórico, há a necessidade da ingestão de 25-50mcg de THC por quilograma de peso (em caso de absorção através da via aérea) e 50-200mcg de THC por quilograma de peso (em caso de absorção através do trato gastrointestinal). A dose alucinógena correspondente é se 200-250mcg de THC por quilograma de peso (pulmões) e 300-500mcg de THC por quilograma de peso (trato gastrointestinal). O uso de 2 cigarros por dia corresponde a 5-10mg de THC, experimentando euforia moderada (MANN, 1996).

Por o tetrahidrocanabinol (THC) ser altamente lipofílico, demora muitos dias para ser eliminado e apenas 20, 25 e, às vezes, 30 dias após o último uso é que ocorrem os sintomas de abstinência, incluindo irritabilidade, inquietação, angústia, tremores, alterações de sono e de apetite, agressividade, além de buscar substância dopaminérgicas como cigarros e/ou café que atuam como o THC, de preferência nos receptores DA2 no núcleo do septo acumbente na área límbica do cérebro (KALINA, 1997). Também por esta propriedade lipofílica, tem sido difícil estudar o THC e os canabinóides relacionados, inclusive fazendo com que alguns pesquisadores sugiram que o efeito se dê através de ação direta na membrana e não mediada por receptor (NESTLER et al., 2001).

A maconha pode se tornar extremamente tóxica quando está intoxicada com paraquat, um herbicida químico muito venenoso usado para matar plantas indesejáveis. Ele afete os pulmões e outros órgãos. O pior problema é que muitas vezes este herbicida é dificilmente identificado na maconha (WEIL e ROSEN, 1993).

Composição

SÁ descreve 421 constituintes da maconha, sendo eles:
– Canabinóides (61 conhecidos), entre eles do tipo canabigerol, canabicromeno, canabidiol, delta-9-THC, delta-8-THC, canabiciclol, canabielsoin, canabinol, canabinodiol, canabitriol, miscelanio e outros;
– Compostos nitrogenados (20 conhecidos), entre eles: bases quarternárias, amidas, aminas e alcalóides espermidina;
– Aminoácidos (18 conhecidos);
– Proteínas, Glicoproteínas e Enzimas (9 conhecidos);
– Açúcar e compostos relacionados (34 conhecidos), entre eles: monossacarídeos, dissacarídeos, polissacarídeos, ciclitóis e aminoaçúcar;
– Hidrocarbonetos (50 conhecidos);
– Álcool simples (7 conhecidos);
– Aldeídos simples (12 conhecidos);
– Acetonas simples (13 conhecidos);
– Ácidos simples (20 conhecidos);
– Ácidos graxos (12 conhecidos);
– Ésteres simples e lactonas (13 conhecidos);
– Esteróides (11 conhecidos);
– Terpenos (103 conhecidos), entre eles: monoterpenos, sesquiterpenos, diterpenos, triterpenos, miscelânea de compostos de origem terpenóide;
– Fenóis não canabinóides (16 conhecidos);
– Glicosídeos flavonóides (19 conhecidos);
– Vitaminas (1 conhecida);
– Pigmentos (2 conhecidos).
As relações dos canabinóides variam de hora a hora, dia a dia, etc., portanto a todo tempo as mudanças são dinâmicas (SÁ).

Maconha e Sistema Cardiovascular

Alguns dos efeitos fisiológicos comumente relacionados com o THC são o aumento da freqüência cardíaca e da pressão arterial. As veias sanguíneas da esclerótica podem dilatar, o que resulta em pequenos derrames nos olhos, freqüentemente observados em pessoas que acabaram de fumar maconha. Este aumento da freqüência cardíaca pode ser um problema para as pessoas com algum tipo de doença cardiovascular (JULIEN, 1998).

Maconha e Imunidade

Além dos receptores canabinóides serem encontrados no Sistema Nervoso central, também são encontrados no sistema imune. Estes receptores tem sido localizados, por exemplo, na membrana das células esplênicas. Quando ativadas pelo THC, estes receptores inibem o sistema de segundo mensageiro mediado pela adenilato ciclase intracelular, reduzindo a habilidade das células esplênicas funcionarem adequadamente na resposta imunológica. O uso prolongado da maconha tem sido relacionado com uma imunosupressão, aumentando a susceptibilidade do fumante a infecções ou doenças (JULIEN, 1998).
O THC suprime a produção de interferon in vitro e in vivo, podendo também afetar a função de linfócitos e macrófagos também in vitro e n vivo. Além disso, pode interferir nas primeiras etapas dos sinais de transdução linfocitária. Assim, parece que aumenta a susceptibilidade às infecções crônicas e/ou tumores, além de infecções oportunistas, fungos ou vírus. Ainda mais importante, os indivíduos que já têm um sistema imunológico comprometido pela presença de tumores ou com funções imunossupressoras causadas por infecção, apresentam um risco mais alto sob o efeito dessas drogas em contraposição aos indivíduos sãos. Por exemplo, as pessoas com HIV podem correr maior risco de desenvolver a AIDS ao fumar maconha, parecendo que esta evolução seja acelerada (KALINA, 1997).
Com o uso continuado, vários órgãos do corpo são afetados. Os pulmões são um exemplo disso. A fumaça da maconha é muito irritante já que é proveniente de um vegetal que não é tratado como o tabaco comum. Essa irritação constante leva a problemas respiratórios (bronquites) como também ocorre com o cigarro comum. Mas, o pior é que a fumaça da maconha contém um alto teor de alcatrão (maior que o cigarro comum), de benzopireno, conhecidos agentes cancerígenos. Ainda não está provado cientificamente que o fumante crônico de maconha está sujeito a adquirir câncer de pulmões com maior facilidade, mas os indícios, em animais de laboratório, são cada vez maiores de que isto pode acontecer (BRASIL, CEBRID).
Comparando-se o poder carcinogênico da maconha com a do tabaco, pesquisadores informam que uma quantidade maior dos mesmos agentes causadores de câncer no cigarro comum é encontrada na maconha que se fuma (KALINA, 1997). Além disso, seu conteúdo de alcatrão é muito maior que o encontrado no cigarro comum (JULIEN, 1998).

Os pacientes oncológicos que usam a maconha para combater as náuseas causadas pela quimioterapia podem aumentar o risco imunossupressor, o que pode aumentar a probabilidade de recorrência de tumores durante a terapia. De mesmo modo, os pacientes transplantados de medula óssea, a quem se administra um produto que contém THC para aliviar a náusea, podem correr maior risco de contrair infecções oportunistas (KALINA, 1997).
Além da supressão geral do sistema imune, o THC inibe a função das células especializadas em morte de tumores (JULIEN, 1998).

Maconha e Hormônios

Já existem muitas provas de que a maconha diminui em até 50 a 60% a quantidade de testosterona (BRASIL, CEBRID).
CARLINI (1980) levanta estudos que relacionam a maconha e seus princípios ativos com a redução da testosterona, redução da espermatogênese, surgimento de ginecomastia e homens. Em animais de laboratório, os efeitos da maconha e seus princípios nos hormônios foi ainda maior: aumento do estrogênio, aumento do metabolismo da testosterona, redução da testosterona (em diversos estudos), diminuição do comportamento copulatório, diminuição da espermatogênese, diminuição do desenvolvimento das vesículas seminais, testículo e próstata, aumento do peso do útero e atividade estrogênica própria.
Além disso, também reduz os hormônios FSH (hormônio folículo estimulante) e LH (hormônio luteinizante). Os ciclos menstruais podem ser afetados e ciclos anovulatórios têm sido descritos (JULIEN, 1998).

Maconha e Gestação

A leucemia não linfoblástica é 10 vezes mais freqüente em crianças nascidas de mães que fumam maconha do que daquelas outras que não foram expostas a essa droga (KALINA, 1997).
Um estudo verificou que crianças que tiveram mães que fumaram maconha durante a gestação, começavam a ter um aumento dos problemas de comportamento e redução da performance em habilidades visuais, compreensão de linguagem, atenção e memória a partir dos 4 anos (JULIEN, 1998).

Maconha e Mente

A síndrome amotivacional que a maconha causa pode estar relacionada com o fato dela levar algumas pessoas a um estado de dependência, ou seja, elas passam a organizar a sua vida de maneira a facilitar seu vício, e tudo mais perde seu real valor (BRASIL, CEBRID).

Pesquisadores demonstraram que a analgesia provocada pela maconha é devida à ação bloqueadora do THC sobre as fibras pré-sinápticas. Assim, este efeito do THC tem realmente um componente periférico (CORLINI).

Com relação ao prejuízo que a maconha traz ao aprendizado e à memória, uma pesquisa foi realizada com ratos de laboratório que eram treinados para aprender a memorizar o trajeto de um labirinto. Parte dos animais recebia maconha 3 minutos antes de cada treino diário e os restantes eram apenas controles, recebendo apenas solução de soro fisiológico. O resultado final revelou que 20% dos animais tratados com maconha, após terem aprendido parcialmente a tarefa, passaram a não mais conseguir fazê-la, ficando totalmente perdidos no labirinto. Por saber-se que o ácido ribonucléico (RNA) seria responsável pela memória dos seres vivos, foi realizada uma dosagem de RNA no cérebro desses animas. Porém, os resultados foram negativos (a maconha não reduziu o RNA no cérebro dos animais), sugerindo que a maconha exerceria um outro mecanismo sobre a memória e aprendizado ao qual não podia ser explicado até o momento. Mas, o fato é que a maconha interfere com a capacidade de aprendizagem e memória de certos animais (CORLINI).

Além disso, já existem provas científicas de que a maconha piora o quadro quando o indivíduo tem uma doença psíquica, mas que ainda não está evidente ou a doença já apareceu, mas está controlada com medicamentos adequados. Ou faz surgir a doença, ou seja, a pessoa não consegue mais “se controlar”, ou neutraliza o efeito do medicamente e ela passa a apresentar novamente os sintomas da enfermidade. Esse fato tem sido descrito freqüentemente na doença mental chamada de esquizofrenia (BRASIL, CEBRID).

Maconha e Cérebro

Pesquisadores descobriram em 1990 que os receptores canabinóides eram encontrados na área límbica (globus pallidus e substância nigra), hipocampo, cerebelo e lobos frontais. Se considerarmos que, em doses baixas, a maconha produz euforia, relaxamento e alterações na percepção, em doses médias estimulação psíquica e falta de coordenação e, em doses altas, uma séria incapacidade psicomotora e relacionarmos estes sintomas com as áreas cerebrais mencionadas, começamos a entender as bases neurofisiológicas das conseqüências do seu consumo (KALINA, 1997).
O tetrahidrocanabinol (THC) desencadeia uma ação dopaminérgica, especialmente a elevação da substância conhecida como bufotenin, uma amina H-metilada, equiparável à registrada na urina de pacientes psicóticos. Além disso, foi verificado que o THC é a única molécula que se une à proteína G acoplada ao receptor de canabinóides, que inibe a adenilato ciclase. Estudos apontam que este processo inibitório ocorre em certos tipos de neurônios (a adenilato ciclase também é inibida em concentrações baixas de magnésio ou quando a pessoa ingere álcool, sendo piorada quando o álcool é usado juntamente com a maconha) (KALINA, 1997).
Este receptor é conhecido como receptor CB1, sendo que os canabinóides não são seus ligantes naturais. A maior parte das evidências sugerem que o ligante endógeno deste receptor é um derivado do acido araquidônico, conhecido como anandamida. Esta substância preenche alguns critérios de uma substância endógena canabinóide símile como: está localizada no cérebro e pode ativar receptores canabinóides; é liberada por neurônios em resposta a uma despolarização; e parece executar uma rápida inativação quando é liberada (NESTLER et al., 2001).
Assim, O THC não inibe diretamente esta enzima intracelular adenilato ciclase, mas age em um receptor específico fazendo com que esta enzima seja inibida no final, através do mecanismo de segundo mensageiro. Hoje, sabemos que estas proteínas-G inibidoras de adenilato ciclase e ligadoras de canabinóides, ou seja, os receptores canabinóides, inibem o fluxo de íons de cálcio e facilita os canais de potássio, assim como os opióides fazem com seus receptores. Assim, os receptores de canabinóides são estruturalmente semelhantes aos receptores opióides (JULIEN, 1998).
Em 1991, pesquisadores que usaram o método PET (tomografia de emissão de positrons) descobriram que o THC produz alterações imediatas e mais prolongadas no metabolismo do cerebelo e que nos consumidores crônicos, reduz a atividade do cerebelo, se expressando através de alterações da coordenação motora, proprioceptivas e da capacidade de aprendizagem (KALINA, 1997).
O hipocampo tem um papel fundamental no que diz respeito à transferência da memória e sua consolidação. A maconha altera as interações da acetilcolina, neurotransmissor que, entre outra funções, também intervém no processo de memória (KALINA, 1997).
Estudando-se as interações entre os glucocorticóides e os canabinóides no hipocampo, pesquisadores afirmam que os canabinóides podem interagir com o sistema receptor dos glucocorticóides no hipocampo. Esta interação é de um antagonismo fraco, mas também já foi sugerido que pode atuar como agonista. Assim, podem exercer ação neurotóxica como ocorre no estresse, na terapia com corticóides ou no processo de envelhecimento. Portanto, seja por esta ação agonista tipo à dos glucocorticóide quanto aos efeitos neurotóxicos, ou por o THC inibir o “feedback” negativo do controle sobre a secreção da acetilcolina, os resultados tóxicos por elevação dos corticóides são semelhantes (KALINA, 1997).

Maconha e Imagens

Nos últimos anos, graças aos avanços dos recursos tecnológicos na investigação do sistema nervoso humano (ressonância magnética nuclear, tomografias computadorizadas: CAT, PET, SPECT, mapeamentos cerebrais –, os eletroencefalogramas simples e prolongados, as polissonografias, os hipnogramas e os aminogramas em sangue e/ou urina, entre outros) puderam ser esclarecidas algumas dúvidas com relação á maconha (KALINA, 1997).

Em consumidores abusivos, são encontradas zonas de hipoperfusão em diferentes regiões, mediante a tomografia de fóton (SPECT), nos indicando que há um ponto na história do consumo onde ocorre sofrimento neuronal, fenômeno que parece irreversível (KALINA, 1997).

Maconha e Associações

Foi observado um aumento de registros de acidentes de automóveis, motos, trens e até caminhões, envolvendo motoristas consumidores de maconha. Um experimento com pilotos de aviação avaliou que a maconha é mais perigosa que o álcool e a mistura de ambas. Existem informações que o THC é 4000 vezes mais potente que o álcool ao produzir uma diminuição no desempenho de um motorista em condições adequadamente controladas (KALINA, 1997).
Em 1993, foram estudadas 175 pessoas detidas por dirigir “temerariamente”, sob a influência de cocaína ou maconha. Destes, 68 motoristas tinham teste de detecção da maconha positivo. 88% (60 pessoas) oscilaram entre estados moderados ou de extrema intoxicação e 12% (98 pessoas) não mostraram sinais de alteração. Em 18 casos, também foi detectada cocaína. Foram classificados 3 tipos de conduta de acordo com o estado de ânimo: 19% (8 pessoas) foram classificados como paranóides, briguentos e arrogantes, 62% (26 pessoas) como cooperativos, despreocupados e felizes, e 19% (8 pessoas) como lentos e sonolentos (KALINA, 1997).

Relatos

A tese de Ferraz (1981) entrevistou 15 voluntários de ambos os sexos, com idade variando de 21 a 29 anos, com escolaridade universitária. Como pré-requisito, esses voluntários não deveriam utilizar a maconha ou outra droga habitualmente. Em caso de utilização eventual, não deveriam tê-las usado durante os 20 dias anteriores à pesquisa.
Os voluntários foram submetidos a 2 provas com intervalo mínimo de 1 semana. Eram convidados a chegar às 8:30 horas da manhã à sala de experimentação, onde recebiam instruções de que estavam diante de uma administração que poderia ser do princípio ativo ou placebo (duplo-cego), que em intervalos regulares seriam tomados os seus pulsos, que seriam solicitados a “produzir” o tempo de 1 minuto, além de serem submetidos a entrevistas nas quais poderiam expor o que estavam sentindo ou pensando. O THC foi fornecido em solução alcoólica de 100mg/ml, sendo usado na dosagem de 0,5mg/kg de peso do voluntário. As entrevistas foram realizadas após 20, 70, 110 e 160 minutos da ingestão do princípio ativo ou placebo.
Os relatos a seguir são de pessoas que ingeriram o princípio ativo (via gastrointestinal), sendo o tempo da entrevista marcado entre parênteses (FERRAZ, 1981):
CASO 1:
– “É como se minha mão pudesse entrar dentro da barriga. É uma sensação diferente. Eu posso contar a sensação que tenho… parece que falei isto há bastante tempo. Eu fico reprimido por causa da sua presença. Tenho sensações que são difíceis de descrever. Coisas coloridas dentro do corpo, sem nenhum formato. Estou me sentindo como um castelo… Meu corpo fica tomando diversas formas… Olhando para os objetos nenhuma forma se altera, mas a cabeça está muito pesada… Minha cabeça parece um carrossel, fica girando muito… Estou bem, mas esquisito. Fico adquirindo formas as mais diferentes.” (após 70 minutos da administração);
– “Tenho sensações que não são boas. Já faz tempo que passaram, já são boas novamente. Eram pigmentações patológicas da anatomia patológica… Não posso escapar dos meus problemas, mas quando eu perco o tempo, é muito bom” (após 110 minutos);
– “… ainda estou muito pirado” (após 160 minutos).
CASO 2:
– “Sinto um gosto na boca um pouco estranho. Um pouco amargo.” (após 20 minutos);
– “O que aumentou foi o sono.” (após 70 minutos);
– “Sinto arrepios de frio. É mais no tronco, como se não estivesse agasalhado.” (após 110 minutos);
– “… estou sentindo meio tonto. Na última medida do tempo, eu não sabia se estava contando ou não. Eu me sinto agora sem noção do tempo todo da experiência. Não sei se não fiquei ausente por um pedaço de tempo, depois da última contagem.” (após 160 minutos).
CASO 3:
– “Estou estranho, parece que estou embaralhado. Parece uma luz estroboscópica. Quando você tomou o pulso, parece que demorou 5 minutos.” (observação após 37 minutos – aos 20 minutos, não observou nada de diferente);
– “Agora falo coisas e não tenho certeza do que falei… É um frio na barriga, como na montanha russa. Quando fecho os olhos piora… Estou pensando tudo rápido. É muita coisa junta. É como se fosse uma coisa orgânica. Quando mexo a perna, o braço, sinto uma coisa ruim, como se estivesse tudo adormecido… Agora foi incrível, tive dificuldade para te ouvir. Tive que prestar muita atenção.” (após 70 minutos);
– aos 94 minutos da administração, este paciente pede água porque está com sede;
– “É estranho. Parece que há meio minuto estava completamente diferente. Estava estranho; de repente está mais nítido. A sensação era desagradável. Era como… fecho os olhos, não é que gira, parece com isso mas não é isso. Acho desagradável; quando fica tempo acho que fico angustiado. Quando fecho os olhos isso vai piorando, piorando. Acho que não posso ficar muito tempo com os olhos fechados. Não consigo fixar a vista, parece que estou olhando para mil lugares. Nem se eu quiser eu consigo fixar um ponto, meu olho fica andando.” (após 110 minutos);
– “Eu ainda estou estranho, mas as sensações diminuíram. Parece que eu reajo devagar, como quem acaba de acordar. Como alguém que está com muito sono, mole, em câmara lenta.” (após 160 minutos).
CASO 4:
– “Estou com um gosto amargo na boca.” (após 20 minutos);
– “Comecei a ficar inquieto… Senti o meu corpo vibrar um pouco mais, como se as pulsações tivessem aumentado. Estou sentindo que há diferença entre as duas conversas. Sinto essa situação Omo totalmente diferente da outra. Eu me sinto me expondo mais. Eu estou me expressando com mais facilidade. Sinto uma sensação e uma vontade de pensar muito. Acho que estou com vontade de expressão… Não está monótono agora; estou mais inquieto… O estímulo para sensibilidade está pouco… O meu pensamento vai se dividindo mais. Eu preciso fazer força para voltar à conversa. O pensamento vai sozinho, vai embora.” (após 70 minutos);
– “O pensamento vem muito rápido e de repente ele passa e muda tudo. O ritmo do pensamento vai muito depressa e às vezes vem devagar.” (após 110 minutos);
– “Comecei a sentir tremores nos braços, um balançar de braços. Sinto um pouco de frio… Senti a boca muito seca (solicitou água) O gosto amargo continuou na minha boca… Eu me senti um pouco enclausurado agora. Eu cheguei a pensar que isso fosse uma prisão, uma solitária. Eu me levantei para melhorar a ansiedade.” (após 160 minutos).
CASO 5:
– “Sinto-me um pouco angustiado… Acho que o pulso está um pouco rápido… A expectativa é do que vai acontecer daqui há pouco, se vai acontecer… isto é desconfortável.” (após 20 minutos);
– “Sinto um pouco de aperto no peito, uma leve tontura, um certo desligamento do ambiente. Parece que sou mais espectador e não participante. A angústia que estou sentindo é mais física que psíquica… para contar o tempo está mais difícil, estou distraindo mais.” (após 70 minutos);
– “Estou com muitas sensação física, tenho uma queimação que vem do peito, passa pelo corpo, vem nas pernas de cima para baixo. A sensação no peito é mais desagradável… Não consigo mais prestar atenção no que estava lendo. Tenho sensações corporais, tremor pelos braços. Está desagradável o aperto no peito… Tenho sensações de estar apertando a cabeça. O físico está dissociado do pensamento. Como se o físico estivesse sentindo a sala, a temperatura, minhas idéias não têm conecção com isso. Os pensamentos estão mais acelerados e não chegam a se completar (o paciente queixa-se de boca seca e sensação de calor). Sinto a saliva espessa como se fosse um mingau. Os sentimentos estão variando muito, às vezes é tristeza ou alegria de acordo com as idéias que vou pensando. Conforme muda o pensamento, muda o sentimento, como se estivesse variando a todo momento. Tenho sensação de confusão e não consigo parar. É como um filme que não para. O pensamento não consegue se formar e já muda… O peito está incomodando… Cálculo o tempo olhando para a parede e vejo dois ponteiros… Engraçado estar vendo algo que você não vê. Eu vi, você não viu, para mim era tão real, acho engraçado que você não tenha visto.” (após 110 minutos);
– “Sinto-me como se não pudesse dominar o que está acontecendo. Isso me causa apreensão. Essa falta de controle é como se tivesse entrado em um tipo de parapercepção. Sei como começou, o fim não dá para delimitar… Tenho tremores quentes e luminosos. Estou confuso… Acho que estou meio tonto, meio confuso, esse embaralhamento de idéias acaba cansando. Está se tornando um pouco ruim. O fato das idéias estarem ocorrendo está desagradável.” (após 160 minutos).
CASO 6:
– “É uma sensação forte. É difícil de definir; estou com vontade de dar risada. É uma sensação bem intensa. Percebo que estou num estado de hilariedade… Acho que está havendo uma lentidão nas coisas, parece que as coisas estão bem devagar, num cenário em câmera lenta.” (após 20 minutos);
– “Eu não consigo me concentrar, não consigo centralizar um tema, pois aparecem umas imagens visuais no pensamento. Tem um fundo azul ou preto, tem umas estrelinhas amarelas ou vermelhas… Os pensamentos estão extremamente lentos, tenho sensação de dormência, sonolência, boca seca. Passou na minha cabeça quadros da minha infância, todos os quadros como flash back.” (após 70 minutos);
– “Não estou pensando muito. Os pensamentos estão distantes, não consigo me concentrar em nada, são várias imagens, agora em menor número. Estou sentindo que estou em outro mundo, tenho uma série de visões na esfera do pensamento, visão de alguns contos de mil e uma noites que eu li quando eu era criança… Os efeitos estão cessando, o início foi de hilariedade, depois foi visual, depois foi um desligamento e agora estou assim.” (após 110 minutos);
– “Sensação de apatia em relação a tudo. Agora é mais uma ausência de pensamento.” (após 160 minutos).
CASO 7:
– “Estou devaneando… Estou vendo um grande elefante cor de rosa na parede.” (após 20 minutos);
– “Há um mundo de sonhos coloridos. Eu devo ter dormido… Há lugares maravilhosos passando em uma freqüência muito rápida, como se estivesse em um avião muito rápido… Eu não sou capaz de fazer a mão abaixar… Estou fora do ar, não consigo entrar na realidade… Estou sentindo taquicardia.” (após 70 minutos);
– “São coisas rápidas, pe muita coisa passando. Você acredita. É muito rápido, não dá para dar descrição detalhada. É muito rápido.” (após 110 minutos);
– “As imagens continuam a passar rapidamente. Todas elas têm um significado especial para mim.” (após 160 minutos).
CASO 8:
– (paciente queixa-se de frio, mas refere sentir-se bem) (após 20 minutos);
– “Senti um pouco de tontura, principalmente quando fui ao banheiro. Não sei explicar bem, eu sinto uma sensação de ansiedade, e como se fosse uma prova e agora é um pouco de taquicardia. Tenho impressão que a minha vista se embaça. Não sei bem definir, estou com vontade de rir… É antagônico, porque às vezes eu me sinto muito triste. Tenho sensação de medo, eu não sou uma pessoa medrosa, no começo senti medo de você, de você ficar me observando. Acho constrangedor e não medo. Acho que tenho que manter minha linha… é uma sensação variante entre tristeza e vontade de rir. Não estou mais com frio, sinto ondas de calor, como se fosse febre. Não é agradável, estou com muita ansiedade agora. Meu coração está batendo muito… A onda começa no braço e vai para o peito. O coração dispara. Não estou conseguindo falar, acho que se eu for falar eu vou começar a chorar… Estou me controlando, sinto palpitações, sinto ondas pelo corpo, não consigo abrir os olhos, sinto os olhos embaçarem, como se viesse de um lugar escuro para um mais claro. Estou com tremores, calor como se fosse febre, estou sentindo sede.” (após 70 minutos);
– “Sinto tonturas, viro a cabeça e tudo fica girando. Não vejo girar mas sinto embaçado. A boca está seca e não dá para falar… Tenho a impressão que as coisas estão durando mais tempo. As coisas estão correndo. Um minuto parece cinco… Sinto que há dois tempos… Estou me sentindo bem melhor. Era uma sensação de tristeza, nada era definido… Não conseguia falar para não chorar. Não gosto de chorar. Estou triste novamente, não sei porque. É desagradável, é bastante desagradável. Sinto calor, as ondas vão até a perna, Sinto o pé frio. Sinto a boca seca como se fosse com anestesia, tenho a impressão de um gosto doce. É ruim. Eu não consigo pensar em nada. Tenho a impressão de claro e escuro, de faixas e névoa.” (após 110 minutos);
– “Tenho a impressão de estar em lugar distante, escuro, chovendo, com barulho bem longe. É sensação de sono. Estou com frio. Estou com menos ansiedade. Passou aquela tristeza, não tinha uma causa definida, eu ficava triste. Da vontade de chorar e eu não consigo chorar. Meu coração dispara de novo e eu fico ansiosa. Não quero ficar só, prefiro ficar com alguém aqui dentro. Tenho a impressão que tudo está embaçado e sinto tonturas. Há uma névoa. Sinto muito tremor, calafrios, agora estou com calor. A cabeça fica latejando. O sentimento que predomina é tristeza, mas não é especificamente em nada.” (após 160 minutos).
CASO 9:
– “Estou com um pouco de azia (solicita um antiácido e é atendido) e um pouco de sono.” (após 20 minutos);
– “Estou me sentindo meio diferente, um pouco atordoado, estou sentindo o corpo estranho na hora de contar os minutos. Senti a contagem ficar um pouco mais longe de mim… Começo a me sentir diferente. Minha língua está seca. Não sei se estou atordoado ou com sono. Acho que não é sono. Por alguns instantes tive vontade de rir… Eu me sinto um pouco longe das coisas… É como se tivesse bebido um pouco e estivesse vendo um pouco mais longe. Estou um pouco desligado.” (após 70 minutos);
– (paciente queixa-se de frio) “Eu estou realmente um pouco atordoado, sentindo as coisas um pouco longe de mim. Durante a contagem eu ouvi a pulsação no ouvido e contava os números até 60. É como se a pulsação fizesse um barulho semelhante a uma ventania ou um zumbido, só que era uma pulsação… Estou preocupado se é ou não placebo… Não queria ser o tradicional cara que tomou placebo e sentiu tudo, acho que isso me coloca, em uma posição mais ridícula… Tenho que aceitar que realmente estou sentindo diferente. Agora estou contraindo os músculos da barriga achando que eu posso ir para trás… Acho que estou confundindo respostas.” (após 110 minutos);
– “Estou um pouco menos desligado… Acho que a droga está diminuindo o efeito e diminui a vontade de ficar analisando as coisas. Diminui a preocupação e a sensação de ridículo.” (após 160 minutos).
CASO 10:
– “Não sei, parece que tem uma sensação estranha, indefinida. Parece uma sensação de anestesia… as coisas não estão nítidas; elas estão paradas e parecem que se movem… No corpo é como se estivesse mexendo tudo. É mais calor. Dá a impressão que o sangue está correndo em velocidade terrível, queima o corpo todo, parece que há um calor intenso, sinto mais no peito. Os pensamentos estão mais depressa, parece que há algo muito depressa. É algo girando;isso é ruim, tudo perde o sentido, é indiferente, fica difícil falar. Parece que tenho menos saliva. A articulação está horrível. Está ruim é muito ruim, sufocante. Estou um pouco preocupada. Muito preocupada. Dá sensação de sufoco, angústia, dá a sensação de sair deste estado. Medo do que isto possa provoca. Medo que não pare a sensação. Medo de ficar sentindo isso sempre. Por toda a vida. A sensação é de ficar presa e que isso não acabe.” (após 70 minutos);
– “Estou com aquela sensação estranha, estou com tonturas. Tenho um aperto no peito. Sensação de mal-estar, sinto cansada, com ânsia de vômito. Boca seca. A sensação é ruim. Parece que sufoca e queima. A sensação é horrível. A gente se sente cansada e não consegue relaxar. Estou sentindo uma sensação de medo. Medo de ser sufocada. É medo muito grande (mediador tenta tranqüilizar). O pensamento está confuso, nada está nítido, eu não consigo pensar em nada. Ele está mais rápido. São coisas tristes o que eu penso. Tenho sensação que são coisas que sufocam.” (após 110 minutos);
– “Estou com sono. Estou com uma sensação ruim, sensação de desconforto, uma sensação que sufoca. Estou confusa, tudo é confuso e rápido. É uma tristeza mais acentuada que a habitual” (após 160 minutos).
CASO 11:
– “…sinto um pouco de sono e um pouco de frio. Estou começando a sentir a boca seca; é esquisito é uma boca seca. Sinto a língua diferente, sinto como se adormecesse a língua. O céu da boca, a língua e a boca estão mais secos.” 9após 70 minutos);
– “Os pensamentos estão bem curtos, uma imagem pula para a outra.” (após 110 minutos);
– “Acho que estou com mais sonolência, senti a cabeça pesada. Melhorou a sensação na boca.” (após 160 minutos).
* 6 horas após a administração apresentou-se nauseada, não chegando a vomitar.
CASO 12
– “Estou sentindo uma sensação como se eu tivesse bebido algo. É uma tontura semelhante à que a gente sente quando bebe álcool. A gente olha as coisas, não está girando, mas tem a sensação de estar girando… Estou me sentindo mais mole; essa sensação é desagradável. Agora acho que o meu pensamento está um pouco acelerado. As coisas estão passando rápidas e eu mudo de assunto para outro.” (após 70 minutos);
– “Aumentou o sono. Aquela sensação continua, acho que piorou um pouco… parece que está girando, Aí eu fixo em alguma coisa e vejo que não está; é como se tivesse uma névoa ou um véu em cima das coisas… Parece que estou mais mole, mais relaxada. Parece que a gente não sente as coisas direito e isso incomoda.” (após 110 minutos);
– “Estou sentindo tontura quando eu levanto a cabeça. Sinto a cabeça pesada, não estou conseguindo fixar o olho nas coisas, parece que as coisas mudam de posição. Eu fixo o olhar e as coisas parecem tremer. Eu estou ficando tonta, sinto que as coisas estão girando, está rodando tudo. Está esquisito demais. Eu sinto apagar e acender as coisas. Parece luz estroboscópica, é bem rápida. As idéias estão moles, parece que está difícil para falar. Parece que tudo diminui… Eu acho que tomei droga, pois nunca senti isso antes. Eu estou um pouco confusa. Tenho um pouco de dificuldade para a concentração.” (após 160 minutos).
CASO 13:
– “Senti tontura quando levantei para ir ao banheiro… De vez em quando dá um pouco de tontura, parece que a gente está um pouco mole, uma sensação de ficar meio oca… Acho que a minha fala está meio lenta. Eu notei quando falava com você eu dei de ombros e isso eu não faço. Eu falei uma palavra sibilante.” (após 70 minutos);
– “Quando você tomava o pulso eu senti a sua mão bem mais quente do que a minha e senti tontura (queixa-se de movimentos involuntários nos pés e nas mãos, dormência nos ombros, tonturas e muitos pensamentos ao mesmo tempo). Eu procuro visualizar um pêndulo, ele tornou-se irregular. A voz parece estar arrastada. Os pensamentos estão mais rápidos… A boca está bem seca; é desagradável. Estou me achando mais liberada nos gestos, é estranho… É uma sensação de indiferença com as coisas. Sinto uma ligeira tontura. Está um pouco mais agradável. Por outro lado não deixa de ser desagradável e diminuição do controle. O controle para mim é importante para controlar as emoções, para não expressar o que sinto. Acho terrivelmente desvantajoso não expressar o que sinto, pois me sinto com pontos fracos. Tenho medo de perder as defesas… Sinto que estou perdendo uma coisa importante, a minha postura, minha imagem. Agora aumentou porque está dando tontura. Sinto um tremor como se fosse uma tempestade no abdomem e nas pernas.” (após 110 minutos);
– “Estou mole. Meus pensamentos estão mais rápidos… Estou com fotofobia, parece que o quarto está mais claro.” (após 160 minutos).
CASO 14:
– “Me sinto diferente, como se tivesse tomado uma coisa, sinto o corpo pesado como se tivesse eletricidade no corpo. Sinto peso nas pernas e nos braços.Uma parte do corpo começou a receber a eletricidade do corpo, passava de um lado para o outro; pés e cabeça. Algumas sensações ruins como se fosse vomitar, calor no ânus, peso e aperto nos testículos. Os pensamentos são ruins e tenho medo de perder o controle das coisas. Como se eu fosse sentir mal, fazer um vexame, uma sujeira… tenho medo do que vai acontecer. Tenho medo de perder o controle. Tenho medo de quebrar as coisas. Estou com a boca seca; o pensamento às vezes está rápido, às vezes está lento, está embaralhado. A experiência está ruim. A luz incomoda, está muito forte. Não quero que o senhor saia daqui, quero que fique falando comigo para não me sentir sozinho. Acho que estou com medo de contar as coisas para o senhor. Tenho medo de contar como eu penso. Eu não me sinto bem. Uma porta bate, uma máquina está batendo alto… Estou com frio. Me sinto criança jogando bola (refere muitas lembranças de infância).” (após 70 minutos);
– (pede para trazer água e relata mais lembranças da infância) “… acho que tudo isso são loucuras da minha cabeça. Tenho medo de ficar louco… Tudo o que eu estou fazendo é do meu passado… Estou triste. Estou na cama mole, não me sinto bem. Está predominando a tristeza, eu sou uma pessoa triste. Não consigo contar o que está passando na cabeça. É sim, medo dos meus pensamentos, eu fico pensando se eu sou louco, psicótico ou neurótico. Não gostaria de ser psicótico. Acho que tenho medo… (volta a relatar lembranças de infância, como devaneio)” (após 110 minutos);
– “Estou mais ou menos. Acho que estou melhorando, estou um pouco mais ou menos. Ainda um pouco criança, acho que fiquei criança… As idéias ainda correm muito. Foi como se eu fosse ficando meio louco. As coisas foram de embaralhando. As coisas foram se voltando para o passado…” (após 160 minutos).
CASO 15:
– “Estou com um gosto amargo na boca, talvez um pouco tonta. Sinto um pouco de irrealidade, eu me sinto cansada. Parece que flutuo… Acho que estou pensando um pouco mais devagar. A sensação é um pouco desagradável. Estou ansiosa. Não sei, me sinto mais mole. Sinto formigamento no corpo todo, parece que a gente sente todas as partes do corpo. A gente fica estática e parece que os músculos recebem mais. O formigamento vem com mais intensidade quando estou parada. Estou achando bem desagradável. Estou mais ansiosa, estou me sentindo nada legal, está começando a adormecer as mãos. Parece que está tudo vibrando dentro de mim; parece que o corpo está ocupando mais espaço. Acho que vou vomitar (paciente vomita após 30 minutos de ingestão). Estou melhor. Estou mais tonta do que antes e o formigamento passou. Acho que a concentração está menor. Tentei contar o tempo imaginando um relógio e foi difícil. Acho que meu pensamento está mais lento.” (após 20 minutos);
– “Tenho tonturas, são muito fortes. É desagradável. Acho que estou centralizando no corpo, está concentrado nas reações do corpo. Moleza nas pernas, embrulho no estômago, fraqueza nas junções… Eu percebo o ambiente e sinto que não estou nele.” (após 70 minutos);
– “Estou me sentindo mal pra burro. Parece que está revirado aqui dentro e o estômago está inerte. A boca está ressecada, parece que sinto falta de ar. Estou nervosa. O corpo parece que começou a vibrar, parece que está aumentando. Estou ligada ao corpo outra vez. O corpo está chamando o pensamento para só pensar nele. Quando o senhor me chamou desviou a atenção e eu senti como se fosse uma carga elétrica no corpo. O ambiente está mais irreal, tenho a impressão que não estou aqui… Eu estou e não estou aqui. Parece que eu vejo, sinto e ouço, um crescer e um diminuir dentro da cabeça e isso me incomoda. Eu não estou querendo ter pensamento e isso necessita muito esforço.” (após 95 minutos, espontaneamente);
– “Estou passando mal fisicamente. Qualquer esforço é ruim. Está um mal estar horrível. Estou querendo que a sensação passe, ela vai ter de passar… Estou passando mal. É suportável. Estou tentando controlar. Estou tentando não sentir o formigamento, mexer os músculos para controlar. Respirar fundo melhor, se eu parar um pouco ela volta e volta mais forte. Parece que a cabeça está balançando. Só sinto que mesmo tentando controlar ela balança, é gozado, eu sinto que a minha cabeça balança. É um movimento que a gente faz com comando e agora não dá para controlar. É estranho. Acho que depois vou ficar com dor no pescoço. Acho que deve ser estranho viver fazendo assim. Estou com a mente percebendo o que está acontecendo. É visível… Estou agora concentrada em sentir. Está mais forte, parece que o ombro está indo junto. Estou tentando parar e não consigo. Estou cansada de tentar, parece que diminui, mas dói o pescoço. É não estou angustiada. Agora está dando piripaque em tudo. A perna dá um salto. Estou me sentindo um boneco. Estou agora pelo menos mantendo o ritmo, sem angústia… Está fogo.” (após 110 minutos);
– “Sinto-me mole. Fico quieta para poder sentir o corpo, parece que ele comanda a mente, fico ligada nas reações dele, parece que as mãos mexem ou seguram um coisa grande e quando olho não é verdade, elas não saíram da posição, além disso parece que nas mãos e nos joelhos passam jatos de vento frio. São como 2 fachos de uma coisa branca que esfriasse – chego a ver.” (após 160 minutos).
Quando as pessoas ingeriram placebo, apenas 1 delas achou que estivesse ingerido o princípio ativo, porém referindo maior falta de concentração (FERRAZ, 1981).
Algumas conclusões do autor da tese foram (FERRAZ, 1981):
– a experiência com THC produziu um nítido estado de rebaixamento de consciência, variando de uma sonolência leve até um grau severo de desestruturação, com o surgimento de fenômenos produtivos como alucinações e ilusões, um nítido estado de confusão mental com exacerbação da atividade imaginativa;
– a amostra de THC foi capaz de provocar alterações significativas de pulso, a partir do 80º minuto após a sua ingestão.

Na Tese de RONCA (1985), também constam alguns trechos escritos de relatos de usuários e de outras pessoas que conviveram com a maconha. Algumas partes de destaque estão transcritas abaixo:
– “… Por exemplo para mim me dá uma fome muito grande, vontade de beber água de chupar bala além de falar adoidada…”
– “… Como que do nada apareceu e vai envolvendo a gente dos pés a cabeça… Mas depois comecei a me sentir um marginal pois os meus pais desesperaram ficaram alucinados doidos. Até parecia que estava com câncer. É muito ruim você se sentir canceroso parece que a agente leva o câncer no corpo. ‘Lá vai o louco, o cabeludo, o doidão’. Encontrei pessoas que mudaram de calçada para não falar comigo…”
– “Porque eu fumo? Não sei. Só tem uma palavra que pode definir maconha: dinheiro…”
– “… Eu não consigo parar de fumar e eu queria parar…”
– “… Quando eu comecei, comecei por imitação…”
– “… De princípio eu fumava bastante e sentia preguiça para tudo. Foi horrível pois vivia topado e ouvindo e curtindo som perdi o pique…”
– “… Ela me traz certa apatia certa tranqüilidade demais e tenho percebido que isto não é bom… acho pois que a maconha leva o indivíduo a não ter pique de vida…”
– “Hoje estou no segundo colegial. Perdi meus pais pela vida pois um dia eu não vi mais eles. Sumiram. Aí eu fui pra Febem na unidade da Vila Maria. A Febem é a pior merda do mundo lá acabei de me viciar inteirinha… e os vigias também vendiam de vez em quando… Mas um dia fui trabalha em casa de família e fugi daquela podridão.”
– “… só deixa a gente meio sem vontade para nada e meio em baixo astral… só acho que deveriam descobrir um fumo que não tirasse o ânimo das pessoas…”

– “… Perdi um namorado porque fumava e eu não pude continuar a namora-lo. Ele se afastou de mim porque só preferia os amigos e amigas que fumavam sempre o mesmo grupo… Virou um modismo e todo o mundo fuma por causa do amigo que fuma. Pois muita gente já morreu por ela. Para essa gente era uma questão de sobrevivência. Aí eles dançaram.”
– “… Meu irmão foi viciado o que foi a desgraça dele. Digo ‘foi’ pois ele já morreu e nós nunca ficamos sabendo porque tudo aquilo aconteceu, eu acho que era por dinheiro… Um dia foram alguns homens lá em casa e levaram o nosso Dinho. Soubemos que era uma enorme quadrilha de assaltadores e vendedores de maconha. Um dia nosso Dinho apareceu e tivemos que ir no Instituto Médico Legal para dizermos se era ele ou não. E era ele igualzinho mesmo. Se puder fazer um apelo a todos os jovens do Brasil peço que não fumem pois isto será a grande desgraça desta juventude… Quem teve a dor de um irmão se ir desta vida sabe porque faz este afetuoso apelo…”

ANEXO I – FIGURAS

Maconha de cabelo vermelho

FONTE: STARKS, 1990.

Planta Jovem

FONTE: STARKS, 1990.

Talos removidos manualmente

FONTE: STARKS, 1990.

Escolha das Sementes e Limpeza das Ervas Daninhas

FONTE: STARKS, 1990.

Seqüência de produção do Haxixe no Marrocos.

FONTE: CLARKE, 1998.

Na seqüência: uma planta do Afeganistão, da espécie sativa, pequena e compacta com folhas largas; uma sativa muito mais alta e com folhas menores; espécie híbrida indica/sativa – são intermediários entre os seus pais, mas normalmente mais vigorosas e robustas; uma inflorescência híbrida aproximadamente 2 semanas antes da colheita.

FONTE: CLARKE, 1998.

Flor macho: Antes das flores de 5 pétalas abrirem, o botão fica caído para baixo do seu talo. Assim que os machos forem detectados devem ser removidos do jardim.

FONTE: ROSENTHAL et al, 1997.

Um botão de uma fêmea jovem. As flores jovens continuam crescendo e as glândulas continuam em formação. Neste estágio, as flores não são muito potentes.

FONTE: ROSENTHAL et al, 1997.

Um botão aproximadamente 1 semana antes da colheita.

FONTE: ROSENTHAL et al, 1997.

Uma flor fêmea revelando os dois estigmas brancos e o óvulo não fertilizado; três dias após a polinização, os estigmas começando a se engrossar e o crescimento do óvulo, desenvolvendo uma semente única.

FONTE: FRANK, 1997.

Um botão pronto para ser colhido. Os pistilos quase não podem ser vistos; as glândulas incharam e parecem brilhar como pequenos cristais.

FONTE: ROSENTHAL et al, 1997.

Esta aproximação mostra as glândulas que contém o THC (tetrahidrocanabinol).

FONTE: ROSENTHAL, 1998.

Um campo coberto de folhas.

FONTE: ROSENTHAL, 1998.

Assim que o broto cresce, aparecem as primeiras folhas. Até mesmo estas folhas simples já tem o formato característico da maconha.

FONTE: ROSENTHAL, 1998.

Esta planta fêmea jovem é reconhecida pelos estigmas protuberantes que se originam de cada ovário.

FONTE: ROSENTHAL, 1998.

Uma planta fêmea mais madura é reconhecida por suas flores mais densas. Em poucas semanas ela vai desenvolver um botão mais compacto.

FONTE: ROSENTHAL, 1998.

Esta flor jovem macho é identificada através do formato distinto de pequenas bolas antes das flores abrirem.

FONTE: ROSENTHAL, 1998.

As flores desta planta macho estão começando a se abrir.

FONTE: ROSENTHAL, 1998.

Esta é a parte de cima de um planta híbrida 2 semanas antes da colheita

FONTE: BUNCH, 1998.

A maconha 4 semanas antes de florescer.

FONTE: BUNCH, 1998.

Este é um sistema de fluxo continuado. As raízes saem dos cubos e se alongam nos tubos, que possuem um fluxo contínuo de água.

FONTE: ROSENTHAL, 1998.

Este sistema hidropônico de irrigação constante caseiro usa 2 canos furados. Os cubos Rockwool são usados para as plantas menores que são transferidas posteriormente para a pedra hídrica.

FONTE: ROSENTHAL, 1998.

Estas plantas maiores são sustentadas e alinhadas usando varas de madeiral. São presas aos talos como suporte.

FONTE: ROSENTHAL, 1998.

Em apenas alguns dias os estigmas dos botões vão secar enquanto eles se tornam brancos e os ovários não fertilizados atrás deles vão inchar. As glândulas vão se esticar tomando a forma de um cogumelo enquanto são preenchidos de tetrahidrocanabinol.

FONTE: ROSENTHAL, 1998.

Este botão está pronto para ser colhido; todos menos os estigmas de cima se tornaram marrons e as glândulas estão repletas, cobrindo o botão com uma formação de cristais.

FONTE: ROSENTHAL, 1998.

Esta é uma aproximação de um botão maduro, pronto para ser colhido.

FONTE: ROSENTHAL, 1998.

Botões compactos, com resina produzirão fumaça densa e doce.

FONTE: ROSENTHAL, 1998.

Esta variedade possui um gosto picante e aromático.

FONTE: ROSENTHAL, 1998.

Variedade que produz muita resina. É pungente e cresce facilmente. Rendimento moderado. Florescência de 60 dias.

FONTE: ROSENTHAL, 1998.

Variedade quase 100% sativa. Extremamente potente. Rendimento moderado. Florescência após 85 dias.

FONTE: ROSENTHAL, 1998.

Planta de tamanho natural e ampliada 2, 10, 40 e 200 vezes

FONTE: CHERNIAK, 1995.
Glândulas da flor ampliadas 40 e 50 vezes

FONTE: FLOWERS, 1995.

Um braço da flor madura (16 e 40 vezes ampliada, respectivamente).

FONTE: FRANK, 1997.

Uma variedade colombiana mostra resina marrom, indicando muita oxidação do THC (40 vezes ampliada); cabeças de glândulas.

FONTE: FRANK, 1997.

Mais fotos de glândulas da planta.

FONTE: FRANK, 1997.

Ativistas a favor da maconha recolhendo assinaturas para o referendo de 1980 na Califórnia, a favor de sua legalização para o consumo pessoal.

FONTE: FLOWERS, 1995.

?Material extraido na internet, de autoria e montagem do Dr. Roberto Céar Leite (médico) e Dra. Renata Toedter Pospissil (nutricionista).

VII-A opinião do mestre Osho.

Osho responde a um aluno sobre o uso da maconha:

“Eu fumo maconha e quando fumo sei quem eu sou. Sinto o deus dentro de mim, eu o vejo em todas as outras pessoas. Falo com a grama, falo com as flores; elas respondem. Sinto-me feliz, sinto-me completamente contente. Mas acho que, se eu fumo, me dá uma pressão na cabeça que me preocupa. Não sei se eu deveria fumar ou não, mas me dá uma grande esperança para o futuro. Fumando maconha eu tenho visões de onde eu gostaria de estar.”

Osho responde:
Hm, hm (pausa).
É apenas ilusória, não é uma esperança real. A coisa toda é apenas uma ilusão química e a mudança química pode estar lhe dando pressão na cabeça porque a coisa inteira acontece no seu sistema nervoso.
Pode lhe dar uma pressão; isso é uma simples indicação para parar com isso. Mais tarde poderá ser perigoso: pode destruir alguns nervos necessários no cérebro. É destrutivo, é um sonho muito caro. É bonito mas mesmo que um sonho seja bonito ele é um sonho, e pela manhã você está de volta novamente na realidade. E isso custa caro.
Se continuar consumindo maconha por muito tempo, ela fará sua inteligência se deteriorar. As pessoas que fumam maconha ou coisas assim por muito tempo tornam-se idiotas. Sua inteligência perde acuidade, porque a pressão química diária sobre os nervos é prejudicial. E você não está ganhando nada! Eu não estou preocupado com o custo: se algo real for atingido, então qualquer que seja o custo, é bom. Mas você não está ganhando nada em troca – só uma ilusão.
Quando você fuma maconha e sabe quem você é, isso não tem importância alguma. Você tem que saber disso quando você está alerta, atento, completamente natural, sem nenhuma pressão de substância química a criar coisas em você. Aí é que você tem que saber quem é você.
A gente tem que ser iluminado de um modo realmente muito comum, só então é iluminação verdadeira. A gente pode achar atalhos, mas todos os atalhos são falsos. Não há nenhum atalho para a auto-realização. Os atalhos só criam pequenos circuitos dentro de você e liberam sonhos, liberam imaginação. Não é bom para você, não é bom para ninguém.
Mas isso simplesmente está indicando que a coisa está entrando fundo nas células do seu cérebro; é melhor parar o quanto antes possível.
Criar uma experiência que não é seu estado natural é inútil. Não lhe dá esperança. Simplesmente destrói sua vida e destrói suas oportunidades de tornar-se alerta, ciente da realidade como ela é.
Não é preciso buscar Deus nas árvores. Se você apenas puder ver as árvores como elas são, tudo é percebido. Por que impor Deus? Você não precisa ver Deus em ninguém. Se puder ver apenas a pessoa real que estiver aí, isso já é o bastante! Deus simplesmente significa a realidade, a realidade comum que o cerca.
Quando eu digo que Deus está nas árvores, não quero dizer que você terá que ver Deus nas árvores – que uma cabeça começará a florescer na árvore, então alguém o olhará e você terá um encontro e um diálogo e esse alguém dirá “oi!”. Quando digo veja Deus nas árvores, simplesmente quero dizer ver a árvore como ela é sem qualquer idéia de sua parte. Veja a verdade da árvore. Isso é o Deus da árvore – o verdor dela, a flor, a alegria, o enraizamento dela, a força e a fragilidade.
Corriqueiramente você não vê porque você não é bobo; como você pode se tapear? Como você pode ver Deus na árvore? Uma árvore é uma árvore! Como você pode ver Deus em uma árvore? Você não pode se enganar, mas quando fuma maconha você se torna um bobo; então é muito fácil se enganar. Você pode ver Deus ou um búfalo ou qualquer coisa na árvore. Você tem que simplesmente ter em mente aquela noção.
Quando a maconha começa a trabalhar e começa a mudar sua química, você tem que constantemente estar se lembrando de uma coisa – que a árvore é isto: Deus… ou o diabo. Um dia procure o diabo e você o verá! Portanto a coisa não está na árvore, só está em sua mente; você a projetou na árvore. A árvore começa a funcionar como uma tela.
Agora, normalmente você não vê a árvore porque para ver a árvore você tem que estar muito sensível, alerta, atento e totalmente aqui-agora, porque a árvore não está no passado e a árvore não está no futuro. Se você estiver no passado ou no futuro você nunca encontrará a árvore. Você poderá passar por ela mas você nunca a encontrará. A árvore está sempre é aqui-agora; para encontrar a árvore você tem que estar aqui-agora. […] Para ver realidade a gente tem que ser completamente comum e não usar nada – nem vontade, nenhum jejum, nem posturas; a pessoa tem que simplesmente ser como a ela é. Levará muito tempo para se ver a verdade da árvore, mas esse tempo não estará perdido. Portanto não tenha pressa e não corra. Sim, as drogas dão velocidade, mas não acelere e não se apresse. Seja paciente e permita que as coisas cresçam lentamente. Todas as coisas reais crescem lentamente: elas têm seu próprio ritmo. Algo tem que amadurecer em você.
E fique satisfeito e contente-se com qualquer coisa disponível neste exato momento; não peça mais. E eu sei que uma vez você esteve usando qualquer droga, fica muito difícil porque a droga o atrai. Sem qualquer esforço de sua parte, algo começa a acontecer, então por que se importar com qualquer outra coisa? Por que meditar e por que ficar alerta quando a droga pode desencadear o processo imediatamente?
Ela vem sendo usada há séculos; não é nada de novo. No Ocidente é uma coisa nova mas no Oriente é uma das práticas mais antigas. Mas as pessoas que tomam drogas há séculos nunca chegaram a lugar nenhum.
Se você realmente quer ver o que há, tem que parar todos com todos os tipos de projeção. Parecerá bobagem no princípio. Não será tão encantador, não terá aquela atração, aquela fascinação. Mas não é preciso fascinação, encantamento; não é preciso. A gente deveria se satisfazer com a realidade comum. O que há de errado com as árvores como árvores e o homem como homem e a mulher como mulher?
Se você puder fazer isso durante seis meses sem a droga, vivendo apenas com o comum, sem desejar o extraordinário, cedo ou tarde você começará a ver a verdade das coisas comuns. E no próprio comum, o extraordinário está escondido. Mas você tem de abordá-lo pelo comum. O ordinário é a porta para o extraordinário.
Minha sugestão é que você largue dela, hum? Pare completamente.

(Osho, The Open Secret)

VIII – Você daria maconha aos seus filhos?
3ª parte

Uso de drogas nos rituais de santo daime

E-mail sobre a doutrina da santa Maria /Ma-conha.
Obs: Este e-mail deixa de forma clara e objetiva que mesmo no falso santo daime há as pessoas que percebem a ilusão de se ficar pitando maconha como se isto fosse algo sagrado. Em geral, estas ao se manifestarem contrarios ao uso de drogas nos rituais com daime, sofrem grande pressão e xingamentos por parte dos que preferem continuar na ilusão das drogas como santificadas, pitando maconha como se fosse a doutrina da santa maria. Segundo comentários de dentro do próprio santo daime, seu fundador, sebastião mota de mello, teria morrido por over dose na casa de um de seus discipulos do Rio de Janeiro, marco grace imperial, usuário e ferrenho defensor da liberação e uso das drogas.

—– Original Message —–
From: intiq1
To: hinodasemana@yahoogrupos.com.br
Sent: Sunday, May 29, 2005 11:04 AM
Subject: [hinodasemana] DAIME E CANNABIS – ESTÃO ATENTOS PRÁ ESSE ESTUDO?

UM ESTUDO ABERTO SOBRE O USO E DISTINÇÃO DA CANNABIS COM  DAIME: UMA
ABORDAGEM XAMÂNICA E ESOTÉRICA E DAIMISTA.

SALVE MEUS IRMÃOS! NAMASTÊ! A TODOS MUITA LUZ DIVINA!

Este irmãozinho aqui, daimista fardado, o menor de todos, pede
licença para entrar nesse assunto sempre em pauta, que tem causado
polêmicas cada vez maiores no meio daimista por falta  de uma
definição concreta para os sinceros buscadores, com omissão por
parte de quem deveria se manifestar publicamente e não tem coragem
prá isso por motivos óbvios e pela falta de transparência de quem se
diz fiel seguidor da doutrina, mas que está pouco se importando  com
as conseqüências que isso está causando para muitos adeptos da
mesma, para os iniciantes que chegam e pelos rumos alarmantes que
tudo isso está tomando!
Quero deixar claro que ESTOU DEFENDENDO A DOUTRINA DO SANTO DAIME na
pequenina parte que me cabe nos meus juramentos feitos a JURAMIDAM e
que este estudo está direcionado às pessoas de mente e coração
aberto, aos sinceros buscadores da verdade e amantes da doutrina que
ainda têm capacidade de pensar por si mesmos, e que têm coragem para
não se deixar levar  por conceitos coletivos arraigados na mente de
muita gente.
Resolvi explorar e divulgar esse tópico com a única finalidade de
levar alguma luz sobre algo que considero já possuir uma experiência
completa, definição segura com base em amplos estudos sobre todos os
seus aspectos e visão crística-xamânica-intuitiva-espírita empírica
sobre os verdadeiros mecanismos envolvidos nesses processos, além do
respaldo dos meus Protetores e Guias, da Terra e do Astral. Para
oferecer a todos os irmãos que quiserem honestamente aceitar uma
ajuda para suas dúvidas, sem prevenções, sem preconceitos, sem
ignorância e arrogância, sem indução de ninguém e que se coloquem
como buscadores sinceros da Verdade, não a minha verdade, mas a
Verdade que vem através da Frequência da Luz do Conhecimento para
quem está na sintonia do Grande Poder. Quem tiver mesmo a mente e o
coração abertos para a Luz há de reconhecer que o que direi aqui não
são meras palavras!
E NÃO estou nem um pouco preocupado com críticas ou com elogios.

Antes de prosseguir, gostaria de dizer que já fumei muita cannabis
entre os 17 e 20 anos de idade, só como referência. Quero dizer
também que vou tratar aqui só sobre o uso da  Cannabis em conjunto
com o Daime e outras Plantas de Poder, sendo que enfoques de
natureza mais geral, como o uso pessoal e a questão da aprovação ou
não da Cannabis na sociedade fogem do alcance dessa abordagem e não
me interessam.

Pois bem. Toda planta é criada por Deus e é em si mesma pura e boa
como toda a criação divina. Mesmo aquelas tidas como venenosas,
possuem a sua contraparte medicinal, dependendo da sua aplicação
correta. Assim como as serpentes que fornecem o antídoto contra a
própria peçonha, com as plantas de poder acontece o mesmo. Mas isso
não significa que todas as plantas são de poder. Isso é teorizar
sobre o Poder que está em tudo. É o inverso.
Não existe nenhum mal também em nenhuma delas. O mal sempre está no
homem, no seu ego e no mau uso que faz delas e em sua atitude
perante a Vida. Isso se aplica aos espíritos também, que convivem e
interagem com os homens, já que são homens desencarnados. Porém,
considerando-se o fato de que algumas plantas psicoativas são de uso
complicado, delicado e muitas vezes perigoso, algumas delas tornaram-
se objeto de atenção específica por parte de entidades negativas das
organizações do Umbral, que sabem influenciar seu uso para fins
hipnóticos e obsessivos.
Outras  plantas são eleitas e “eletivas”  do Espírito e do Poder
(eletivas porque possuem em si seus próprios mecanismos de luz-auto-
defesa, independentemente das capacidades de quem as usa, fazendo a
ligação com o Eu Divino de cada um), QUANDO USADAS ISOLADAMENTE, NO
CONTEXTO CERTO, RITUALÍSTICO, SAGRADO, COM UM PROPÓSITO ELEVADO E
DIGNO e cujo uso milenar já as consagrou como verdadeiras mestras-
guias que conduzem à luz interior, independente de qualquer atuação
negativa externa ao ser ou mesmo de material negativo do
subconsciente. Elas são o jagube, a chacrona-rainha, os cogumelos
sagrados, o wachuma-san pedro, o peyote, a iboga, a salvia divinorum
e mais uma que não pretendo mencionar aqui. Essas são as plantas de
poder por excelência, consagradas pelo xamanismo universal legítimo
de todos os tempos
Já em relação a outras plantas psicoativas tidas como de “algum”
poder que não O Poder, entre elas, querem alguns que se inclua a
cannabis, incidem outros fatores que podem se constituir em
obstáculos, armadilhas psíquicas ou riscos em potencial de várias
formas para muitos desavisados.
A primeira questão é que algumas delas precipitam o mediunismo
repentino em quem já possui os gérmens do mesmo e as usa, provocando
uma certa “abertura psíquica”, o que é diferente de uma “abertura
espiritual”. Uma coisa é psiquismo, outra coisa é chegar no seu EU
SUPERIOR.
É o caso da cannabis e outras ainda, hipnóticas e delirantes,  como
as Daturas e Brugmansias (trombetas, chá-de-lírio) que podem causar
danos mentais permanentes. Além disso, sobre essas outras
plantas “psíquicas”, pesa o fato de o próprio mau uso secular das
mesmas ter feito com que seus Devas e Elementais protetores
tornassem ocultas as suas verdadeiras virtudes, (que já existiram,
em outras épocas, sempre com os riscos psíquicos juntos), que
simplesmente ficaram soterrados debaixo de muitas camadas
vibratórias, devido à sua utilização disfuncional, banalização e
violentação de seus “poderes”. São plantas violentadas. É o caso da
coca e da cannabis também. Sem dúvida que ambas já desempenharam seu
papel em civilizações mais puras que a nossa.
Mas os Aztecas por exemplo entraram em franca decadência espiritual
a partir do momento em que passaram a utilizar certas plantas
psicoativas junto com outras, de uso sagrado e ainda, de forma banal
e influenciada pelos “deuses”  do sangue!
O café, um dia também foi uma planta de “algum poder” e vejam no que
se tornou hoje. Hoje, nem mesmo muitos xamãs peruanos e religiosos
orientais conseguem abrir novamente os segredos das mesmas. E é
claro, elas têm seus segredos. Só que daí a querermos justificar seu
uso com a idéia de reviver seu “bom” lado e suas possíveis
qualidades psíquicas no ponto em que estamos perante A Grande
Mudança que se apresenta, já é outra história. E sem dúvida que
existem Homens, de Caráter e Saber (e Humildade como proteção),
praticantes do verdadeiro xamanismo que SABEM, (se quiserem),
utilizá-las de maneira originalmente positiva e pura.
Mas cadê as pessoas que podem usá-las e com que finalidade mais
séria, sem verdadeiro conhecimento do caminho e com a
responsabilidade de um buscador xamânico, para fins superiores hoje
em dia?  Sem conflitos? Sem risco de se perder? Assim como se pode
contar nos dedos quais os xamãs sul-americanos legítimos que sabem a
dosagem e as condições sérias para se usar o floripondio ou toé,
sozinhos ou como mistura para uma cimora, sem fazer alguém cair em
grandes psicoses? Numa “bad trip”? O que importa, é o fato de  que
nós não precisamos mais delas.
Os nativos Huicholes, do México por exemplo, peyoteros experientes,
grandes xamãs, com toda a sua bagagem e sabedoria, não querem nem
ver certas plantas primas da família das Daturas (como a Solandra),
porque sabem que elas representam uma complicação desnecessária.
ESSA É A QUESTÃO!! E eles SABEM como usá-las…! MAS NÃO USAM!
Eu faço uma analogia: quem em sã consciência sabe beber socialmente?
E quem se dispõe a ensinar como beber socialmente sem maiores
problemas? Indo além, QUEM? (incluindo aqui Dirigentes e Padrinhos
do Santo Daime), nos ensina a ir buscar o segrêdo perdido dessas
outras plantas com toda a técnica xamânica, responsabilidade,
segurança e objetivo sagrado? E será que HÁ MESMO essa necessidade?
Ou será que no fundo a busca nessa área é por hedonismo disfarçado?
Por prazer lúdico apenas? E se for assim, como parece ser, que isso
fique bem claro e bem separado do DAIME!
Se a cannabis pode servir como fonte de prazer de alguma natureza
para satisfação de muitos, que isso seja enfocado de maneira
distinta da do uso do Daime e que cada um assuma seus riscos às
próprias custas e em outro contexto ambiental de uso. PORQUÊ NINGUÉM
É DONO DA DOUTRINA, MUITO MENOS DA VERDADE!
Quem conhece  o Ayahuasca ou Daime e/ou as outras verdadeiras
plantas de poder não tem necessidade de mais nada! O Daime é Tudo! É
completo em si mesmo, não precisando de auxiliar para a Força!
Assim como o San Pedro, os Cogumelos Sagrados, o Peyote etc, são
tudo em si mesmos, cada qual em seu contexto, lugar e função, não
precisando de complementos complicados, de difícil penetração e
ainda assim sem uma utilidade essencial!
Eu acho que o Padrinho Sebastião Mota, numa determinada época , foi
um homem puro e simples da floresta, ingênuo até, que se deixou
levar pelas circunstâncias, sem a noção da complexidade de certos
aspectos da vida humana ligados ao uso de certas substâncias na vida
urbana das grandes cidades. Creio que ele se equivocou na escolha da
mesma, ao ignorar as consequências futuras dessa atitude em relação
ao Santo Daime e à egrégora negativa fortíssima que já existia em
torno da cannabis. Hoje porém, os seus continuadores  já não tem
mais como negar certas evidencias. Quem sabe se o Padrinho tivesse
conhecido uma Salvia Divinorum por exemplo, as coisas fossem
diferentes em tudo…. Uma planta xamânica nativa, ativa e livre,
por ser explorada até hoje, com características que se aproximam dos
efeitos do Daime! Mas que deveria ser usada também fora do Daime.
Por outro lado há que contar ainda com o peso da influência de
milhares de espíritos obscuros, desequilibrados, maldosos,
enlouquecidos, viciados do astral, do Umbral, trevosos mesmo, que
anseiam por uma simples baforada de fumaça ou de álcool A QUALQUER
CUSTO(!) prontos a se colarem  em quem busca usar a cannabis,
satisfazendo assim suas paixões, assediando seus usuários, com
intenção  mesmo  de obsediar, subjugar e desestabilizar a
humanidade!. Daí uma série de perturbações e complicações psíquicas
sutis, mas muito sérias! Esse é um peso que não pode ser desprezado!
Como considerar que indivíduos que vêm de uma longa história de
vício e abuso da maconha e outras drogas, ansiosos por uma renovação
com a esperança de cura e limpeza com o Daime, possam conseguir de
uma hora para outra continuar a usá-la sem riscos físicos e mentais,
sem mais dependencia, passando a ve-la honestamente apenas como
um “sacramento” ? Além disso quem estará ao seu lado por todo o
tempo necessário para orientá-lo e lhe dar garantia nesse sentido
com toda a mestria?? Será que esse tentame vale mesmo a pena? Será
que é mesmo necessário? Ou será que o Daime, como um enteógeno de
Eleição, por si só  não É suficiente para uma transformação
espiritual, que é o objetivo maior?
Quem SABE de tudo isso e sabe das consequências desastrosas que o
uso da cannabis pode causar, seja aos daimistas ou aos não-
daimistas, deveria ESTAR FAZENDO DE TUDO PARA LIBERTAR MUITOS IRMÃOS
e não FICAR FLUTUANDO EM TEORIAS e APOLOGIAS!
Deveria ter A CORAGEM de voltar atrás enquanto é tempo! Através do
empenho e clareza de propósitos de alguns Grandes Irmãos, o Alto tem
conseguido curar e livrar da prisão psíquica do vício e do
sofrimento centenas de pessoas!!!  Não dá para ficar filosofando em
cima da historinha já falida, de quem quer e gosta de fumar mesmo e
que fecha os olhos às dificuldades de muita gente!! O trabalho é de
AMOR INCONDICIONAL E LUZ PARA TODA A HUMANIDADE!!!!! E quem acha o
contrário, POR FAVOR, NÃO FECHE O CAMINHO seja de quem for, porquê o
tombo vai ser grande prá ti!
Se a Cannabis traz Luz, cadê os Iluminados?! Porquê Eles não assumem
ABERTA E PÚBLICAMENTE esse fato?! Porquê não mostram O Caminho prá
gente?! Porquê não tiram a gente da cadeia quando somos pegos pelas
autoridades?
Estou apenas levando minha contribuição a quem tem olhos de ver e
ouvidos de ouvir. ÀQUELES QUE QUEREM MUDAR!
Tirando fora as distorções, que não são poucas, Eu amo a Doutrina
dentro da Linha Ceflurista pelas características de Síntese
Renovadora para a qual ela se direcionou e pelos seus Hinos de Luz.
Mas o Mestre Irineu só usava o Daime! Quem respeita o Mestre de
verdade obedece à sua autoridade de Fundador! Essa parte não muda!
Não me venham com essa conversa de que o Mestre pitava, NÃO! E o
discípulo não é maior que o Mestre!
Quanto aos daimistas-cefluristas, meus irmãos, já imaginaram alguma
vez o trabalho dos Seres Divinos e de toda a espiritualidade
benigna, ao ter que lidar com entidades do mal num trabalho de
Daime, que por si só já mexe com questões profundas do ser
consciente e subconsciente, tentando livrar e proteger a todos os
indivíduos do assédio das sombras durante o uso da “santa
maria” ???? Mas tem muita gente que não tem nem a menor noção do que
é isso, de como funciona a interação com a espiritualidade e
insistem em manter a postura de “entendidos” !
Quero lembrar que no Brasil, 90% dos usuários de maconha são
marginais, bandidos, assassinos e vândalos. Eles gostam dela. Mas
não gostam do Daime.
Eles desencarnam. Imaginem o peso astral de uma multidão
desencarnada desse tipo, disputando enlouquecidamente a oportunidade
de fumar com os encarnados?
Ou será que apenas fazer silêncio, o sinal da cruz e inverter o
sentido horário na hora de “passar o pito” são suficientes
para “consagrar” a erva, estar protegido e na direção certa? SERÁ??

O que se tem visto e ouvido frequentemente por parte de muitos
irmãos também, são manifestações e reclamações (já inegáveis!) de
desvios de comportamento de padrinhos e daimistas, e atitudes
negativas, sem contar outras denúncias mais graves, envolvendo,
poder, sexo e dinheiro, agressividade, (principalmente de fiscais),
de adeptos que tomam daime há 10, 20, 30 anos, que se julgam os
tais, super-homens, prepotentes, donos do pedaço, achando que estão
com colete de aço, que sabem tudo e que NÃO MUDAM EM NADA NEM SE
ILUMINAM, nem com todo daime do mundo!
Sinceramente, pelo que VEJO,  chego novamente à conclusão de que
isso só se deve a 3 fatores:

1- porque não têm um Propósito Virtuoso – só seguem o Ego deles
mesmos.
2- porquê não seguem fielmente, religiosamente o que ensinam os
hinos, ou seja, ser virtuoso mesmo.
3- PORQUÊ USAM CANNABIS JUNTO COM DAIME, ESTÃO DENTRO DESSA FAIXA DE
MENTALIDADE.

Não há mais progresso, só na cabeça deles.

Aqueles que não reagem aos ensinos do Daime, que vão buscar
curtição, já escolheram sua posição e sua faixa vibratória. Por isso
não mudam mais!

Daí um passo prá frente e 10 prá trás. Quem não tem o Intento
(aquele famoso Intento de Castañeda) , o Propósito de Viver em busca
da Luz, QUE É UMA ESCOLHA QUE O DAIME SOZINHO MOSTRA PARA TODOS OS
HOMENS, DEIXANDO A ELES A LIVRE OPÇÃO DE SEGUIR OU NÃO, nem com um
farol de milha clareando à frente da cara ou nem com todos os santos
descendo à Terra  o sujeito NÃO ENXERGA! PORQUE MAIS CEGO É AQUELE
QUE NÃO QUER ENXERGAR!
Por esses motivos é que a Cannabis MAIS ATRAPALHA DO QUE AJUDA.
Ninguém está impedido ou impedindo de usar cannabis, só defendemos
que quem assim quiser, que a use FORA DO DAIME!!!

Que forme a doutrina da “santa maria” e QUE SE AGUENTE E PRONTO!
Ou então veremos em breve a derrocada da nossa Doutrina meus irmãos!
Porque como disse o Supremo Mestre Jesus – “O reino que se dividir
em si mesmo NÃO SUBSISTIRÁ”. E já está DIVIDIDO!
Observem bem o retrocesso que já está ocorrendo lá fora!
O DAIME É TUDO!!! Dispensa cannabis!
Mestre IRINEU que o diga!
TAÍ O ESTUDO!
QUEM TIVER OUVIDOS DE OUVIR QUE OUÇA E ACORDE!
E assim vamos nos ajudando uns aos outros a trilhar o VERDADEIRO
CAMINHO, sem medo de nada e de ninguém, SEM ENDEUSAR A NADA E A
NINGUÉM!
Rogo ao Nosso Pai-Mãe Criador Supremo que dê entendimento a todos  e
abençôe os nossos irmãos com MUITA LUZ E AMOR DIVINO!
Sempre em honra ao Nosso Divino Mestre JESUS, Imperador das Cortes
Celestiais!
E à Nossa Divina Rainha das Estrelas, Mãe Santíssima Maria de Nazaré!
Agradeço ao Alto pelos Ensinamentos!
E aos bons irmãos pela atenção.

INTIQ1

Visite a seção “Hino da Semana”:
http://www.santodaime.org/arquivos/audio/hinosemana/groupfiles.htm

CARTA DE UMA PATRICINHA

AOS JOVENS E AOS PAIS DO BRASIL:

Meu nome é Patrícia, tenho 17 anos, e encontro-me no momento quase sem forças, mas pedi para a enfermeira Dani, minha amiga, para escrever esta carta que será endereçada aos jovens de todo o Brasil, antes que seja tarde demais. Eu era uma jovem “sarada”, criada em uma excelente família de classe média alta de Florianópolis.
Meu pai é Engenheiro Eletrônico de uma grande estatal, e procurou sempre para mim e para meus dois irmãos dar tudo de bom e o que tem de melhor, inclusive liberdade que eu nunca soube aproveitar.
Aos 13 anos participei e ganhei um concurso para modelo e manequim para a Agência Kasting e fui até o final do concurso que selecionou as novas Paquitas do programa da Xuxa.
Fui também selecionada para fazer um Book na Agência Elite em São Paulo.
Sempre me destaquei pela minha beleza física, chamava a atenção por onde passava.
Estudava no melhor colégio de “Floripa”, Coração de Jesus.
Tinha todos os garotos do colégio aos meus pés.
Nos finais de semana freqüentava shopping, praias, cinemas, curtia com minhas amigas tudo o que a vida tinha de melhor a oferecer às pessoas saradas, física e mentalmente.
Porém, como a vida nos prega algumas peças, o meu destino começou a mudar em outubro de 1994.
Fui com uma turma de amigos para a OCTOBERFEST em Blumenau.
Os meus pais confiavam em mim e me liberaram sem mais apego.
Em Blumenau, achei tudo legal, fizemos um esquenta no “Bude”, famoso barzinho da Rua XV. À noite fomos ao “PROEB” e no “Pavilhão Galego” tinha um show maneiro da Banda Cavalinho Branco. Aquela movimentação d e gente era “trimaneira”.
Eu já tinha experimentado algumas bebidas, tomava escondido da minha mãe o Licor Amarula, mas nunca tinha ficado bêbada.
Na quinta feira, primeiro dia de OCTOBER, tomei o meu primeiro porre de CHOPP. Que sensação legal, curti a noite inteira “doidona”, beijei uns 10 carinhas, inclusive minhas amigas colocavam o CHOPP numa mamadeira misturado com guaraná para enganar os “meganha”, porque menor não podia beber; mas a gente bebeu a noite inteira e os “otários” não percebiam.
Lá pelas 4h da manhã, fui levada ao Posto Médico, quase em coma alcoólico, numa maca dos Bombeiros.
Deram-me umas injeções de glicose para melhorar.
Quando fui ao apartamento quase “vomitei as tripas”, mas o meu grito de liberdade estava dado.
No dia seguinte aquela dor de cabeça horrível, um ma l estar daqueles como tensão pré-menstrual.
No sábado conhecemos uma galera de S. Paulo, que alugaram um “ap” no mesmo prédio.
Nem imaginava que naquele dia eu estava sendo apresentada ao meu futuro assassino.
Bebi um pouco no sábado, a festa não estava legal, mas lá pelas 5:30h da manhã fomos ao “ap”dos garotos para curtir o restante da noite.
Rolou de tudo e fui apresentada ao famoso baseado “Cigarro de Maconha”, que me ofereceram.
No começo resisti, mas chamaram a gente de “Catarina careta”, mexeram com nossos brios e acabamos experimentando.
Fiquei com uma sensação esquisita, de baixo astral, mas no dia seguinte antes de ir embora experimentei novamente.
O garoto mais velho da turma o “Marcos”, fazia carreirinho e cheirava um pó branco que descobri ser cocaína.
Ofereceram-me, mas não tive coragem aquele dia.
Retornamos a “Floripa” mas percebi que alguma coisa tinha mudado, eu sentia a necessidade de buscar novas experiências, e não demorou muito para eu novamente deparar-me com meu assassino “DRUES”.
Aos poucos meus melhores amigos foram se afastando quando comecei a me envolver com uma galera da pesada, e sem perceber eu já era uma dependente química, a partir do momento que a droga começou a fazer parte do meu cotidiano.
Fiz viagens alucinantes, fumei maconha misturada com esterco de cavalo, experimentei cocaína misturada com um monte de porcaria. Eu e a galera descobrimos que misturando cocaína com sangue o efeito dela ficava mais forte, e aos poucos não compartilhávamos a seringa e sim o sangue que cada um cedia para diluir o pó .
No início a minha mesada cobria os meus custos com as malditas, porque a galera repartia e o preço era acessível.
Comecei a comprar a “branca” a R$ 7,00 o grama, mas não demorou muito para conseguir somente a R$ 15,00 a boa, e eu precisava no mínimo 5 doses diárias.
Saía na sexta-feira e retornava aos domingos com meus “novos amigos”.
Às vezes a gente conseguia o “extasy”, dançávamos nos “Points” a noite inteira e depois farra.
O meu comportamento tinha mudado em casa, meus pais perceberam, mas no início eu disfarçava e dizia que eles não tinham nada a ver com a minha vida.
Comecei a roubar em casa pequenas coisas para vender ou trocar por drogas.
Aos poucos o dinheiro foi faltando e para conseguir grana fazia programas com uns velhos que pagavam bem.
Sentia nojo de vender o meu corpo, mas era necessário para conseguir dinheiro. Aos poucos toda a minha família foi se desestruturando.
Fui internada diversas vezes em Clínicas de Recuperação.
Meus pais sempre com muito amor gastavam fortunas para tentar reverter o quadro.
Quando eu saía da Clínica agüentava alguns dias, mas logo estava me picando novamente.
Abandonei tudo: escola, bons amigos e família.
Em dezembro de 1997 a minha sentença de morte foi decretada; descobri que havia contraído o vírus da AIDS, não sei se me picando, ou através de relações sexuais muitas vezes sem camisinha.
Devo ter passado o vírus a um montão de gente, porque os homens pagavam mais para transar sem camisinha.
Aos poucos os meus valores, que só agora reconheço, foram acabando, família, amigos, pais, religião, Deus, até Deus, tudo me parecia ridículo.
Meu pai e minha mãe fizeram tudo, por isso nunca vou deixar de amá-los.
Eles me deram o bem mais precioso que é a vida e eu a joguei pelo ralo.
Estou internada, com 24kg, horrível, não quero receber visitas porque não podem me ver assim, não sei até quando sobrevivo, mas do fundo do coração peço aos jovens que não entrem nessa viagem maluca…
Você com certeza vai se arrepender assim como eu, mas percebo que é tarde demais pra mim.
OBS.: Patrícia encontrava-se internada no Hospital Universitário de Florianópolis e descreve a enfermeira Danelise, que Patrícia veio a falecer 14 horas mais tarde que escreveram essa carta , de parada cardíaca respiratória em conseqüência da AIDS.

Por favor, repassem esta carta.

Este era o último desejo de Patrícia.
http://www.agitocampinas.com.br/materias/carta-de-uma-patricinha/1712

IX – Um pouco da minha história na ayahuasca

Tudo começou em 1990 quando conheci lá pelas bandas de Campos do Jordão um homem de uma coragem inigualável, de uma clareza de pensamento que poucos demonstram e de uma visão das coisas que ainda não tinha visto. O nome deste homem a qual nos tornamos grandes amigos e companheiro de caminhada é Emiliano Dias Linhares (foto à direita). O tempo foi passando e nossa amizade aumentava. A natureza de nossas conversas se tornaram de um caráter mais profundo, mais íntimo e desta forma compartilhavamos de nossos pensamentos e vontades, visão do mundo e opiniões, também de nossas experiências vividas, Compartilhei acontecimentos de minha vida ao meu amigo Emiliano que ainda hoje meus pais não sabem. Também ele a mim. Me recordo muito bem quando no fundo do quintal de sua casa, assentavamos num tronco a beira do rio buquira embaixo de um pé de maria prêta, e pitando um cachimbo Emiliano dizia: “Otacílio, tem uma obra muito grande para eu dar início na terra.É uma obra espiritual que vai fazer a diferença na vida de toda humanidade. Breve vou estar pronto, mas ainda não estou. Tem coisas dentro de mim que precisam ser aparadas. Sei que Deus lapida minha alma como homens lapidam diamante. Breve não terei mais estas farpas, estarei polido pela luz de Deus. Só ai vou estar pronto. Então lapidado e polido, Deus vai me entregar as terras que me foram prometidas e larga condição financeira. É uma fazenda muito especial, num local especial, são terras reservadas para esta obra”.
Eu ficava ali com ele também cachimbando, mas pensava: “Coitado, tão novinho e já pirado assim. Tá doidinho doidinho. Ficou mesmo ruim das idéias”. Mas mesmo pensando assim, tinha algo que me chamava muito a atenção em relação ao Emiliano. Era que ele trazia consigo as forças da natureza e dos orixás. Estas ficavam a olhos vistos quando assendia o cachimbo. Eu sei disto porque no passado havia trabalhado com estas forças. Houve uma época de minha vida que toquei um terreiro de umbanda como pai de santo. Na época eu era jovem e fiz muitas besteiras com isto, mas também vi e presenciei coisas que a maior parte dos homens não sabe que existem. Por isto que naquela época eu reconheci imediatamente as forças que amparam ao Emiliano. Mas mesmo que assim, levar em consideração tudo aquilo que o Emiliano me contava que ia acontecer, so mesmo achando que ele estava perturbado das idéias!
Convivemos por muitos anos naquele bucolico vilarejo serrano. Meu amigo Emiliano era um comerciante hábil. Muito simpático e esforçado, abriu um salão de dança que tremia o chão da serra nos fins de semana. O povo gostava de frequentar os seus comércios. Montou o jornal “a voz da Mantiqueira” o que o ajudou a vender muitos terrenos com ganho de comissão. Ali ele criou seus filhos Junior, Leonardo e Ângela. Todos os 03 sempre foram referência de boas notas na escola. Juninho e Leonardo praticavam artes marciais. O Juninho trouxe para aquele município o título de Campeão Paulista de Karatê, foi uma festa na cidade.
Sabia que o Juninho aprendeu a dirigir sozinho só observando seu pai? Foi sim. Um dia o Emiliano chegou mais cedo que o previsto e deu falta do carro. Foi assim que descobriu que o Juninho sabia dirigir. Então aprovveitou e ensinou ao Leonardo também.
Por falar no Leonardo, sabia que ele desde criancinha já era muito resistente e pernalta como siriemas? Era sim, e competia na maratona anual regional para adolescentes. Até onde me lembro sempre chegava em primeiro lugar e com uma distância larga do segundo colocado. A caçula Ângela sempre séria e enérgica se destacava nos estudos. Ouvi meu amigo Emiliano dizer por diversas vezes que o Juninho e o Leonardo nasceram para serem juizes.
Todo dia 10 de cada mês Emiliano mandava matar e entregar já descarnado um boi inteiro no azilo de velhos da cidade. Isto ele fazia em segredo. Mas sei disto porque, ou era eu ou era o Raimundo Crente, quem fazia em secreto a entrega. Dizia que foi um homem de S.J.Campos que pediu para entregar, mas que não sabia o nome dele.
Os anos se passaram e um dia Emiliano partiu com a família e não se despediu de ninguém, pois até onde me recordo ele nunca se agradou de despedidas. Disse apenas que precisava encaminhar melhor os filhos que agora já estavam grandes, mas nada falou de partir. De manhã fiquei sabendo que ele havia mudado de lá e que me deixou uma brasília de presente. Deixou as chaves com os documentos do carro com a vizinha juntamente com um recado: Sei que precisa de um carro para as obras que empreita nas roças distantes.
Segui minha vida e às vezes me pegava pensando nele e no que estaria fazendo. Quatro anos mais tarde ele aparece do nada, muito feliz e com uma nova esposa, era a Genecilda e nunca tinha visto um casal se amar tanto. Emiliano sorrindo me apresentou a Genecilda. Ambos eram visivelmente felizes. Em seguida Emiliano me disse que já havia se cumprido tudo. Me convidaram para ir à fazenda conhecer a obra. Fiquei deveras adimirado e de queixo caído com a notícia: “então tudo aconteceu mesmo!” Eu tocava na época três obras de uma só vez e devido a isto eu disse a eles que não tinha como seguir com eles naquele mês. Emiliano me olhou, me mediu e respondeu que tudo bem, mas que eu entrasse na caminhonete para que ao menos fossemos até campos no “habibes” comer umas esfirras para comemorar nosso reencontro. A Genecilda desceu e eu entrei assentando no meio, entre eles. Imaginei que a Genecilda fazia questão da janela. Depois com a caminhonete já na estrada é que pensei: Mas é cabine dupla, tem banco de trás, são quatro janelas, porque estamos os três no banco da frente? Como fui ingenuo, eu estava sendo sequestrado e não sabia! Pegaram a Dutra e não pararam nem se quer pra fezer xixi. O dia estava clareando quando finalmente me deixaram descer e estavamos nas terras prometidas, numa grande fazenda nas terras de Cananeia.
Pois é gente, o tempo é mesmo o senhor de toda verdade, nada como o futuro para desmacarar uma história ou confirmar uma revelação. O tempo passou e tudo aquilo que o meu amigo Emiliano Dias Linhares me contara há uma década e meia atrás se cumpriu do jeito que ele havia contado, em cada detalhe de tudo que havia dito. Hoje moro com ele na fazenda que Deus lhe prometera antes dele nascer, na obra que veio para iniciar na terra. Ele e sua esposa Genecilda Fundaram o Instituto Espiritual Xamânico Céu Nossa Senhora da Conceição e fizeram “a diferença” na felicidade da vida de dezenas de milhares de pais, mães e filhos. Hoje é conhecido como Gideon Lakota ou Xamã Gideon dos Lakotas. Se tornou rico, muito rico, é respeitado em todo Brasil. Realiza palestras no Senado Federal .
Seus filhos cresceram e mais uma vez as palavras de Gideon Lakota estão se cumprindo, Junior e Leonardo trabalham na promotoria do Estado de São Paulo e não tenho a menor dúvida: Serão juízes! Hoje são mais estudados, maiores e mais fortes do que eu, mas não se esqueceram que desde meninos podiam contar com o meu apoio e com o carinho e amizade que sempre nutri por eles.
Emiliano escreveu muitos livros, se tornou um escritor famoso. É um orador incomum, através dele os ouvintes recebem o pão que é sempre quentinho, seus discursos foram postos na internet e pessoas do mundo inteiro os escutam todos os dias. Lançou 05 projetos de leis em março de 2010 que melhorarão muito a situação dos brasileiros tão logo sejam aprovadas no Congresso Nacional (www.projetolei.org). Propiciou em criar as condições para que em apenas seis anos fossem abertos outros 150 Institutos de luz no Brasil. Emiliano e Genecilda extinguiram de vez o monopólio intenso que havia do santo daime e combateram a presença das drogas e do comércio nos rituais sagrados. Canalizou mediunicamente até a presente data ao menos 50 letras músicais simplesmente divinas, que são ouvidas e cantadas em centros espirituais de todos os estados. Fundou sete Federações Estaduais da Ayahuasca no Brasil e está atualmente formando a primeira Federação Nacional da Ayahausca com terras próprias e pioneira na construção van guarda de uma usina de produção de ayahuasca quase que 100% automatizada. Todas as sete federações votaram unanimimente em Gideon Lakota para presidente da “FENAYA”. Posso falar sem receio porque eu mesmo presenciei: Homens instruídos lhe pedem conselho, autoridades vêem em busca de sua orientação e literalmente ele e Genecilda mudaram em seis anos toda a história da ayahuasca no Brasil. Foi assim que vim a conhecer o santo daime. É, apesar das coisas que aprontei na minha juventude, tem alguém lá em cima que gosta mesmo de mim, para que eu fosse tão abençoado de conhecer a ayahuasca da forma que aconteceu.
Na minha juventude mineira fiz muitas prezepadas, aprontei muito com a mulherada e briguei demais com os homens. Acabei por fazer algumas malvadezas que hoje como homem mais velho eu me arrependo de ter feito. Também usei drogas por algumas vezes, mas disto eu nunca gostei, era apenas o ímpeto da juventude trovejando em minha mente. Vi meus amigos morrerem por causas consequentes do uso delas, talvez por isto também usei poucas vezes.

X – Minha primeira experiência com ayahuasca.

Então comunguei ayahuasca pela primeira vez. Confesso que fiz isto achando que se tratava de mais uma droga, mas como era o meu grande amigo Gideon Lakota e sua esposa Genecilda que estavam me convidando, em consideração a eles, eu resolvi experimentar. O sabor era forte, ácido e com um fundo amargo no final da língua, mas desceu bem. A princípio tudo estava calmo, eu fiquei assentado com os olhos cerrados como me orientaram Gideon e Genecilda. Depois um cristal de luz começou a se formar à minha frente. Era nítido, brilhante e meio rosa. Dali começou a sair minhas lembranças de infância que eu nem recordava mais. Eram lembranças boas e também algumas não muito agradáveis, mas todas elas vinham com a compreensão do porque ocorreram daquele jeito comigo, daquela forma. Isto por si só mudou minha concepção da vida, mudou todo meu entendimento de tudo. Pude rever muitos dos erros que cometi na vida, pude compreender o que me levou a cometer tais erros e principalmente ver as consequências refletidas sobre mim e sobre as pessoas dos erros que cometi. Me veio a mente a recordação de amigos antigos como o Pipi e o Ernesto, descobri que gostava mais deles do que sabia. Depois mantive contato com as entidades que me acompanham nesta vida. Todos temos nossos guardiões independente de crer nisto ou não. Pude conversar com eles de uma forma que nunca antes eu havia conseguido. Eles me contaram muitas coisas, me ensinaram muito. Depois tive contato com outras entidades ainda não reencarnadas, mas que eu havia prejudicado numa outra vida antes desta. Pedi perdão a elas, disse que eu estava arrependido do mau que fiz a eles. Continuei a pedir perdão por horas, pois eram muitos. Foi então que vieram muitas entidades de pretos velhos, índios, caboclos e crianças. Eles me comprimentavam pegando na minha mão. Todos alegres pegavam na minha mão, depois me levaram com eles para o plano espiritual onde vivem. Tudo ficou mais leve agora, tudo estava melhor, eu estava em paz. Fiquei lá com eles um bom tempo, quase nem queria voltar de tão bom que é aquele lugar. Havia momentos em que voltava a pensar e neste instante um pensamento passava em minha mente: será se tudo isto é real mesmo? Então parava de pensar e minha estadia ali continuava normal. Quase na hora de voltar um beija flor de cores vivas, verde esmeralda e violeta brilhante chegou e ficou parado batendo suas asas bem na minha frente e disse na minha mente: Isto não é sonho, isto é real. Amanhã te darei provas de que tudo isto é real. Então voltei, assim de repente. Quando percebi estava de volta. Me lembrava de quase tudo, mas a cena do beija-flor ficou encravada em minha mente mais que as outras. Havia se passado uma noite toda, eu nem tinha percebido o tempo passar, o dia já estava amanhecendo e parecia ter passado apenas uma hora. Estava ainda deitado num cochonete, embora o corpo estivesse cansado, eu estava feliz e leve. De alguma forma um punhado dos carmas que tinha do passado foram quitados e não existiam mais. Uma leveza no corpo e na alma era o que eu sentia. Estava em paz e feliz. Cheguei a ficar envergonhado por no dia anterior ter pensado que ayahuasca era uma droga. Que poder tem a ayahuasca, ela é mesmo divina tal qual o Gideon Lakota e Genecilda me disseram.
Então levantei e fui ao banheiro. Lavei bem o rosto, molhei toda a cabeça, me enxuguei e pentiei o cabelo, e já bem acordado ao atravessar o patio da sede para ir na cozinha tomar um café, um beija flor de cores vivas igualzinho ao da visão, com penas verde esmeralda e violeta brilhante, veio e ficou paradinho batendo as asas bem na frente do meu rosto me olhando nos olhos. Me lembrei do que haviam dito em minha mente durante a visão:
“Amanhã te darei provas de que tudo isto é real.”

XI – O que gravei do Gideon Lakota naquela noite.
(Transcrição na íntegra)

Numa outra vez, noutro ritual, numa noite de lua cheia, todos da casa participavam e o Gideon Lakota, meu amigo Emiliano Dias Linhares também participou conosco. Fazia algum tempo que eu desejava gravar nossas conversas. Gideon Lakota em nossas vonversas sempre dizia coisas profundas, coisas que tocam a alma de quem ouve. Eu nunca havia pensado nas coisas que ele me falou em algumas de nossas conversas, por isto queria gravar algumas delas ao menos. Em Campos Emiliano já falava parecido assim, mas não tem como negar de que depois que conheceu ayahuasca ele despertou de vez. O céu estava estrelado e já era madrugada alta. Estávamos no final do trabalho. Ficou Gideon Lakota, Juarez e eu dando umas cachimbadas nas bordas de uma boa fogueira no terreiro da fazenda. Eu tinha um gravador destes de fitas e o coloquei no bolso de cima da blusa, Na verdade eu fiquei aguardando que o Gideon Lakota começasse a falar pra gravar as coisas profundas que ele fala. E de repende do nada ele começou. Todos nós ainda na força em volta da fogueira.
Liguei rapidamente o meu gravador e fiquei bem pertinho de Gideon Lakota para gravar direitinho.

“O que me disse Gideon Lakota nesta noite”.
“Gravação – Transcrição na íntegra”.

O homem de visão superior é aquele que anda no silêncio da mente, é aquele que caminha em contemplação. Por isto sabe que o mundo sofre devido apenas à incompreensão. São egos centrados, se ocupam em pensar/falar demais, por isto não ouvem, não observam e sendo assim, não aprendem.
A visão que cada homem tem do mundo é como uma digital, cada um tem a sua. Cada pessoa enxerga de uma forma única o mundo em que vive. Então ser capaz de compreender o mundo segundo a visão do outro é fundamental para que haja paz. Porque todos estão certos segundo o que enxergam. Num conflito entre duas nações ambas afirmam estarem apenas se defendendo, ambas afirmam que foram atacadas e agredidas primeiro e ambas negam terem atacado e agredido primeiro. Assim também é cada homem individualmente em seus relacionamentos e conflitos. Numa mesma situação apresentada a dois homens, um tomaria uma atitude de um jeito, outro tomaria uma atitude de outra forma. Contudo na mente de cada um deles a atitude que tomou é a correta segundo a visão que possui do mundo. Então o homem superior é aquele que é capaz de iniciar qualquer relacionamento admitindo que o outro está correto dentro da sua visão que possui do mundo. Só assim se entra no mundo de outro homem. Poder dialogar com ele dentro do mundo dele, é o melhor caminho para ajudá-lo. O homem superior é capaz de enxergar alem de si mesmo. Sabe que o outro só entenderá o que lhe for dito de dentro de seu mundo. Quando duas pessoas conversam e não se entendem, é porque ambas falaram somente do mundo de cada um e não de dentro do mundo do outro. Conseguir conversar de dentro do mundo particular do outro, exige que você compreenda primeiro o mundo dele. Assim saberá onde ele está travado, preso, enfraquecido e carente. Uma vez ciente disto você tem como ajudá-lo melhor. Assim age o homem superior, por isto o homem superior tem êxito. Porque agindo assim desenvolve-se uma relação perfeita e saber se relacionar é o segredo do êxito.
O homem superior sempre está ajudando em algo e por isto ele é sempre feliz. Sabe que o que fizer a outros estará fazendo a si mesmo. Ao ajudar alguém você o deixou feliz e também ficou feliz por ter ajudado. Assim sendo, o bem que fez a ele fez a si mesmo também. O homem superior sabe que isto aplica tanto em coisas boas como em coisas ruins, por isto o homem superior sempre faz o bem aos outros.
O homem superior sabe que tudo possui um começo, um meio e um fim. Que nada é permanente, que tudo muda. A única coisa imutável é a sua capacidade de viver focado no amor, ficar no paraíso e ser feliz ou ficar focado no medo, ficar no inferno e estar infeliz. Mas o mal que fez, pode e vai ser corrigido, é mutável e impermanente graças a DEUS. Demanda apenas de um pouco de tempo, de vidas, de algumas encarnações no máximo. Mas imutável e permanente é bondade que distribuir a outros, as boas ações que realizou. Deste mundo só levamos aquilo que distribuímos a todos e as boas amizades que fizemos. O homem superior sabe que onde estiver focada sua visão estará sua realidade. Se focada no amor criará o paraíso, se focada no medo criará o inferno. Só existem dois sentimentos, só dois: O amor e o medo. O homem superior sabe disto, sabe que todos os outros são apenas formas de expressão destes dois sentimentos. Tudo começa com pensamentos, palavras e atos. Pensou bem, falou bem e agiu bem, resulta em paraíso. Pensou mal, falou mal, agiu mal, resulta em inferno. O céu e o inferno você mesmo que escolhe onde deseja viver. O homem superior conhece a lei de Causa e efeito em uma amplitude maior e além do convencional de que o que fizer receberá de volta. A compreensão da lei de causa e efeito pouco entendida leva ao homem a fazer aparentemente boas coisas porque tem medo das conseqüências ruins que sobreviriam. Embora isto até tenha alguma valia o fato é que este homem viveu no medo. É fato que o que o homem pensar, falar e agir defini se viverá no céu ou no inferno. O catalisador entre o plano terreno e o plano espiritual, aquilo que faz dar liga entre ambos, é a coragem. Mas quem está vivendo no sentimento do medo ainda se recusa a deixar sua zona de conforto, apenas mascara de “bem” o seu pensar, falar e agir. O homem superior teve a coragem de deixar a zona de conforto e focar de fato a sua visão no sentimento do amor, por isto é autêntica a sua realidade. Por isto em verdade ele pensa bem; em verdade em fala bem; em verdade ele age bem.
O homem superior por viver no sentimento do amor, sempre faz o que é bom, sempre quer ajudar a outros. Por isto o homem superior tem a mente e o coração aberto a novos aprendizados para melhorar a si mesmo sempre. E neste trajeto ele começa a desenvolver a capacidade de transmutar tudo de negativo que receber. Ao invés de se negativar com o que recebeu, ele transmuta esta energia em positiva, se mantendo assim positivo. Se ao ser ofendido devolveu a ofensa, então não assimilou ainda a capacidade da transmutação. Um filtro recebe água suja e libera água limpa. Todos temos a capacidade de ser como o filtro. O homem superior aprendeu a ser um filtro. Na verdade o homem superior é o que é porque sabe quem é, conhece sua natureza. As diversas personalidades de muitas reencarnações passadas não é ele, a personalidade da encarnação presente também não é. O homem superior compreende aquilo que simplesmente é, que jamais foi criado e jamais deixou de existir.
O homem superior sabe que a sua personalidade presente desta vida é apenas a forma que escolheu para se manifestar adiante dos outros durante a experiência que escolheu viver no plano do relativo.
O homem inferior por outro lado, não conhece sua natureza ainda, vive experiências relativas no relativo, se mantêm no medo. Ainda não teve coragem de deixar a sua zona de conforto, de largar suas pedras. Vive em torno de como dar a última palavra, revidar mais forte ou agredir primeiro. A simples possibilidade de sair de sua zona de conforto, em geral já o faz reagir assim. Mas o que ele chama de zona de conforto deveria ser chamado de zona do inferno, porque o inferno que ele vive hoje, pensou ontem e o de amanhã ele está pensando hoje, pois ele foca o sentimento do medo, então pensa o medo, depois fala o medo e então age o medo, logo cria um pseudo refúgio conhecido como sua zona de conforto. E para preservar sua zona de conforto adota diversas formas de agir.
Alguns no inferno que criou para si sempre estão insatisfeitos, acreditam que sua felicidade virá somente com a aquisição daquilo. Uma vez que conseguiu obter aquilo, volta seu pensamento para o que ainda não possui. Sua mente está sempre no futuro, jamais no presente. O desejo do ter é o inferno.
E continuando, outros para manterem sua zona de conforto acreditam que para ser feliz precisa possuir mais do que o outro possui, ser mais do que o outro é. Basta alguém a sua volta estar bem, ou ter mais, ou melhor, para que ele se sinta mal. Sempre haverá alguém que estará melhor, possuirá mais e melhor!
O desejo do ter é o inferno.
E continuando, outros para manterem sua zona de conforto procuram ocupar cargos políticos e elevadas posições sociais. Em geral ocupam cargos de chefia e comando por serem detentores de títulos e diplomas. Vivem rodeados de subalternos bajuladores que almejam de fato é ocupar o lugar dele. Esta classe orgulhosa é como esponjas e sangue sugas que retiram tudo sempre para si mesmos, vivem pisando em outros. Passam por grande tribulação quando envelhecem ou perdem o emprego, pois tanto um quanto outro lhe tira a posição de destaque que acredita ser necessária para manter sua zona de conforto. O desejo do ter é o inferno.
Nenhuma zona de conforto pode resultar em felicidade verdadeira. Todas as zonas de confortos têm em comum a criação de tensões e disputas.
O homem inferior é aquele que acredita que o mundo já esta pronto, que por isto cabe a ele apenas se adaptar, por isto cria sua zona de conforto e é infeliz. O homem inferior não compreendeu que o mundo se altera a cada vez que olhamos para ele. Ele acredita que observa algo que já foi criado assim. Então para ele a criação de novas possibilidades ao se mesclar e fundir culturas diferentes, ciência de áreas diferentes, ocidente e oriente é besteirol, coisa irrelevante. O homem superior sabe, contudo, que o futuro ainda não aconteceu e está sendo criado no presente. Altera-se a cada vez que se olha pra ele e de acordo com a mente que o observa. Por isto o homem inferior é carente e infeliz, pois como vive no sentimento do medo, ao observar o futuro também o faz com medo e assim cria com a sua mente os obstáculos que são as impossibilidades. Por isto o homem superior é próspero e feliz, pois como vive no sentimento do amor, ao observar o futuro também o faz com amor e assim cria com a sua mente a transformação necessária para o que antes era um obstáculo.
O desejo do Ser é o céu!

Apêndice

Mais algumas informações sobre estudos e pesquisas científicas sobre drogas e os danos que causam nos seus usuários.

ORIENTAÇÃO METODOLÓGICA

O Informativo está dividido em três partes: na primeira fala-se sobre conceitos e definições do assunto abuso de drogas; na segunda parte, fala-se sobre os danos e lesões produzidos pelas drogas de abuso lícitas e ilícitas; por fim, na terceira parte há, em apêndice, ítens complementares ao libreto.
Nas descrições dos danos causados pelas drogas serão abordados os seguintes pontos: propriedades, alterações psíquicas e orgânicas, overdose, dependência química, tolerância, abandono de droga (estado abstêmio) e síndrome de privação.
Primeira Parte

1.1  Abuso de Drogas
Fica estabelecido, daqui em diante, que toda a vez que estivermos nos referindo à drogas de abuso, estamos falando de drogas lícitas e ilícitas. Drogas ilícitas são aquelas proibidas por lei. Exemplo: maconha, cocaína, etc. Drogas lícitas são as permitidas por lei, geralmente com finalidade médica, porém usadas com objetivos recreacionais. Exemplo: barbitúricos, anfetaminas, etc.
1.2  Terminologia em Abuso de Drogas
Qual a melhor designação? Adição? Toxicomania? Farmacodependência? Sem entrar em discussão sobre a adequação de cada termo, neste trabalho, adota-se a expressão dependente químico. No entanto, para encaminhamento do texto, usamos outros termos, como adição, drogado, etc.
1.3   Dependência Química
Diz-se que há dependência química quando, por uma série de fatores adquiridos ou constitucionais, alguns indivíduos adquirem uma personalidade tal que os torna propensos a recorrerem às drogas e ficam, portanto, susceptíveis de permanecerem dependentes delas (as drogas). É a chamada vulnerabilidade biológica. Na definição acima, fala-se de alguns indivíduos. Quer dizer, nem todas as pessoas são susceptíveis. O que está estabelecido é que para uma pessoa ser um dependente químico são necessárias três condições ou fatores: a predisposição adquirida ou hereditária, condições sócio-ambientais e a droga. Sem a conjugação destes três fatores não há dependência química. O dependente químico que ficar, por qualquer, em estado de abstinência, ele terá que conserva-lo a custo de uma rígida disciplina. Ele será sempre um dependente químico (em potencial) pronto à uma recidiva ao menor descuido.
1.4   Modalidades de Dependência Química
Esta pressupõe a existência de certas características podendo, então, ser de duas naturezas: dependência psíquica e física. Voltaremos a este assunto mais adiante.
1.5   Conceito de Droga
Quando falamos de drogas, fazemos referências a quê? Diz-se que droga é toda substância que, ao ser usada por um indivíduo, pode modificar o funcionamento do organismo numa intensidade variável. Por exemplo: quando alguém está com insônia uma dose de barbitúrico pode fazê-lo dormir. Neste caso a droga está sendo usada com fim terapêutico. Mas quando usada com objetivo recreacional uma droga lícita, mas usada ilicitamente e, neste caso, comporta-se como um tóxico. Porém, há droga de abuso sem nenhum fim terapêutico e que, então, é exclusivamente um tóxico. Exemplo: cola de sapateiro.
1.6   Drogas Leves e Pesadas
Os defensores da liberalização das drogas falam com freqüência em drogas leves e pesadas, tentando tornar livres para o consumo as drogas leves. Esta classificação se baseia no estado de dependência que se instala no usuário. A dependência, como já falamos, pode ser psíquica e física. A dependência psíquica é mais fácil de ser erradicada e as drogas que as determinam seriam então rotuladas como drogas leves e as que determinam a dependência física, de mais difícil libertação, seriam as drogas pesadas. Ora, esta classificação só vê uma parte do problema. Senão vejamos. A cocaína cria uma dependência psíquica, portanto deveria ser uma droga leve. No entanto, é uma das drogas que exercem ações devastadoras nos usuários. Pode então ser considerada uma droga leve? Parece-nos, portanto, não ter consistência tal classificação. Outra alegação em favor da liberalização das drogas vem a ser a capacidade criadora, artística, que algumas drogas favorecem nos usuários. A Dra. Nise da Silveira demonstrou a capacidade artística de psicopatas dando o nome de museu do inconsciente ao resultado de tal capacidade. Seria, então, o caso de desejarmos uma humanidade esquizofrênica para termos todo um mundo de artistas.
1.7    Dependência às Drogas
Já dissemos linhas atrás que há duas verdades de dependências às drogas: psíquica e física.
1.7.1   Dependência Psíquica
Não é fácil definir esta dependência.  Pode-se dizer, no entanto, que se trata de uma situação em que existe um impulso irrefreável no sentido de auto administrar-se uma droga para produzir o prazer ou evitar o mal-estar decorrente da ausência da droga (síndrome da privação). A dependência psíquica indica a existência de alterações da personalidade que conduzem ou favorecem a manutenção na dependência psíquica e apresenta os seguintes sintomas: tremores, ansiedade, palpitações e mal-estar, na ausência da droga.
1.7.2   Dependência Física
Certas drogas, quando são auto-administradas, modificam o funcionamento normal do organismo, determinando um novo estado de equilíbrio. O funcionamento orgânico passa a se fazer dentro das condições criadas pela droga. E isto se torna muito evidente quando se suspende subitamente o uso da droga. Aparece, então, uma série de reações, sobretudo orgânicas, que caracterizam a síndrome de abstinência. E todo o quadro então desenrolado na esfera orgância caracteriza a dependência física.
1.8    Síndrome de Abstinência
Quando um dependente químico deixa de usar subitamente uma droga, surge uma série de sintomas, mais ou menos graves que caracterizam (repetimos) a síndrome de abstinência. A síndrome é tanto mais acentuada quando a droga determina dependência física. Na síndrome de abstinência física determinada pela retirada da morfina num usuário, este passa a ter ansiedade, dores generalizadas, insônia, vômitos, diarréia, febre e alterações cardiovasculares. A síndrome de abstinência, pelos sintomas desagradáveis que determina, é um dos motivos que impedem que um drogado abandone a droga (reforço negativo).
1.9    Tolerância
É uma das características da dependência química. A tolerância leva o drogado a aumentar progressivamente a quantidade da droga auto-administrada, para que ela produza os efeitos desejados, por serem agradáveis. Se o usuário começa, por exemplo, a auto-administação com 400 mg de cocaína, esta quantidade vai aumentando até várias gramas por dia. Com os barbitúricos, a dose pode começar por i grama e subir até 05 a 10 gramas. A tolerância para uma droga pode valer para outra: é o que se chama de tolerância cruzada. Por exemplo: álcool e barbitúricos, opiáceos e anfetaminas.
1.10   Overdose ou Dose Excessiva
O dependente químico pode usar a overdose, conscientemente ou não, por vários motivos. Quando o dependente químico chega a um estado de degradação física e moral, ele vê na overdose, determinante de sua morte, uma solução para o impasse em que se encontra. Neste caso, é um verdadeiro suicídio, fato muito freqüente entre os drogados. Outras vezes ele se decepciona com a droga por não mais produzir os efeitos desejados e a solução é o suicídio. Há casos, no entanto, nos quais o drogado toma uma overdose inadvertidamente. Isto acontece, quando muda de fornecedor da droga que a vende com pouca mistura e, portanto, com maior quantidade de cocaína, de princípio ativo. Habituado a usar droga muito falsificada pela mistura com o pó de mármore, talco, etc. (há partidas que só contêm 20% de cocaína) o drogado utiliza uma overdose inconscientemente. Hoje está provado que não é só a overdose que pode matar o usuário pela morte súbita (por parada cardíaca). Um drogado usuário de cocaína por longo tempo pode, igualmente, morrer por parada cardíaca.
1.11   Ações e Efeitos das Drogas
Todas as drogas causam danos ou lesões no organismo humano como um todo, com sintomas dos mais variados. Todavia elas têm um é comum:  é a mudança de comportamento, da conduta. E, é exatamente esta mudança de comportamento expressão da própria personalidade, que nos oferece sinais muito claros para sabermos se determinada pessoa está abusando de drogas. Exemplo: um jovem que está abusando de droga tem um momento em que ele passa a modificar seu comportamento. Na aula deixa de ser atento, mostra-se sonolento (ou o contrário, hiperativo), cria problemas com colegas, relaxa na sua apresentação, no seu visual: cabelos despenteados, vestuário pouco adequado e queda do aproveitamento escolar. No lar, além do já descrito, ele aumenta o seu poder de contestação, reduz a sua comunicação com a família, modifica o seu horário de dormida, às vezes trocando o dia pela noite e abandona antigas amizades por novas que apresentam o mesmo comportamento. Exige aumento da mesada e passa a furtar objetos do seu lar para vender e conseguir dinheiro para a compra de drogas. Pode continuar com a sua conduta anômala e entrar na marginalidade ao passar a roubar o patrimônio alheio.
1.12   Atuação das Drogas Sobre o Sistema Nervoso Central
Esta ação caracteriza as drogas de abuso e são por isso chamadas de psicotrópicas e levam como conseqüência a criação da dependência. É importante que a auto-administração da droga seja seguida, rapidamente, quanto mais rápido melhor, da sensação de prazer, de euforia, ou seja, de recompensa, alívio de tensões, que veícule sensações de poder, de auto-transcendência ou ainda, como no caso dos alucinógenos de alterações do humor e da percepção (Graeffe). E um droga é tanto mais desejada quando ela reúne duas qualidades: a instantaneidade da ação com a simultaneidade da auto-administração. É o que constitui o “flash”. Um dependente químico incendiou a sua casa para concretizar  externamente o que se passava em seu interior pela ação da droga. Exemplo de droga com muitas destas qualidades: o crack.
2.1   Classificação das Drogas
A classificação das drogas é baseada nos seus efeitos no sistema nervoso central. Este é um ponto fundamental de referência e que tem levado pessoas a abusar das drogas pelas sensações agradáveis que proporcionam ao agirem sobre o aparelho psíquico. Ao lado, é claro, das sensações agradáveis (ou de recompensa), recreacionais, vêm as lesões e os muitos danos por vezes inarredáveis e irreparáveis. É, portanto, uma opção de risco calculado que alguém faz, ao abusar de drogas.
Adota-se neste libreto a seguinte classificação das drogas: excitantes, depressoras e alucinógenas. As drogas, no entanto, de acordo com a personalidade, o tempo de uso, as condições sócio-ambientais e a dosagem, podem ter mais de uma ação psicotrópica (atuação sobre o sistema nervoso central). Exemplo: a maconha. Pode ter ação excitante, depressora e alucinógena. Em virtude disto, então, a maconha é classificada pela ação mais freqüente, a depressora.
2.2    Exemplo
Exemplo de drogas depressoras: maconha, álcool, barbitúricos, solventes (ou voláteis), opiáceos (heroína, morfina, ópio) etc.
Exemplo de drogas excitantes: cocaína, anfetaminas, efedrina, crack, êxtase ou MDMA etc. Exemplo de drogas alucinógenas: LSD-25, mescalina, feniciclidina, cogumelos etc.
2.3   Classificação das Drogas Segundo sua Origem

2.3.1 Drogas usadas em estado natural: maconha, solventes (ou voláteis). Os solventes ou voláteis apesar de serem industrializados, são usados sem nenhum procedimento a mais.
2.3.2 Drogas semi-industrializadas: são assim chamadas porque o seu preparo utiliza processos muito simples, com tecnologia rudimentar e no próprio local onde são colhidas as folhas do vegetal que tem o princípio ativo. Exemplo: cocaína, Santo Daime, etc.
2.3.3  Drogas industrializadas: são as que exigem tecnologia apropriada para a sua obtenção. Exemplo: LSD-25, morfina, entre as ilícitas e todas as drogas lícitas (destinadas a uso médico). Exemplo: barbitúricos, anfetaminas, etc.
2.3.4 Drogas projetadas: são as drogas resultantes dos laboratórios de pesquisa do narcotráfico. Exemplo: speed-ball (mistura de cocaína com heroína), êxtase ou MDMA.
3-1   Classificação dos Consumidores
É um dos pontos mais fascinantes no estudo das dependências químicas. Nele está inserida toda a complexidade da pessoa humana: nos seus aspectos genéticos, em todo o processo da cognição e da influência sócio-ambiental etc. Porque ao abusar de drogas, toda a exteriorização da pessoa humana, que se faz através do comportamento, vai se alterar. Vamos recorrer à definição da personalidade de Bergeret para melhor esclarecer o que se quer dizer. Diz este autor: “uma personalidade é definida por determinado número de elementos estruturais estáveis, definitivamente estabelecidos, após o término da crise da adolescência” . Ora, o jovem começa o abuso de drogas na adolescência, em regra, e, como vimos, quando sua personalidade ainda é mutável, emboras certas estruturas pré-dependência possam permanecer. Daí o dependente químico pode tornar-se abstêmio a suposta cura e, então, terá que reestruturar a sua personalidade, inclusive com estruturas que sobreviveram ao “incêndio” . É por isto que alguns chamam esta fase de renascimento. Aqui, entretanto, é fundamental estabelecer uma diferença entre usuários de drogas e dependentes químicos. Os usuários de drogas o fazem, as mais das vezes, em virtude de um questionamento social ou sócio-doméstico. Diferente são os drogados que usam drogas em face da predisposição adquirida ou hereditária. Em uma palavra, são doentes, segundo a OMS. Por isto, quando, por qualquer metodologia, o drogado entra numa fase de abstinência, ele não se livra da predisposição que o levou a auto-drogar-se. A predisposição está intacta e pronta, novamente, a levar o dependente químico a quebrar o seu auto-controle e passar à recidiva. A recuperação, o estado de abstinência, é uma situação de permanente auto-disciplina. É a lei do tudo-ou-nada.

3.2    Balizados estes pontos, podemos classificar os consumidores em:
A) – Usuários:
1) Experimentadores
2) Usuários eventuais
3) Usuários racionais.
B) – Dependentes químicos.

A) Usuários
1) Experimentadores. Como é sabido, os adolescentes têm uma avidez pelo novo e são levados a experimentar uma droga, muitas vezes, em função deste sentimento. Podem não gostar, contudo, da experiência e o episódio se encerra com a primeira tentativa.
2) Usuários eventuais. São aqueles que resolvem repetir o uso da droga para um pouco mais adiante, abandoná-la.
3) Usuários racionais ou controlados. São pessoas que não têm predisposição ao abuso de drogas; não são, portanto, doentes, não têm a vulnerabilidade biológica às drogas, assim podem programar o uso das mesmas e não se tornarem dependentes. É um tipo de usuário pernicioso, porque passa a ser um parâmetro para os jovens ao se depararem com alguém que pode usar drogas sem ficarem dependentes. Embora estes usuários não fiquem dependentes não se pode descartar a possibilidade de certos danos decorrentes do consumo de drogas.
B) Dependentes químicos.
Já estão definidos quando se falou em dependência química.
4.1   Vias de Auto-administração de Drogas
É preciso de início, enfatisar que um dependente químico só usa droga por auto-administração. Mesmo quando se trata de uma injeção endovenosa é ele que se auto-aplica. É por isto que sempre falamos em  auto-administração. Parece que há um sentimento perto do ciúme, da parte do dependente químico, em relação à sua droga, que é tratada como uma espécie de namorada. É um dado psicológico muito interessante. A via de administração varia com o tipo de droga, contudo, existem drogas que possuem modos específicos de serem consumidas. A cocaína é a mais versátil, podendo ser usada por mais de uma via, é uma droga que produz redução do diâmetro dos vasos sangüíneos (vaso-contrição) e surge então necrose da mucosa nasal quando esta via é usada, indo até a perfuração do septo nasal. A via endovenosa é largamente usada para várias drogas. No entanto, pelo uso excessivo das veias, estas se esclerosam e, então, o dependente químico recorre à via hipodérmica em qualquer parte do corpo. Há usuários que utilizam as vias retal e vaginal. A maconha é fumada na forma de cigarros (baseados, dólares).
.1   A Procura Pelas Drogas
Os motivos podem variar com a faixa etária. Em regra, há sempre mais de um motivo, de uma causa atuante. Por isto, diz-se que o uso da droga é multifactorial.
5.1.1  Adolescentes
Entre estes, a busca da droga dá-se mais pela curiosidade, a atração do novo, a imitação, o desejo de participação. Nos colégios existem grupos fechados, sob forte liderança, e um adolescente desejoso de fazer parte do grupo aceita o uso da droga que é a condição indispensável. Adolescentes podem ser levados ao uso da droga pela capacidade de contestação ao “estabelecido” , às convenções, que é uma das características da idade. Segundo alguns autores, a família entra com grande contribuição, estimada com 80% na responsabilidade de um jovem passar a usar drogas.
Apesar de percentagens entre 20 a 30% de jovens que usam drogas somente em torno de 10% destes ficam dependentes, pois a maioria, que gira em torno de 90%, não possuem a predisposição ao abuso de drogas. Infelizmente não temos meios de saber se determinado jovem é um predisposto ao abuso de drogas e daí a necessidade indeclinável da educação preventiva. Quando muito temos os fatores de risco que podem sugerir que, talvez, determinada pessoa, possa vir a ser um dependente químico. Um dos fatores de risco mais comuns é a existência de alcoólatras na família.
Já nos adultos, os motivos podem ser diferentes dos adolescentes. Em face da vida estressante dos dias de hoje alguém pode precisar se valer de um comprimido, de um  relaxante, para ter um sono reparador que o predisponha a enfrentar mais um dia de luta. Muitas vezes, pela manhã, ache necessário usar um comprimido de um produto excitante para melhor desempenho em suas atividades. E assim, entre excitantes e relaxantes, vai o homem moderno caminhando vida afora.
6.1    Etapas de uma Dependência Química
Desde o momento em que um indivíduo entra em contato com uma droga, talvez o seu objetivo ansiosamente procurado, ele percorre uma séria de etapas que fazem parte da história natural de sua intoxicação.
1ª.  FASE. O início do processo da dependência química é pela auto-administração de drogas. A substância escolhida é, em regra, a que tem afinidade com o temperamento do drogado (equivalência  temperamental). É a fase da lua de mel onde a droga satisfaz todas as  expectativas do indivíduo e quando este ainda controla a situação.
2ª.  FASE. Neste período há dois marcos fundamentais: 1.): Instala-se a dependência química: viga mestra da toxicomania: 2.): o outro fato marcante refere-se ao mecanismo da tolerância, nem sempre presente.
3ª. FASE. Período conflituoso de aparecimento ou agravamento dos sinais ou sintomas psíco-físicos da auto-administração da droga e, quando esta, passa a ser dominante. Aqui configura-se o grande equivoco do drogado que vai buscar na droga liberdade para os convencionalismos e se depara, afinal, com uma dolorosa prisão. A droga já não é mais usada tanto para repetição dos efeitos agradáveis, recreacionais e, sim para evitar o sofrimento decorrente da falta da droga.
4ª. FASE. Neste período, muitas vezes, o dependente químico busca a saída ou a a literação da droga. Saída, no entanto, não fácil dentro de uma perspectiva feliz para o dependente, pois muitas ocorrências de natureza fatal podem se interpor. Exemplo: morte por infecções (AIDS, tuberculose, septicemia etc), por suicídio, por over-dose etc.
7.1   Destino de um Dependente Químico
Diz Olivenstein que o dependente é um melancólico e está sempre numa alternância entre a alegria e a depressão. No início a relação droga-drogado é perfeita. Porém as sensações agradáveis (e procuradas) artificialmente criadas pela droga, em determinado momento, começam a ter contrapartida com as desagradáveis, sobretudo, na sindrome de privação. Chegará um tempo em que a droga não corresponde mais da maneira esperada como no começo. pode, então, se iniciar um desencanto de onde podem sobrevir várias “saídas” .
A) O drogado, num esforço de reconstrução de sua personalidade, encontra reservas de vontade e abandona a droga;
B) O drogado usa a dose excessiva numa tentativa de devolver o prestígio à droga e morre em conseqüência;
C) O usuário morre em virtude de graves danos orgânicos oriundos da dependência. A cocaína, por exemplo, pode determinar infarto do miocárdio, parada súbida do coração etc.;
D) O dependente-químico abandona a droga pela extrema frustação com a mesma e apela para o suicídio.
8.1   Drogas e Suicídio
A súbita interrupção da vida pelo suicídio está seriamente inserida na dependência-química. Suicidar-se é uma maneira de alguém confessar que foi ultrapassado pela vida, que não pode compreendê-la. Ou então que não consegue realizar a vida idealizada. Do ponto de vista filosófico, o suicídio está estreitamente ligado a um sentido de vida. Não ter um sentido para a vida torna-se um encargo intolerável, e muitas vezes, o motivo para viver pode vir a ser um excelente motivo para morrer. O fato de ter sempre presente a idéia de morte, leva Charbonneau a dizer: “que ele, o drogado, tem uma espécie de fascinação pelo suicídio” . E as cifras do suicídio pelos dependentes-químicos confirmam este ponto de vista.
Pesquisadores da Universidade da Califórnia, impressionados com o aumento de suicídios em jovens, chegam a conclusão que mais da metade dos suicídios eram resultantes do aumento de consumo de drogas e álcool. No quadro abaixo, vê-se que há um aumento de auto-destruição em função do tempo de dependência-química, uma relação direta entre os dois fenômenos.
Tabela  1
Relação das Tentativas de Suicídios Segundo
a Antigüidade da Dependência-química

Tempo de Dependência-química
Número de Suicídios
Percentagem
Menos de Um Ano
20
11,5
Um a Dois Anos
34
19,8
Mais de Dois Anos
119
68,7
Total
173
100,0
Daremos, no quadro abaixo, uma idéia das drogas de uso mais freqüente, em Escolas do Rio de Janeiro, segundo autoridades na problemática do consumo de drogas:
Tabela  2
Drogas de Uso Freqüente em Escolas
do Rio de Janeiro em Percentual

Solventes
Ansiolíticos
Cocaína
Barbitúricos
Maconha
Carlini (1)
2,2
0,6
0,5
0,4
0,3
E.Lima (2)
0,2
0,9
0,1
0,9
0,5
(1) – Elisaldo Carlini e Al. da Escola Paulista de Medicina.
(2) – E. Lima do Instituto de Medicina Social da UERJ.
Tabela  3
O uso de drogas*  entre estudantes de 1º  e 2º  graus, na rede estadual de 10 capitais brasileiras, de 7 cidades do interior, e na rede particular de 4 capitais (1989), em porcentagem.

Rede Estadual das Capitais
Usuários
Ansiolíticos
Anti-co-
linérgicos
Anfetaminas
Barbitúricos
Belém
21,6
3,5
2,0
2,9
1,5
B. Horizonte
34,2
7,0
0,9
4,3
2,2
Brasília
24,0
7,5
0,4
3,6
2,1
Curitiba
20,7
6,0
0,7
3,2
2,6
Fortaleza
21,5
6,3
1,0
2,5
1,0
P. Alegre
24,2
10,4
1,7
6,4
3,0
Recife
28,8
8,6
0,5
2,9
1,5
R. Janeiro
29,3
10,1
0,7
4,2
2,2
Salvador
25,6
5,8
0,1
4,3
1,3
São Paulo
30,6
6,3
2,3
4,9
3,6
Total
26,1
7,2
1,0
3,9
2,1
Tabela  3 (Continuação)

Rede Estadual das Capitais
Cocaína
Maconha
Orexígenos
Solventes
Xaropes
Belém
0,2
2,9
1,9
13,8
2,7
B. Horizonte
1,0
4,4
0,7
27,5
1,5
Brasília
0,6
4,0
1,2
14,8
1,5
Curitiba
0,4
2,8
0,4
13,0
1,3
Fortaleza
0,2
2,6
1,7
13,8
0,3
P. Alegre
1,2
6,4
0,8
12,8
1,6
Recife
0,3
1,8
2,1
19,7
1,0
R. Janeiro
1,8
3,0
2,1
18,2
2,0
Salvador
0,4
1,6
2,9
17,6
1,2
São Paulo
1,2
4,7
1,8
21,9
2,3
Total
0,7
3,4
1,6
17,3
1,5

9.1    Como Agem as Drogas

Da evolução de explicação passional do drogado pela sua amada – a droga – tem-se hoje uma explicação científica baseada na bioquímica cerebral. Como se sabe as células cerebrais – os neurônios – guardam uma distancia entre si e nisto são diferentes das demais células do organismo humano. Entre elas há um espaço chamado sinápse. A comunicação entre os neurônios, para transmissão de mensagens ( ou impulsos nervosos) se faz por substâncias químicas chamadas neurotransmissores que atuam na sinápse, em formações existentes nos neurônios (receptor de membrana). Fala-se, então, que as drogas psicoativas, como por exemplo, a cocaína, podem modificar, significativamente, o funcionamento normal dos neurotransmissores daí decorrendo os danos e lesões produzidos pelas drogas. A figura n. 1 mostra como funciona o cérebro diante de determinado estimulo nervoso.
Um estimulo visual qualquer excita a zona visual (A) do cérebro com uma determinada ordem de apanhar, por exemplo, um objeto. No cérebro os neutransmissores levam a mensagem de uma região para outra. No caso citado, a ordem de pegar um objeto vai pelos neurotransmissores até a zona motora (B) que por sua vez, a envia à medula espinhal, onde outras células são estimuladas, atingindo fibras nervosas próximas à musculatura do braço. Os músculos, então, recebendo a ordem com a ajuda dos neurotransmissores,  movimentam-se cumprindo a mensagem originária do cérebro, que chega até às mãos que apanham o objeto. (Figura nº. 1)

Figura no1

9.2     As drogas depressoras, como os barbitúricos, podem atuar tanto sobre os neutransmissores como sobre certas células, retardando ou diminuindo o prosseguimento da mensagem, tornando os movimentos mais lentos. As drogas excitantes, como a cocaína, aceleram ou aumentam a atividade dos neurotransmissores, levando os mecanismos cerebrais a serem mais rápidos ou intensos. Já as drogas alucinógenas prejudicam a produção dos neurotransmissores e o funcionamento normal cerebral e, consequentemente, toda a ideação mental. Tanto no caso das depressoras como das excitantes, o longo uso das mesmas pode alterar toda a fisiologia da neuro-bioquímica cerebral.
Segunda Parte

1.1   Das Ações e Efeitos das Drogas

1.2 Das Drogas em Geral
A descrição que se segue das ações e efeitos das drogas referem-se aos usuários dependentes químicos. No entanto, é preciso que fique bem claro que as outras categorias de usuários – experimentadores, eventuais e racionais – podem ter reações, às vezes graves, pois há que levar em conta as variáveis personalísticas e condições sócio – ambientais que podem modificar as reações. Jamais esquecer que a dependência – química resulta da conjugação dos três fatores: personalidade, condições sócio – ambientais e o produto (a droga). O uso do primeiro cigarro de  maconha pode desencadear no iniciante um estado delirante.
2.1 Das Drogas Depressoras
2.2

Figura no2
Dirigindo Veículo sem Abusar de Drogas

Figura no3
Dirigindo Veículo Abusando de Droga
Depressora

2.2   Maconha

Figura no4
Figura no5
Plantação de Maconha
Cannabis Sativa
Usuário Fumando um baseado
2.3   Propriedades
Maconha (Cannabis sativa). A droga tem muitos sinônimos: marijuana, fumo de Angola, erva do diabo, diamba, etc. A droga tem a característica de produzir efeitos depressores, excitantes e alucinógenos no sistema nervoso central, dependendo da quantidade usada, do tempo de uso, da personalidade, etc. A maconha realiza estes diversos efeitos em  virtude de princípios ativos (terpenos). Estes princípios chamam-se canabinoides e o mais importante deles é o delta-9-tetraidrocanabinol ou abreviadamente THC. Varia o percentual deste  conforme a parte do  vegetal trabalhada: mais ricas em princípio ativo são as flores do pé feminino e as folhas deste em comparação com as do pé masculino. A folha da maconha comum contém de 1 a 3% de THC; 12 a 13% na variedade “sensemilla” .

2.3.1  Dose utilizada: difícil de calcular. Avalia-se que o usuário crônico fume 50 cigarros (baseados) por semana. Há informações de que uma amaricana fuma 10 baseados por dia. A falsificação da maconha para aumentar o lucro do narcotráfico é feita com esterco de gado bovino e  certas ervas que não modificam as qualidades organolépticas da maconha.

2.4     Alterações Psíquicas
Perturbações mentais agudas, desorganização temporal e ideação delusória. A maconha pode deprimir os estados de consciência e percepção e perturba as funções psicomotoras. Interfere na habilidade dos motoristas e, em vista da perda da noção espaço-tempo, pode ocasionar acidentes de trânsito. Em Quebec, em 58 acidentes com motoqueiros, 29 estavam sob os efeitos da droga. A maconha pode determinar a “síndrome amotivacional” quando o usuário perde o sentido da vida e torna-se indiferente ao seu progresso intelectual e, de modo geral, leva-o ao desinteresse à sua participação social. Os distúrbios psíquicos provocados pela maconha podem persistir por longo período após a eliminação da droga.
No entanto, o mais grave distúrbio psíquico provocado pela maconha é a esquizofrenia. Estudos de vários autores, sobretudo suecos, mostram claramente a capacidade desta droga em desencadear a esquizofrenia.
Diz uma autoridade nesta área de estudos que a maconha pode ter a mais forte relação com crimes violentos do que presentemente é admitido, assim como levar à morte seus usuários. Outro pesquisador do problema da maconha reforça esta opinião salientando a morte por maconha de adultos jovens.
2.5    Alterações Orgânicas
Lesões pré-cancerosas nos pulmões e mesmo câncer. A quantidade de benzopireno, agente cancerígeno, no fumo da maconha é maior do que no tabaco. A droga pode diminuir o fluxo de ar através as vias aérea respiratórias e aumento, nestas, da resistência a este fluxo. Nos fumadores crônicos há diminuição da resistência às infecções ([por lesão do sistema imunológico). Os doentes de AIDS usuários de maconha (e drogas de abuso em geral) têm agravada a sua incapacidade imunológica face às infecções. Na área sexual tem-se redução da produção de espermatozoides, e, nestes, aumento do número de espermatozoides anormais, portanto, incapazes para a reprodução. Todavia com o abandono da droga a espermatogênese volta ao normal. Nos homens há também redução da produção de testoterona e nas mulheres alterações na menstruação. Em comparação com mulheres usuárias de maconha durante a gravidez, as usuárias podem ter filhos com deficiência de peso e altura. No aparelho cardiovascular, pode haver aumento da pressão arterial e, portanto, nos hipertensos o uso da maconha é perigoso. Pode-se ver, igualmente, aumento da freqüência do pulso.

2.6   Dependência
A maconha cria a dependência psíquica.
2.7    Tolerância
No uso desta droga desenvolve-se, igualmente, a tolerância.
2.8   Dose Excessiva
(over-dose): não é conhecida.
2.9   Abandono da Droga
Para o drogado que, eventualmente, por qualquer motivo, queira  tornar-se abstêmio as maiores conseqüências além de insônia, serão ansiedade e hiperatividade, que podem durar de 24 a 72 horas. Em regra geral, os sintomas da sindrome de privação são de natureza oposta aos encontrados durante o uso da droga. Exemplo: como a maconha é depressora, pela suspensão dela, vamos encontrar  hiperatividade. Não há necessidade de nenhuma terapêutica ao passar para a abstinência.
3.1   Barbitúricos

Figura no6
Apresentação Comercial de Drogas Lícitas porém Usadas ilicitamente pelos Abusadores de Drogas.
3.2    Propriedades
São depressoras do sistema nervoso central. São drogas lícitas, porém usadas pelos dependentes-químicos com fins recreacionais e não terapêuticos. Encontram-se no mercado sob várias marcas comerciais: Liminal, Gardenal etc. Uso por via oral na forma de comprimidos em doses de 50 a 150 mg por dia. No ilícito, a dose eleva-se para 20 a 30 vezes acima da terapêutica. Ingerido juntamente com álcool, dá-se a potencialização da dose usada de barbitúrico podendo sobrevir a morte.

3.3   Alterações  Psíquicas
Sonolência, relaxamento. O quadro agrava-se com o aumento da quantidade da droga, surgindo fala pastosa, pálpebras caídas, torpor persistente,  diminuição da memória e da atenção, modificação do humor, leniência do caráter, irritabilidade,  manifestações agressivas em relação aos circunstantes, diminuição da afetividade e do senso ético, com redução da atividade social.  Num quadro crônico de dependente de barbitúrico, podem surgir episódios de excitação psíquica ao lado de confusão e onirismo.

3.4   Alterações  Orgânicas
Sinais de incoordenação motora, marcha instável. Com dose alta da droga, o drogado pode entrar em coma (pele fria, pressão arterial baixa, cianose, redução dos movimentos respiratórios e pulso pouco freqüente). A morte pode ocorrer por parada respiratória.

3.5   Alterações do Comportamento
Em face do efeito sobre o sistema nervoso central o barbitúricomano é pouco comunicativo, introvertido e mostra-se, em regra, sonolento.  O recém-nascido de mães usuárias desta droga podem apresentar sindrome de abstinência exteriorizada por irritabilidade. Seqüelas neurológicas, peso sub-normal e uma síndrome de morte súbita em recém-natos podem estar presentes.

3.6    Dependência
No uso dos barbitúricos encontra-se a dependência física.

3.7    Tolerância
Está  presente no caso de abuso desta droga.

3.8    Dose Excessiva
Não é conhecida.
3.9     Abandono da Droga. (ou Abstinência).
A intensidade e risco da síndrome de abstinência também pode variar muito dependendo das quantidades utilizadas. Os consumidores pesados podem ter insônia, perda de apetite, suores, náuseas, vômitos, agitação, hiperatividade, tremores, cãibras e abalos musculares. Situações mais graves incluem alucinações, delírio, aumento da temperatura corporal e convulsões simulando um estado de Delirium Tremens. A síndrome de abstinência dos barbitúricos deve ser acompanhada por médico.
4.1    Heroína

Figura no7
Papoula (Papaver Soniferum) – Do bulbo desta planta é extraído o ópio donde se deriva a Heroína
Derivada do ópio. Fármaco de grande poder tóxico (felizmente ainda pouco usado no Brasil), tida como a rainha das drogas de abuso. Apresenta-se como um pó que pode ser aspirado ou fumado. No entanto, a via de auto-administração preferida é a endovenosa. Todavia, quando as veias (em regra do antebraço) já estão esclerosadas, após largo uso, o dependente químico vale-se de injeções sub-cutâneas em qualquer parte do corpo.

4.2      Dose
Começa com 4 a 8 mg, porém a dose sobe rapidamente, atingindo a 450 mg.

4.3      Alterações no Psíquismo
Desenvolve um estado de intensa euforia que os drogados compararam a um orgasmo farmaecológico. A heroína (etil-morfina) cria por outro lado, “condições caloríficas e ambientais que fazem com que o usuário sinta-se como que num casulo, num banho de água morna e pegajosa, numa atmosfera semelhante ao útero materno, portanto arcaica e livre de toda a culpa e perigo e tudo isso passa-se num “flash” e, quanto mais rápido este surgir, maior a euforia do drogado” . Provoca ainda redução do apetite e do desejo sexual, dificuldade na fala, fugas das agressões, estado de vigília interrompido por devaneios, sonolência e dificuldade de concentração.

4.4    Alterações na Esfera Orgânica
Infecções nos lugares das injeções que podem complicar-se com gangrena, tuberculose, tétano e AIDS. A infecção aidética transmite-se entre os usuários de drogas injetáveis pelo uso comum de seringas. É considerado o grupo de risco com maior elevação de casos de AIDS. Fotofobia e congestão dos olhos, perturbações digestivas, desnutrição, perturbações circulatórias com tendência à lipotimia. É bom destacar as perturbações produzidas pela heroína, como a semi-paralisia dos membros inferiores, tremores e hiperestesia, secura da boca e constipação (prisão de ventre). E ainda miose acentuada.

4.5   Alterações no Comportamento
Depende muito das circustâncias: se isolados, os drogados tendem a ficar quietos, com sonolência, se acompanhados, podem ser falantes e mais ligados.

4.6    Dependência
O abuso de heroína acompanha-se de dependência física.
4.7    Tolerância
Sim
4.8    Dose Excessiva (ou Overdose)
Acima de 450 mg.

4.9   Síndrome de Privação
Pode ser muito intensa e, em regra, surge 10 horas após à última dose. O abandono da droga deve ser acompanhado por médico.
5.1   Solventes ou Voláteis

Figura no8
Jovem Aspirando uma Substância Volátil

5.2   Propriedades
As substâncias voláteis entram na composição de vários produtos tais como cola de sapateiro, cola de avião, esmalte de unha e um composto artesanal-cheirinho de Loló. Este produto é feito pelos usuários que não dispõem de recursos financeiros para comprar artigos industrializados. O cheirinho da Loló é feito, em regra, de álcool, éter e benzina; na variedade “binho”  usam também o ácido clorídrico.

5.3    Alterações na Esfera Orgânica
Asfixia, arritmia, depressão cardiovascular, irritação de pele, hepatite. O abuso de voláteis durante a gravidez está acompanhado de crescente morbilidade materno-fetal. Pode haver parto prematuro, retardamento do crescimento fetal e morte infantil. Porém as mais freqüentes e sérias alterações produzidas pelos voláteis se processam no sistema nervoso. Pode haver depressão do sistema nervoso central, encefalopatia tóxica aguda e crônica. Anormalidades na função cerebral e deterioração da memória. Sinais neurográficos de disfunção dos nervos periféricos. Pode haver, no uso crônico dos voláteis, atrofia cerebral irreversível. Observam-se ainda lesões na  medula óssea.
5.4   Alterações na Esfera Psíquica
Sensação de torpor, leveza e euforia. No abuso de doses maiores pode haver perda da consciência, excitação. Os efeitos iniciam-se, em regra, com o começo da inalação e perduram por 15-45 minutos depois que cessa a aspiração.
É preciso pensar aqui nos trabalhadores de indústrias de tintas que sofrem as conseqüências do manuseio de solventes muito tóxicos como tolueno, n-hexano, etc.

5.5   Dependência
Ainda não está provado que voláteis criem dependência.

5.6   Tolerância
Pode haver tolerância quando o abuso é regular e num tempo de 2 a 3 meses.

5.7    Dose Excessiva
Difícil de precisar.

5.8    Síndrome de Privação
Não é conhecida.
6.1  Das Drogas Excitantes

Figura no9
Dirigindo veículo abusando de drogas excitantes
6.2  Cocaína

Figura no10
Arbusto de Coca (Erythroxylon Coca) de
cujas folhas é extraída a Cocaína

6.3   Propriedades
É a droga que produz os mais numerosos e graves danos no usuário. É um amplo leque de lesões atingindo todos os aparelhos e sistemas orgânicos e também o psiquismo. A cocaína é extraída da folha da coca (Erythroxylon coca) e se apresenta sob a forma de um pó branco de sulfato ou cloridrato de cocaína. Esta droga é “cortada”  pelos traficantes com pó de mármore, talco ou qualquer substância que não altere as qualidades organolépticas da droga. Esta alteração é altamente rendosa e pode chegar à mistura de até 10 a 20% do princípio ativo. É excitante do sistema nervoso central.

6.3.1  Modos de usar
A auto-administração mais freqüente é a aspiração nasal. Como a cocaína diminui o calibre dos vasos sangüíneos (é vaso-constritora) isto acarreta a necrose da mucosa nasal e, às vezes, perfuração do septo do nariz. Outras vias de auto-administração: retal, vaginal e sub-cutânea. A via endovenosa rivaliza com a nasal na preferência dos usuários. Sob a forma da pasta-base  (fase ainda impura da cocaína), a droga pode ser fumada em cigarros chamados “bazuco” . Na variedade de crack, hoje de uso cada vez mais crescente, também pode ser fumada.
6.4   Alterações no Psiquismo
A cocaína, como excitante do sistema nervoso central, leva à euforia, “com tudo mais brilhante” , à auto-confiança e aumenta o apetite sexual.  Com a continuidade do uso e aumento das doses, instala-se a ansiedade. O usuário vai ficando cada vez mais falante, há um estado de vigília e a redução do apetite e da fadiga. A ausência da fadiga é o motivo porque, milenarmente, já os povos andinos pré-colombianos mastigavam a folha de coca em quantidade diária de, mais ou menos, 200 mg que, parece, não ter trazido danos. Com a continuidade do uso e simultâneo aumento das doses, pode instalar-se nos dependentes químicos um estado psicótico, tipo maníaco-depressivo, com alucinações tácteis, como vermes sobre a pele. Há também hipervigilância, enganos, desorientação e comportamento estereotipado. Neste estágio, e drogado pode recorrer à morte por overdose. Acidentes de toda a ordem, atitudes violentas, infecções, etc, também podem ocorrer.

6.5   Alterações Orgânicas

6.5.1  No sistema hemopiético, pode haver ativação das plaquetas sangüíneas.
6.5.2  Sistema nervoso. Ataques, aneurismas intracraneanos, malformações  artereovenosas, infarto cerebral e hemorragia sub-aracnoidéa. Convulsões agudas.
6.5.3  Área ginecológica. pode haver sérias complicações resultantes do uso da droga. Grávidas usuárias de cocaína têm com maior freqüência parto prematuro, placenta prévia, retardamento do crescimento fetal, aumento da incidência de peso menor fetal e também crescimento das taxas de nati-mortos. Vários estudiosos da problemática das drogas consideram uma séria situação de risco materno-fetal.
6.5.4 Aparelho circulatório. Neste aparelho vamos encontrar as mais variadas alterações decorrentes do abuso da cocaína. Estão sendo relatados: infarto do miocárdio, isquemia, parada cardíaca, morte súbita, arritmia, hipertensão, taquicardia, taquicardia sinusal e ventrícular, miocardite, cardiomiopatia, aumentadas espessuras do ventrículo esquerdo e do septo ventricular. Alterações eletrocardiográficas e do ecocardiograma. Ruptura da aorta ascendente. O abuso da cocaína determina um aumento da demanda de oxigênio porém, ao mesmo tempo, a droga impede que o coração receba uma maior quota de oxigêncio em virtude da contração dos vasos coronarianos. O uso simultâneo do álcool e cocaína ocasiona a formação no organismo de uma substância – o cocaetileno – elaborada pelo fígado, que está sendo apontada como grande responsável pela morte súbita por parada cardíaca. Outro conhecimento importante é que a overdose não é a única responsável por morte súbita do usuário. O uso crônico da cocaína também pode levar à morte súbita, em virtude da droga alterar as fibras musculares do coração.

6.6  Dependência
A cocaína cria a dependência psíquica.

6.7   Tolerância
Há o fenômeno da tolerância no uso da cocaína.

6.8   Dose Excessiva
A dose excessiva ou overdose deve andar em torno de 05 gramas.

6.9   Síndrome de Privação
Esta síndrome não traz preocupação e a sintomatologia da área psíquica desaparece entre 24 a 72 horas após a parada da droga.
7.1  Crack

Figura no 11
Mostra dois tipos de cachimbos de fabricação caseira
para fumar Crak e pedras desta droga.

7.2   Propriedades
O crack  resulta do aquecimento da cocaína com bicarbonato de sódio quando, então, é libertada a cocaína (que estava sob a forma de cloridrato ou sulfato de cocaína) quase pura – 90% de pureza – ao contrário da cocaína de rua que às vezes só contém 20% de princípio ativo. A cocaína assim libertada, por isto chamada “base livre” (free-base), se apresenta sob a forma de fragmentos ou pequenas pedras, de cor branca ou cinza-amarelada e vendida em pequenos recipientes plásticos ou pirex. Os de pirex poderão ser aproveitados para o consumo da droga. O crack é usualmente fumado em cachimbos apropriados, de pirex, ou então podem ser pulverizados nos cigarros de tabaco. O nome crack nasce de pequenos estalidos que se dão no forninho do cachimbo durante o ato de fumar.

7.2      A grande aceitação da droga (designed drug), que surgiu na década de 80, deve-se a vários intes: a) o crack é mais barato que a cocaína; b) a cocaína, ao ser administrada pelas vias tradicionais, tais como nariz, endovenosa, porém essa passa sempre pelo fígado. São trajetos não só longos e lentos como, ao nível deste órgão, há uma perda na quantidade auto-administrada em virtude de agentes oxidantes orgânicos. O crack,  no entanto, ao ser fumado passa rapidamente para o sangue através dos pulmões e atinge o cérebro em 06 a 10 segundos. Os efeitos nas áreas orgânicas e psíquicas produzidos pela droga são, em regra, os mesmos da cocaína, porém extremamente agravados e acrescidos em nocividade pelos motivos já expostos. No sistema nervoso central, em curto prazo e em quantidade expressiva, produz graves alterações na comunicação cerebral. Esta desregulação na bioquímica determina disfunções que podem ir até a morte, por paradas cardiorespiratórias.

7.3   Comportamento
A conduta do usuário de crack é profundamente modificada. Sabedor de riscos a que está exposto o usuário aceita e mergulha na drogadição. A violência e a marginalização são presentes no quadro profundamente anti-social desenhado pelo drogado e o crack por onde passa, deixa figurações de dor e de degradação moral.

7.4   Dependência
O crack, tal como a cocaína, cria dependência psíquica, porém em muito pouco tempo e, às vezes, em 06 dias.

7.5   Tolerância
Faz parte do abuso do crack.

7.6   Dose Excessiva
Ainda não é conhecida.
8.1   Anfetaminas

8.2   Propriedades
São drogas lícitas porém usadas ilicitamente porque, com finalidade não terapêutica. Vias de administração: via oral ou dissolvidos n’água para injeção endovenosa.
8.3   Alterações Psíquicas
Diminui a necessidade de sono. Este fato é utilizado pelos caminhoneiros que querem ficar dirigindo por 48 ou mais horas em permanente estado de vigília. Nos postos de venda de combustíveis as anfetaminas são vendidas sob o nome de “rebite” . Muitos acidentes devem ocorrer, visto que, uma vez caindo a quantidade de anfetamina no sangue circulante do caminhoneiro, este entra de imediato em sono, donde podem advir os acidentes de que falamos acima. As anfetaminas reduzem o apetite e a fadiga. Estes sintomas foram aproveitados na segunda guerra mundial. Tanto os exércitos aliados como as forças do chamado eixo Berlim-Roma, davam anfetaminas aos seus soldados para eles combaterem por horas seguidas sem sentirem fadiga ou sono.
O raciocínio do usuário de anfetamina acelera-se, a atenção aumenta, porém é dispersiva, a memória fica aguçada, há hiperatividade e o indivíduo torna-se loquaz. O uso prolongado da droga cria um estado de loquacidade e hiperatividade com a possibilidade do aparecimento de um franco estado psicótico de idéias delirantes de perseguição psicomotora e confusão mental (hipomania). Ao se injetarem endovenosamente anfetaminas o usuário pode sentir uma reação imediata que descreve como um “orgasmo por todo o corpo” (orgasmo farmacológico).

8.4   Alterações Orgânicas
Hepatites por inoculação e por toxicidade.

8.5   Doses Excessiva e Over-dose.
A dose terapêutica é em torno de 20mg, podendo ir pela tolerância até 500mg. Doses excessivas ou over-dose devem situar-se perto de 500mg.

8.6   Tolerância
A droga cria tolerância no usuário.

8.7   Dependência
Psíquica.

8.8   Síndrome de Privação
Faz-se sem maiores problemas.
9.1   Êxtase ou MDMA

9.2   Propriedades
É uma variedade de anfetamina, a chamada pílula do êxtase ou de amor, é extremamente tóxica.

9.3   Alterações Orgânicas e Psíquicas
Semelhantes às das anfetaminas já descritas, porém mais intensas. O MDMA pode provocar a morte, num quadro clínico onde há uma hipertermia fulminante, e desencadeia-se uma coagulação do sangue em todos os vasos sangüíneos.
10.1  Alucinôgenos

10.2   Propriedades
Os alucinógenos constituem um grupo de drogas, na sua maioria de origem vegetal, que modificam por completo a capacidade de ideação. Há modificações do curso do pensamento.

10.2.1   Dose
São as drogas mais potentes pois são usadas na quantidade de microgramas (milésimo do miligrama). LSD-25 que é a droga padrão do grupo, é utilizada na quantidade de 50 a 200 microgramas. Todas as substâncias oriundas de cogumelo (exemplo: psilocibina), de casto (mescalina), de animais (exemplo: bufotenima), de arbusto (exemplo: jurema) ou sintéticos (exemplo: LSD-25) têm aminas em sua composição. Em virtude deste fato elas desencadeiam no usuário uma sintomatologia semelhante.

10.3    Alterações Psíquicas
Como já foi dito há modificações no curso do pensamento. O indivíduo assiste, relativamente, consciente a um desenrolar quase automático de seu pensamento: as associações de ideias se fazem livremente, de maneira caprichosa, às vezes absurda. Os pensamentos estão relacionados com a imaginação do usuário e suas preocupações mais ou menos  conscientes o que explica a freqüência dos temas cósmicos, morais e culpabilizantes do adolescente.

10.3.1  Na boa ou má viagem (estas significando o período em que o usuário está sob o efeito da droga) há uma dependência com as condições sócio-ambientais, das aquisições sócio-culturais e do que o usuário pretende que se desenrole na alucinação. Se o uso da droga faz-se com uma prévia preparação de conteúdo místico ou não, em ambiente de retiro, a viagem será sempre boa. Os adeptos da seita do Santo Daime realizam uma antes de ingerir o liquido alucinatório (ayahuasca). A má viagem decorre do uso da droga efetuar-se em ambiente tumultuado e rico, às vezes, de paixões e sentimentos negativos. Outro aspecto interessante é que dependendo dum ambiente impróprio, a droga pode não produzir efeito alucinatório; há como que um bloqueio.
10.3.2  O LSD-25, a droga  padrão do grupo, foi obtida sinteticamente por um químico suíço que, acidentalmente, ingeriu uma quantidade diminuta da droga e teve uma experiência de vida inédita que comunicou ao mundo científico. Registra-se um fato preocupante: mesmo após a parada do uso da droga, há um fenômeno de ação retardada (flash-back), que se traduz pelo desencadeamento de um estado alucinatório que pode ter conseqüências graves.

10.4   Alterações Psíquicas
Com uma dose de 300 a 500 microgramas de LSD-25, pode haver alucinações de várias naturezas: modificações na avaliação espaço-tempo, sensações, sobretudo na má viagem, de deformação do corpo, libertação do pensamento, que toma cursos dos mais diversos. O campo visual é que fica mais enriquecido ou envolvido: de simples pontos luminosos à elaborações coloridas extraordinárias, assumindo uma verdadeira explosão colorida, onde tudo fica transfigurado; é o espetáculo psicodélico de influência nos costumes e nas artes. Ao lado das alucinações também podem surgir ilusões, isto é, os objetos externos aparecem alterados em sua forma com intensificação das cores e contornos iridescentes, muito intensos. Os sons (se intensificam – hiperacusia). As alterações de ânimo, do pensamento e, sobretudo, da percepção causadas pelos alucinógenos, assemelham-se às verificadas na esquizofrenia. Outro fato muito curioso é o da sinestesia onde os sons têm cores e estas apresentam sonoridade. O uso da droga pode deixar como conseqüência estados psicóticos que, às vezes, necessitam tratamento especializado.

10.5   Alterações Orgânicas
Sensação de frio intenso, certa instabilidade psicomotora, suor, midriase, dor de cabeça, taquicardia, aumento de pressão arterial, salivação e aumento da temperatura corpórea.

10.6   Dependência
Os alucinógenos criam um estado de dependência psíquica.

10.7    Tolerância
Está presente no abuso destas drogas.

10.8    Dose Excessiva
Não é conhecida.

10.9   Síndrome de Privação
A droga  pode ser retirada sem maiores problemas.

11.1   Os alucinógenos naturais têm mecanismo de ação e efeitos semelhantes ao do LSD-25 (cuja fórmula química é dietlamida do ácido lisérgico). São usados, sobretudo, nas culturas estáveis, nas cerimônias propiciatórias, na iniciação dos jovens, etc.
Bibliografia

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2-)  Reynaud, M.: As Toxicomanias. Tradução de Zilda Barbosa Antony. Editora Andrei. 1987.
3-)  Olivenstein, C.: A Vida do Toxicômano. Tradução de Vera Ribeiro. Editora Zahas Editores. 1982.
4-)  Olivenstein, C.: A Droga. 3ª. Edição. Editora Brasiliense. 1988.
5-)  Sangirard Jr.: O Índio e as Plantas Alucinógenas. Editora Alhambra. 1983.
6-)  Graeff, F.G.: Drogas Psicotrópicas e seu Modo de Ação. 2ª. edição. Editora E.P.U.
7-)  Murad, J,E.: O que as crianças devem saber sobre Drogas.
8-)  Masur, J. e Carlini, E.: Drogas. Subsídios para uma Discussão. 1ª. Edição. Editora Brasiliense. 1989.
9-)  Mendonça, J.M.: Toxicomanias. Texto não publicado. Organizado para o Curso de Plantonistas do CVV. 1990
Material Extraído da Internet

Gideon dos Lakotas

Fundador e idealizador da obra Céu Nossa Senhora da Conceição, materializou esta maravilhosa obra que trouxe tantos benefícios para a humanidade.
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